Podcast do jornalista Chico Felitti tornou história chocante de escravidão conhecida em todo o país. Casa tem atraído turistas e curiosos
Quem passou parte dos últimos dias navegando por redes como Instagram e Twitter certamente se deparou com uma das novas obsessões dos fãs de podcasts e casos de crimes reais: a história da Mulher da Casa Abandonada. O podcast, de autoria do jornalista Chico Felitti, investiga a história de uma personagem excêntrica que vive numa mansão abandonada em Higienópolis, um dos bairros mais ricos de cidade de São Paulo, e tem chocado o público com atualizações semanais.
A mulher da casa abandonada é se apresenta como Mari e vive sozinha na casa, onde é vista com roupas largas e sujas, além de uma uma camada grossa de creme branco no rosto. A mulher não tem uma convivência amigável com os vizinhos e costuma mostrar incômodo com movimentações em frente sua casa, como podas de árvores ou carros estacionados no local. Protagonista do caso chocante, Mari é, na verdade, Margarida Bonetti.
Margarida Bonetti e seu marido, Renê Bonetti, foram acusados de manter uma mulher em condições de escravidão, nos Estados Unidos, depois de terem recebido a vítima como presente. Em 1979, o casal se mudou para os EUA e levou uma mulher brasileira para trabalhar com eles. Quase 20 anos depois, os dois foram acusados de forçar a mulher a trabalhos forçados, diante de agressões e sem direito a salário e auxílio médico, dentro outros.
Pelo caso, Renê Bonetti foi condenado e preso nos EUA, mas Margarida voltou para o Brasil, foragida. Enquanto Renê pegou seis anos e meio de prisão e teve que pagar uma indenização de US$ 110 mil para a vítima, Mari ficou foragida do FBI e voltou para o Brasil. Durante o julgamento, a vítima declarou que sofria abusos físicos e psicológicos variados nas mãos da patroa, que arrancava seus cabelos quando ficava nervosa. Em um dos episódios, Mari chegou a jogar uma panela de sopa quente no rosto da vítima, que era obrigada a trabalhar das 6h às 22h.
Antes de ser entregue ao casal, a vítima já trabalhava para a família de Margarida desde a adolescência, e só foi resgatada quando vizinhos e membros de uma comunidade católica próxima descobriram o caso. A mulher foi encontrada com um tumor quase do tamanho de um melão e não sabia nem mesmo dizer a própria idade.
Durante os anos 2000, Margarida voltou para o Brasil e foi morar na casa de seus pais, onde cresceu. Depois que a mãe falece, em 2011, a mansão deixou ser cuidada e ganhou os traços de casa abandonada que tem hoje.
Com a popularização da casa e da personagem, por meio do podcast, o local tem sido atração para turistas e curiosos que vão até a casa para tirar fotos, fazer vídeos e, para os mais ousados, encontrar novas informações que possam contribuir para a investigação do caso.
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