‘Porta da esperança’, ‘Topa tudo por dinheiro’ e ‘Show do milhão’ estão na lista
Com quase 60 anos de carreira, a história de Silvio Santos, que morreu aos 93 anos neste sábado, é um pouco a história da TV brasileira. E a história de todos os brasileiros que passaram pelos anos 1980 e 1990. Quem não brincou de “qual é a música”, se emocionou com “a porta da esperança” ou se imaginou pegando um aviãozinho de dinheiro do “Patrão”, como ele era chamado nos palcos do SBT?
Abaixo, listamos alguns dos programas mais famosos do apresentador.
Show de calouros
De 1977 a 1996, artistas talentosos — e outros nem tanto — tomaram coragem de subir no palco de Silvio Santos e encarar o carismático corpo de jurados do “Show de calouros”, um dos maiores sucessos da carreira televisiva do apresentador. Atração do “Programa Silvio Santos” (espécie de “guarda-chuva” dominical que reuniu vários quadros e, posteriormente, programas de auditórios com temas independentes), o show começou a ser exibido antes mesmo de “o patrão”, como muitas vezes era chamado no ar, ser dono do SBT. Começou transmitido pela TV Paulista, depois passou pela Record (emissoras que comercializavam faixas horárias) até se estabelecer definitivamente no SBT no início da década de 1980.
No palco, o esquema era semelhante ao de muitos programas do rádio. Artistas se apresentavam e os jurados avaliavam a performance. Aracy de Almeida, Décio Piccinini, Nelson Rubens, Sônia Lima, Flôr, Pedro de Lara, Wagner Montes — e Elke Maravilha, incorporada à bancada depois da morte de Chacrinha — foram alguns dos jurados eternizados no programa.
Qual é a música
Maestro Zezinho e Pablo. Quem acompanhou a carreira de Silvio Santos há de lembrar desses importantes personagens de “Qual é a música”, outro hit do apresentador. Game show inspirado no programa americano “Name that tune”, o quadro fez parte do “Programa Silvio Santos” em diversas fases: de 1976 até 1991; de 1999 a 2002, em 2005 e entre 2007 e 2008.
A de maior sucesso, porém, foi a primeira, quando a competição era acirrada entre artistas como Ronnie Von, Nahim, Sílvio Brito e Gretchen. O jogo consistia em colocar cantores, duplas ou grupos para disputarem uma série de jogos ligados ao universo musical.
Porta da esperança
“Vamos abrir as portas da esperança”. Bordão clássico de Silvio Santos, essa frase antecedeu a mudança de vida de muita gente. O programa de domingo, no ar entre 1984 e 1996, consistia em tentar realizar sonhos. As pessoas mandavam cartas com pedidos mil: de bens materiais, tipo um instrumento musical, ao encontro com um artista — ou um parente desaparecido.
O programa produzia um VT sobre a história do participante e, depois da exibição, era a hora do “milagre”. Quando a porta se abria, o desejo podia estar lá ou não. E a audiência se emocionava, por bem ou por mal.
Em nome do amor
Se hoje as plataformas de streaming apostam muitas de suas fichas em reality shows de relacionamentos, Silvio Santos já via potencial no tema desde os tempos da TV de tubo. Inspirado no “The Dating Show”, programa americano criado, nos anos 1960, pelo lendário produtor Chuck Barris, Silvio trouxe a ideia de “juntar casais na televisão” para o Brasil em 1979. O quadro “Namoro na TV” ficou no ar no “Programa Silvio Santos até 1988.
Depois, em 1994, o formato ganhou nova roupagem com o “Em nome do amor”, exibido semanalmente aos domingos até 2000. Homens e mulheres ficavam em lados opostos do palco, olhando-se por um binóculo. O apresentador, então, propunha uma dança, e as duplas se formavam. O tempo da música era o tempo da conversa e de decidir que resposta o casal daria para a pergunta de Silvio: “é namoro ou amizade?”
Quem falava “namoro” ganhava flores e um jantar. Quem falava amizade ia para a repescagem e a dinâmica se repetia.
Topa tudo por dinheiro
“Quem quer dinheiro?” Está aí outro bordão inesquecível de Silvio, que o soltava antes de jogar aviãozinho de dinheiro para a plateia do “Topa tudo por dinheiro”, programa que ocupou as noites de domingo do SBT entre 1991 e 2001.
O programa tinha uma série de jogos com a plateia — as chamadas caravanas —, sempre, claro, valendo uma grana. Outro momento de sucesso eram as “câmeras escondidas”, que consagraram atores como Ivo Holanda, Ruth Romcy e Carlinhos Aguiar.
“Topa tudo por dinheiro”, por diversas vezes, chegou a “brigar” com a TV Globo pela liderança da audiência no horário, vencendo o “Fantástico” em alguns momentos.
Show do milhão
O programa de perguntas e respostas cujo prêmio máximo era R$ 1 milhão foi uma febre nacional. Exibido a partir de 1999, ficou no ar até 2003 sob o comando do apresentador. O sucesso do formato foi tão grande que, na época, foram lançados jogos de computador e videogame com a marca — e com a voz de Silvio.
A dinâmica era simples e as perguntas, nem tanto. Cada questionamento valia uma quantia de dinheiro que aumentava à medida que o participante passava de fase. Eram três rodadas, num total de 15 perguntas. Na primeira rodada, cada uma das cinco questões valia R$ 1 mil. Na segunda, R$ 10 mil. Na terceira, R$ 100 mil. A última fase guardava o grande prêmio de R$ 1 milhão. Um erro em qualquer momento do jogo era cruel: perdia-se todo o dinheiro acumulado.
Só uma pessoa, durante a apresentação de Silvio, acertou a pergunta do milhão. Foi o bancário aposentado Sidiney de Moraes, do Mato Grosso do Sul. Ele respondeu corretamente “em que dia nasceu e em que dia foi registrado o Presidente Lula”. A resposta era “6 e 27 de outubro”.