Em troca de mensagens antes de espancamento, amiga de agressor diz que Victor Meyniel pedia vinho e a estava ‘irritando’

Amiga de Agressor Desabafa sobre Comportamento do Ator Victor Meyniel

Karina de Assis apresentou à polícia uma troca de mensagens entre ela e Yuri pouco antes de discussão que acabou com espancamento de ator — Foto: Editoria de Arte

No dia em que ocorreu o trágico espancamento de Victor Meyniel, a médica Karina de Assis Carvalho, amiga do agressor Yuri de Moura Alexandre, expressou seu descontentamento com o comportamento do ator em mensagens de texto. As conversas, que foram obtidas pelo GLOBO, revelam um ambiente tenso antes do incidente, com Karina expressando irritação com Victor. Neste contexto, a médica pediu a Yuri, que havia saído do apartamento para tentar convencer o ator a sair, que retornasse, alegando que Victor a estava perturbando.

Karina de Assis Carvalho permaneceu na sede da polícia por quase quatro horas, prestando depoimento sobre os eventos que levaram ao espancamento de Victor Meyniel. Segundo a médica, na manhã do incidente, Yuri e Victor estavam em seu apartamento, depois de saírem de uma festa em Copacabana. Ao chegar em casa, Karina se deparou com os dois na sala e, após algumas interações desagradáveis com Victor, decidiu se recolher ao seu quarto para tomar um banho.

Durante aproximadamente duas horas, Karina alega ter enfrentado a “deselegância” e o comportamento “debochado” de Victor, que invadiu seu quarto em três ocasiões diferentes. No primeiro desses incidentes, ela estava nua após o banho, e mesmo após se cobrir com um edredom, Victor permaneceu no quarto. Em um momento posterior, ele afirmou ter trazido comida para Karina, que não havia solicitado.

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Às 7h43, Karina pede que Yuri volte e relata que Victor está em seu quarto — Foto: Reprodução

A médica tentou convidar Victor a se sentir à vontade em sua casa e expressou seu desejo de dormir. No entanto, Victor reagiu de maneira desafiadora, afirmando que ela não tinha o direito de lhe dar ordens. Posteriormente, Victor tentou entrar em seu quarto, que estava trancado, e bateu insistentemente na porta. Essa situação levou Karina a sair do quarto e confrontar o ator.

Karina diz a Yuri que Victor a está “irritando” — Foto: Editoria de Arte/Reprodução

Ao ser confrontado por Karina, Victor questionou se ela sabia falar inglês, devido à série que estava assistindo estar dublada. Karina explicou que estava assistindo à versão dublada por cansaço e pediu que Victor deixasse seu quarto. Ela, então, pediu a Yuri que retornasse ao apartamento, alegando que Victor a estava irritando.

Em uma reviravolta, Victor perguntou se Karina havia ordenado a Yuri que o retirasse do apartamento. A médica alega que Yuri interveio nesse momento, lembrando a Victor que a casa era de Karina e que ele deveria sair. O estudante conseguiu expulsar o ator do apartamento e fechar a porta, mas Victor retornou para recuperar seu tênis, o que levou a uma confrontação mais intensa.

Yuri reiterou várias vezes que Victor deveria sair, e o ator respondeu com ameaças, afirmando que a vida de Yuri nunca mais seria a mesma e questionando se ele sabia com quem estava lidando. Esse momento tenso foi um prenúncio do que viria a acontecer na portaria do edifício momentos depois.

A defesa de Victor Meyniel, representada pelos advogados Maíra Fernandes e Ricardo Brajterman, esperava um depoimento favorável de Karina de Assis Carvalho, dado o relacionamento de amizade entre eles. No entanto, os advogados alegam que a verdade é clara e que o depoimento parcial da médica não justifica o cruel espancamento sofrido por Victor, conforme evidenciado pelas imagens das câmeras de segurança do edifício.

Entendendo o caso em sua totalidade, Victor Meyniel foi agredido após uma festa em Copacabana por Yuri de Moura Alexandre, que o convidou para sua casa. A presença de Karina na residência teria desencadeado a discussão que culminou no espancamento. Yuri foi preso preventivamente e enfrenta acusações de injúria por preconceito, lesão corporal e falsidade ideológica. O porteiro do prédio também foi autuado por omissão de socorro.

A agressão a Victor Meyniel foi registrada pelas câmeras de segurança da portaria do edifício, revelando a atitude inerte do porteiro diante das agressões. A demora em prestar socorro gerou indignação e levantou questões sobre a ética profissional do porteiro. As circunstâncias do incidente estão sob investigação, e Yuri de Moura Alexandre, caso seja condenado, pode enfrentar uma pena de até 11 anos de prisão.

Esta não é a primeira vez que Victor Meyniel foi vítima de homofobia, o que levanta a possibilidade de que sua orientação sexual tenha desempenhado um papel no incidente. O agressor teria questionado publicamente a sexualidade de Yuri na portaria do prédio, desencadeando uma discussão que resultou em violência física. A defesa de Yuri argumenta que sua identidade sexual não foi ocultada, referindo-se ao fato de que ele já foi casado com alguém do mesmo sexo, e que ele está sendo injustamente acusado de homofobia.

Quanto à acusação de lesão corporal, a defesa de Yuri de Moura Alexandre não nega as agressões, mas argumenta que o exame de corpo de delito não identificou lesões que resultassem em incapacidade, perigo de vida ou debilidade permanente. A complexidade do caso continua a ser investigada, com diferentes perspectivas sobre o que motivou o trágico episódio e suas consequências legais.