Marília Mendonça: Polícia Civil encerra inquérito e responsabiliza pilotos pela queda da aeronave; caso é arquivado

Acidente aéreo em Minas Gerais em 2021 resulta na atribuição de culpa aos pilotos da aeronave que vitimou a cantora Marília Mendonça e outros quatro passageiros.

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Por Clayton Lima Nitro News Brasil 04/10/2023

No fatídico mês de novembro de 2021, um trágico acidente aéreo na região Leste de Minas Gerais chocou o Brasil, ceifando a vida da renomada cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas, incluindo os pilotos da aeronave. A Polícia Civil de Minas Gerais, após minuciosa investigação, atribuiu a responsabilidade pela queda da aeronave aos próprios pilotos, que também foram vítimas fatais do acidente. Devido à impossibilidade de punir os responsáveis, o caso foi oficialmente arquivado.

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Na quarta-feira (4), as autoridades anunciaram as conclusões do inquérito que analisou a tragédia que abalou o cenário musical brasileiro. O avião, que levava a equipe de Marília Mendonça, caiu em Piedade de Caratinga, desencadeando uma série de questionamentos sobre as circunstâncias que levaram à queda.

O delegado de Caratinga, Ivan Lopes, encarregado do caso, revelou que a investigação revelou evidências de negligência e imprudência por parte do piloto, Geraldo Medeiros, e do copiloto, Tarciso Viana. Uma das principais falhas apontadas foi a ausência de contato com outros profissionais antes do pouso no aeródromo, que era desconhecido pelos pilotos. Essa falta de comunicação representa uma violação das práticas padrão nesse tipo de procedimento.

As autoridades policiais classificaram o ocorrido como homicídio culposo, caracterizado pela ausência de intenção de matar, e triplamente qualificado devido à negligência e imprudência dos pilotos. No entanto, a punição tornou-se impossível com a morte dos dois tripulantes.

A defesa do piloto Geraldo Medeiros, representada pelo advogado Sérgio Alonso, contestou veementemente as conclusões da Polícia Civil de Caratinga, argumentando que estas careciam de fundamentação nas provas do inquérito e prejudicavam a reputação dos pilotos. Alonso alegou que o acidente ocorreu devido à instalação de uma rede de alta tensão pela empresa Cemig, que não havia sido devidamente sinalizada no aeródromo de Caratinga.

O advogado destacou que a Cemig seguiu recomendações do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e do Departamento de Controle Aéreo (Descea), realizando a sinalização após o acidente. Ele argumentou que, se essas medidas tivessem sido tomadas previamente, o acidente poderia ter sido evitado.

Em resposta, a Cemig afirmou que atendeu às solicitações da Cenipa e do Comando da Aeronáutica em caráter excepcional, enfatizando a falta de fundamento legal e técnico para as recomendações, conforme reconhecido pelas instituições envolvidas.

Marília Mendonça morreu no auge de sua carreira, em novembro 2021 — Foto: Divulgação

Em maio do mesmo ano, o Cenipa já havia divulgado um relatório que descartava a possibilidade de falha mecânica na aeronave, atribuindo parte da responsabilidade ao piloto, cuja avaliação foi considerada inadequada e contribuiu para o acidente. O Cenipa, contudo, não tinha o papel de apontar a autoria, mas sim de colaborar na prevenção de futuros acidentes.

O relatório também apontava que os cabos de alta tensão estavam fora do campo de visão dos pilotos, uma vez que estes estavam focados na pista de pouso. Além disso, os equipamentos de energia eram pouco visíveis na vegetação circundante, dificultando a percepção a longas distâncias.

As investigações esclareceram que não havia necessidade de sinalização na estrutura, uma vez que a linha de transmissão estava fora da zona de proteção do aeródromo e das áreas de aproximação ou decolagem, com altura inferior a 150 metros.

Mesmo assim, em 1º de setembro, a Cemig instalou uma esfera de sinalização em uma torre de distribuição, onde o avião bimotor acabou colidindo. A decisão foi tomada como resposta a recomendações excepcionais do Cenipa e do Comando Aéreo, apesar da falta de fundamento legal e técnico reconhecida pelas instituições.

Pilotos e técnico da Cenipa colhem pistas do avião que caiu causando a morte da cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas — Foto: Carlos Eduardo Alvim/TV Globo

No fatídico dia 5 de novembro de 2021, a aeronave decolou regularmente do Aeródromo Santa Genoveva, em Goiânia (GO), às 16h02min, com autorização para realizar táxi aéreo. A equipe voava em direção a Caratinga, onde Marília Mendonça se apresentaria naquela noite.

A tragédia, que resultou na perda irreparável da cantora, do piloto Geraldo Medeiros, do copiloto Tarciso Viana, do produtor Henrique Ribeiro e do tio e assessor da artista, Abicieli Silveira Dias Filho, foi atribuída ao politraumatismo contuso, de acordo com a Polícia Civil, que agora encerra o caso com o arquivamento, uma vez que os responsáveis não podem mais ser responsabilizados.