Chacina em Camaragibe: Mortes podem ter sido vingança devido à morte de policiais

Suspeito teria trocado tiros com policiais, resultando em uma sequência de assassinatos que chocou a cidade.

Quatro dos oito mortos após tiroteio em Camaragibe: PM Eduardo Roque (em cima à esquerda), PM Rodolfo José (em cima, à direita), Alex Silva (embaixo, à esquerda) e Ágata Ayanne (embaixo, à direita) — Foto: Reprodução/Internet

Uma série de eventos trágicos e violentos abalou a cidade de Camaragibe, no Grande Recife, na última sexta-feira (15). Tudo começou após uma suposta abordagem policial que tomou um rumo terrível. Embora os agentes tenham chegado ao local encapuzados, foi claramente percebido por meio de um vídeo que se tratavam de policiais, não pelo rosto, mas pela forma que seguravam as armas. Logo após, um dos homens assassinados questionou o motivo da presença deles, sugerindo que não estavam ali a passeio. O que se seguiu foi ainda mais alarmante: um homem encapuzado mandou a vítima calar a boca, proferindo palavras ofensivas. É importante notar a maneira como o homem encapuzado se dirigiu à vítima, forçando-a a encostar na parede, a erguer as mãos e a colocá-las na cabeça. Essas ações são frequentemente associadas a ações policiais, levantando suspeitas de que a suposta abordagem tinha um propósito sinistro.

Logo em seguida a essa trágica interação, cinco membros da mesma família foram mortos, incluindo uma mulher grávida. Entre as vítimas estava a mãe do suspeito, Alex Silva, que, por sua vez, foi morto em outra abordagem policial violenta com troca de tiros durante as investigações.

O pesadelo começou na noite de quinta-feira (14), por volta das 21h, quando dois policiais militares foram mortos em uma troca de tiros. Além dos PMs, uma grávida e um adolescente também foram atingidos e seguem hospitalizados no Hospital da Restauração, no Recife.

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Os eventos subsequentes aterrorizaram ainda mais a comunidade de Camaragibe. Por volta das 2h da madrugada seguinte, três irmãos foram baleados por homens encapuzados no mesmo bairro. Agata Ayanne da Silva, de 30 anos, e Amerson Juliano da Silva e Apuynã Lucas da Silva, ambos com 25 anos, foram vítimas dessa violência inesperada. Agata e Amerson perderam suas vidas no local do crime, enquanto Apuynã foi socorrido e levado para o Hospital da Restauração, no bairro do Derby, no Recife, onde infelizmente veio a falecer.

A transmissão ao vivo dessas tragédias pelo Instagram, feita pela irmã de Alex Silva, Agata Ayanne da Silva, chocou a todos. As imagens mostraram dois homens encapuzados e armados se aproximando das vítimas, instaurando o terror na comunidade.

Horas após esse terrível acontecimento, por volta das 11h da manhã, a Polícia Militar localizou o suspeito Alex Silva em Tabatinga. Uma troca de tiros ocorreu, e Alex Silva foi fatalmente ferido, perdendo a vida no local. A suspeita é de que ele tenha sido o responsável pela morte dos policiais militares na noite anterior.

Além dos membros da família Silva, a mãe de Alex, Maria José Pereira da Silva, e uma outra mulher foram encontradas mortas em um canavial no município de Paudalho, na Zona da Mata Norte. As autoridades estão investigando se o corpo encontrado é o da esposa de Alex Silva, aumentando ainda mais o mistério que cerca esses trágicos eventos.

Os policiais mortos no confronto inicial foram identificados como o soldado Eduardo Roque Barbosa de Santana, de 33 anos, e o cabo Rodolfo José da Silva, de 38 anos. Ambos serviam no 20º Batalhão da Polícia Militar e estavam em uma ocorrência em busca de suspeitos de crimes quando a troca de tiros ocorreu, resultando em suas mortes.

Soldado Eduardo Roque (à esquerda) e cabo Rodolfo Silva (à direita) — Foto: Reprodução/WhatsApp

A comunidade está atônita diante da sequência de eventos violentos que abalaram Camaragibe. A transmissão ao vivo da tragédia, a relação entre os assassinatos e a morte dos policiais, juntamente com a investigação em curso, têm gerado muitas perguntas sem respostas. Até o momento desta reportagem, a Polícia Militar, a Polícia Civil e a Secretaria de Defesa Social (SDS) não responderam às perguntas sobre as execuções dos irmãos e os desdobramentos dessa tragédia que assolou a cidade de Camaragibe. A comunidade espera por respostas e uma investigação rigorosa para entender o que levou a esse ato de violência extrema que deixou o Grande Recife em estado de choque.