Filipe Toledo derrota Italo Ferreira e conquista pela 1ª vez o Mundial de surfe

Depois de bater na trave nos últimos anos, surfista de Ubatuba passa por Italo Ferreira na finalíssima da WSL em Lower Trestles, Califórnia (EUA)

Um novo rei está coroado no surfe! Depois de longa espera e batidas na trave, Filipe Toledo é o grande campeão mundial, com uma vitória indiscutível sobre Italo Ferreira na decisão do WSL FInals, em Lower Trestles, na Califórnia (EUA). Ele venceu as duas primeiras baterias e não precisou de uma terceira para levantar o troféu. Antes do fim, já chorava copiosamente dentro da água.

Filipe Toledo comemora título mundial do WSL Finals 2022 — Foto: Thiago Diz/World Surf League

É o sexto título brasileiro na história e o primeiro de Filipinho, após três de Gabriel Medina e um de Adriano de Souza e do próprio Italo. Toledo havia perdido a final no mesmo local em 2021. Ele mora com a família e surfa regularmente na mesma onda em que alcança a consagração aos 27 anos, após nove temporadas na elite.

O surfista fez a melhor temporada da carreira e dominou o circuito por toda a campanha. Foi campeão em Bells Beach e Saquarema, este com direito a um 10 na final. Filipe já havia ficado entre os quatro melhores do mundo nas últimas três temporadas.

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Italo chegou em Trestles como quarto no ranking. Precisou passar por Kanoa Igarashi (Japão), Ethan Ewing (Austrália) e Jack Robinson (Austrália) para alcançar a final. A energia estava diferente – e as entrevistas durante o dia mostravam um surfista com sangue nos olhos. Mas era a vez de Filipinho.

Filipinho fez 15,13 a 14,97 na primeira bateria, com emoção até o último minuto. Na segunda, a decisiva, o placar foi de 16,50 a 14,93, com uma onda surfada pelos dois ao mesmo tempo, cada um para um lado, que definiu o confronto.

Filipe Toledo levanta o troféu de campeão mundial pela primeira vez — Foto: Flávio Dilascio

Primeira bateria: Filipe Toledo 15,13 x 14,97 Ítalo Ferreira

Com o mar mexido, Filipinho começou decidido a resolver cedo a bateria. Fez 7,50 na primeira onda, com belas rasgadas, e 6,50 na segunda. Isto porque caiu e viu a prancha voltar no seu rosto, em lance que assustou o público, mas sem consequências. Ítalo buscou as esquerdas e conseguiu um 6,00 na segunda onda.

Com 15 minutos no relógio, Filipinho foi somando manobras em uma onda média e levou 7,63. Na sequência, Italo fez um 8,00 e voltou para a bateria, mas ainda precisava de 7,13 para virar. Pegou uma direita com 11 manobras, espremendo até o fim, mas ficou com 6,97. Na reta final, Toledo tinha a prioridade e marcou bem o adversário.

Segunda bateria: Filipe Toledo 16,50 x 14,93 Italo Ferreira

Ao contrário da primeira bateria, a segunda começou equilibrada, com Ítalo construindo suas notas desde os primeiros momentos. Fez 6,33 já na segunda onda, enquanto Filipinho conseguiu um 5,17 e um 5,67 na sequência. Na terceira onda, maior e com mais parede, Toledo rasgou diversas vezes e conquistou um 7,83.

Ítalo respondeu com um 4,90 na sua quarta onda e entrou nos últimos dez minutos precisando de um 7,18. Foi então que os dois surfistas pegaram a mesma onda, cada um para um lado. Italo, para a esquerda, deu dois aéreos e uma rasgada, levando 8,60. Filipinho, para a direita, deu várias rasgadas e fez 8,67. Com isso, Ítalo precisava de 7,91 no último minuto. Não foi desta vez.

O caminho de Italo até a final

 

Italo Ferreira 13,37 x 11,83 Kanoa Igarashi
Uma briga intensa para pegar a primeira onda marcou o início da bateria. Italo reclamou do posicionamento de Kanoa. Os juízes reviram as imagens e consideraram que não houve interferência. Foram 15 minutos até a primeira onda surfada. O campeão olímpico abriu a bateria em uma onda de tamanho médio, mas conseguiu encaixar três manobras para tirar 4,33 pontos. O japonês respondeu e chegou a ficar na liderança com um 5,00 e um 6,83, apresentando uma boa variedade de manobras. Só que Italo encaixou um aéreo gigante para a direita, tirou 8,17 pontos e passou a liderar. O brasileiro ainda pegou mais uma onda com seis manobras para conseguir 5,20 pontos e aumentar a vantagem. Kanoa esperou uma onda perfeita para tentar a virada, mas a bateria chegou ao fim com vitória brasileira.

Italo Ferreira 13,10 x 11,83 Ethan Ewing
Contra Ewing, Italo foi logo dando as cartas e nos primeiros minutos de bateria já colocou o adversário em combinação com um 6,00 e um 6,83. O australiano sentiu o golpe e teve muita dificuldade para se achar na série, tentando sem sucesso um aéreo. O campeão olímpico ainda melhorou sua segunda nota para 6,27. Ewing só acordou nos últimos minutos da bateria, mas já era tarde.

Italo Ferreira 16,10 x 13,30 Jack Robinson
O campeão olímpico manteve o ritmo contra Jack Robinson e deu um show de aéreos. Italo foi crescendo a cada onda: 5,33 pontos, 5,83 pontos e 6,27 pontos. O australiano tentou aéreos sem sucesso. O brasileiro continuou melhorando suas notas e colocou o adversário em combinação com um 7,00 e um 6,70. Só nos minutos finais Jack Robinson conseguiu uma boa direita, mas Italo respondeu também com uma direita na onda seguinte. As notas só saíram após o fim da bateria: 8,70 para o australiano e 8,77 para o brasileiro, confirmando a vaga na final contra Filipinho.

As baterias do WSL Finals

 

  1. Brisa Hennessy (CRC) 14,33 x 14,76 Stephanie Gilmore (AUS)
  2. Italo Ferreira (BRA) 13,37 x 11,83 Kanoa Igarashi (JAP)
  3. Tatiana Weston-Webb (BRA) 14,87 x 15,30 Stephanie Gilmore (AUS)
  4. Ethan Ewing (AUS) 11,83 x 13,10 Italo Ferreira (BRA)
  5. Johanne Defay (FRA) 10,53 x 16,83 Stephanie Gilmore (AUS)
  6. Jack Robinson (AUS) 13,30 x 16,10 Italo Ferreira (BRA)
  7. Carissa Moore (HAV) 0 x 2 Stephanie Gilmore (AUS)
  8. Filipe Toledo (BRA) 2 x 0 Italo Ferreira (BRA)