Vereador do Rio usou o plenário para se defender e desafiou alguém a provar qualquer acusação contra ele
RIO — O vereador do Rio Gabriel Monteiro, acusado de estupro e assédios sexual e moral, classificou como “experimento social” um vídeo, vazado nesta quarta-feira, em que ele afirma que “tem que matar gay”. Entre as acusações sobre o ex-PM também está a de forjar os vídeos publicados em suas redes sociais.
— Saiu um vídeo meu dizendo: ‘Tem que matar gay, tem que ter raiva de gay’. Mas, o intuito do vídeo é um experimento social contra a homofobia. É claro que estou combatendo a homofobia. É evidente que existe uma pessoa no ponto comigo — reconheceu Monteiro, explicando o motivo. — Orientava para falar certas frases para ver se a pessoa tinha um pensamento distorcido, se era homofóbica, para eu chegar.
Uma vez identificada a pessoa “homofóbica”, Monteiro entrava em ação.
— No vídeo fica evidente que tem gente que é homofóbica e eu vou lá e desconstruo na democracia os argumentos dela. Tinha gente que dizia que gay é do diabo, que passa doença, que tem que ser expulso do Brasil — disse. — Pensamentos babacas e e a gente fez um experimento social, como inúmeros quadros e canais no YouTube fazem.
Não é criado pelo Gabriel Monteiro. Vão distorcer tudo o que fiz durante os três anos.
O ex-PM não compareceu ao depoimento marcado da Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM), mas foi até a Câmara, se defender em plenário. O depoimento está remarcado para hoje. Ele desafiou a provarem que ele cometeu qualquer delito.
— Me acusaram de 13 coisas, e não encontraram nada. Eu estava com escuta na minha casa, câmeras possivelmente e não pegaram nada que sou corrupto, que sou estuprador. Não tem adjetivo para qualificar essas pessoas que estão usando essas mulheres. Não encontraram nenhuma prova até agora — e desafiou. — Eu faço um desafio aqui agora para qualquer pessoa. Seja vereador, repórter, cidadão ou até mesmo a suposta vítima. Pode me interpelar a hora que quiser. Me interroguem com câmera que vou provar toda essa covardia. Eu não vou desistir da luta contra a máfia dos reboques.
Em sua fala, Gabriel Monteiro chamou de covardia os ataques que têm sofrido.— Eu vou explicar para os senhores a covardia que estou sofrendo. Primeiro que, para me atacar, estão expondo inúmeras mulheres. Inocentes, vítimas, que não fazem parte de política. Olha o nojo. Quem tem filha aí? Pensem na filha de vocês sendo expostas por causa de ataque político? — questionou.
Ele destacou que está sendo perseguido pela “máfia do reboque” e finalizou destacando que vai destruí-la a todo custo.
— Todo mundo sabe que não só a mão, o braço, o corpo todo, que a máfia do reboque está dentro disso — disse o político, que completou:
— Impressionantemente sempre quem publica os vídeos, em primeira mão, é o Rafael Sorrilha. Empresário que eu prendi por ter tentado me corromper com R $50 milhões. A covardia é tão grande que foram diversos HDs roubados na minha casa. Entendam como eles são perversos. Como eles vão distorcer a realidade — afirmou Gabriel Monteiro.
Outros discursos
Antes do discurso de Monteiro, Felipe Michel (Progressistas) acenou, de forma tímida, positivamente a Gabriel Monteiro. Ao fazer o uso da palavra, Michel tratou o youtuber como um “filho”, mas disse que ficaria “triste” se algo for provado
— Olho que tudo o que tá acontecendo e ali enxergo e falo “como se fosse um filho meu”. Nunca queremos que aconteça nada de errado com um filho nosso. Não estou aqui para te julgar ou te condenar em nada. A gente sabe que você é uma pessoa do bem. Se você errou ou não, você sabe e Deus sabe. Disse que não passaria a mão na cabeça, como faz com o filho. Se tiver errado, não tem jeito — afirmou Michel.
Já o vereador Reimont (PT) rebateu:
— O direito à defesa é sagrado, mas é dever do parlamento averiguar todos os fatos, até para o bem de Gabriel Monteiro. Não adianta se defender aos milhões de seguidores, é preciso dizer ao povo da cidade e a todos que pensam diferente de nós — disse Reimont.
Na saída do plenário, Monteiro não atendeu os jornalistas e saiu da Câmara antes mesmo do fim da sessão.
Fonte: O Globo