“Não Vamos Pagar Nada” filme da Tela Quente foi criado a partir de peça italiana “Non Si Paga, Non Si Paga!”. Filme traz humor e crítica social
A carreira de João Fonseca sempre esteve ligada ao teatro. Começou como ator e, logo em seguida, passou a dirigir peças de sucesso, incluindo musicais como “Cazuza – Pro dia nascer feliz” e “Tim Maia – Vale tudo”. Desde 2013, ele está no comando da sitcom “Vai que cola”, uma das maiores audiências do Multishow. No cinema, no entanto, ele ainda é um estreante.
“Não vamos pagar nada”, primeiro filme dirigido por Fonseca, estreou na semana passada, com exibição em poucas salas de cinema já reabertas ao redor do Brasil (nenhuma em Pernambuco).
Filme “Não Vamos Pagar Nada” foi produzido pela produtora Fábrica de Paulo Gustavo a mesma que produziu o “Vai que Cola”
Com produção de A Fábrica (mesma produtora do ‘Vai que cola’) e coprodução da Globo Filmes, o longa-metragem tem roteiro de Renato Fagundes. A inspiração é a peça “Non Si Paga, Non Si Paga!”, escrita pelo italiano Dario Fo (Prêmio Nobel de Literatura em 1997) em 1974. O convite para Fonseca dirigir a adaptação, segundo ele, veio por conta do seu DNA teatral.
“Acho inacreditável que ninguém tenha trazido antes esse texto para o audiovisual. O pessoal da Fábrica teve essa sacada de fazer um outro tipo de comédia, sociopolítica e meio absurda, como a de Dario Fo. Eu tive a sorte de ser chamado”, comenta o diretor. O elenco reúne nomes que já trabalharam com Fonseca, como Samantha Schmutz, Marcos Caruso, Flávia Rios e Leandro Soares, e outros que pela primeira vez foram dirigidos por ele, como Edmilson Filho e Flávio Bauraqui.
Para Samantha, a sintonia entre os atores só fortaleceu o filme. “A prática e a intimidade são essenciais nesse trabalho, principalmente porque ele é muito baseado no jogo do ator. São poucas locações, com quase tudo feito em estúdio e muito texto. Então, era necessário que um pegasse a bola do outro e só fizesse gol”, afirma.
Segundo Marcos Caruso, a preparação para as filmagens – que ocorreram no ano passado – envolveu um processo mais comum ao teatro do que ao audiovisual. “Antes de iniciar as gravações, a gente passou uma semana só lendo e ensaiando o roteiro todo, como se fosse uma peça, para que quando a gente chegasse no set já soubesse o que fazer”, revela. O cantor Criolo realiza uma participação, interpretando um funcionário de supermercado. Ele e Samantha ainda gravaram a música “Gente”, de Caetano Veloso, marca o final do longa, bem ao estilo Bollywood, com os personagens dançando em cena.
A personagem central da comédia é Antônia, vivida por Samantha Schmutz. Sem conseguir emprego, ela vive maus bocados para sustentar a casa apenas com o pequeno salário do marido, João (Edmilson Filho). Ao fazer as compras do mês, fica inconformada com os preços abusivos cobrados pelo novo dono do supermercado e, sem querer, acaba liderando um motim. Após saquear a loja junto com os outros fregueses, ela precisa se virar para esconder o roubo do esposo e dos policiais.
Com bom humor e em um tom farsesco, a trama aborda temas como a fome e o desemprego. É impossível não traçar paralelos entre a ficção e a vida real dos brasileiros, que nos últimos meses convivem com a alta dos preços de alimentos básicos. “Foram feitas poucas adaptações da peça para o filme. Foi preciso fazer algumas cenas que no original são só narradas e tirar referências que eram muito italianas. Mas o assunto em si não mudou nada. Muitas falas estão praticamente na íntegra, para se ter uma ideia da atualidade da obra”, revela Fonseca.
Fonte: Diário PE