Ministro Gilmar Mendes estende decisão do STF que declarou Sergio Moro suspeito em processos da Lava Jato
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou todas as condenações impostas ao ex-ministro José Dirceu no âmbito da Operação Lava Jato. Condenado pelo então juiz Sergio Moro em 2016, Dirceu enfrentava uma pena que somava 23 anos de prisão por corrupção passiva, recebimento de vantagem indevida e lavagem de dinheiro. Com a decisão, Gilmar Mendes estendeu os efeitos do julgamento da 2ª Turma do STF, que já havia declarado Moro suspeito em processos contra o ex-presidente Lula, anulando também as condenações de Dirceu.
Dirceu, ex-ministro da Casa Civil durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foi preso pela primeira vez em 2018. A prisão foi executada após o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) negar por unanimidade seu último recurso e foi autorizada pela juíza substituta Gabriela Hardt. Desde então, Dirceu passou por uma série de prisões e solturas devido a novas condenações e habeas corpus concedidos pelo STF.
- Prisões e Liberações: Em maio de 2018, Dirceu foi detido, mas acabou solto em junho do mesmo ano após decisão da 2ª Turma do STF. Já em 2019, foi novamente preso, desta vez com pena de 11 anos e 3 meses, em um processo relacionado à corrupção na Petrobras. A nova decisão de Mendes, solicitada pela defesa de Dirceu, pode encerrar definitivamente os processos decorrentes dessas condenações.
A decisão da 2ª Turma do STF sobre a parcialidade de Moro
Em março de 2021, a 2ª Turma do STF havia reconhecido a parcialidade de Sergio Moro ao conduzir a Ação Penal nº 5046512-94.2016.4.04.7000, mais conhecida como o processo do tríplex do Guarujá, atribuído a Lula. O colegiado apontou pelo menos sete fatores que indicavam falta de isenção do ex-juiz, incluindo a troca de mensagens entre Moro e membros da força-tarefa da Lava Jato, que questionavam a conduta imparcial do magistrado. Com o entendimento de parcialidade, todas as ações e sentenças de Moro foram consideradas comprometidas.
- Efeitos das anulações: Esta decisão já beneficiou diretamente Lula e agora se estende a Dirceu, marcando um novo entendimento do STF sobre as condenações na Lava Jato. A defesa de Dirceu argumentou que os processos contra ele também eram politicamente motivados e solicitou a mesma extensão da decisão para anular as condenações do ex-ministro.
Defesa de José Dirceu celebra a decisão
Assim que a decisão foi confirmada, a defesa de Dirceu, representada pelo advogado Dr. Roberto Podval, divulgou uma nota à imprensa comemorando o desfecho. No texto, a defesa afirma que a anulação das condenações de Dirceu restabelece seus direitos políticos e denuncia que as ações teriam como verdadeiro objetivo atingir Lula. Abaixo, a íntegra do comunicado:
“O ex-ministro José Dirceu recebeu com tranquilidade a decisão do Supremo Tribunal Federal que anula todas as condenações da operação Lava Jato que incidem contra ele. A decisão, que restitui seus direitos políticos, entende que os processos contra Dirceu tinham por objetivo real atingir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que demonstra a quebra de parcialidade das ações.
A anulação atende ao pedido da defesa do ex-ministro, que solicitou a extensão da decisão da 2ª Turma do Supremo que considerou parciais as decisões da Lava Jato e do ex-juiz Sergio Moro nos casos que envolvem o presidente Lula. José Dirceu sempre confiou na Justiça.”
- Implicações para a Lava Jato: A decisão pode impactar outros réus da Lava Jato cujas condenações foram conduzidas por Moro e questionadas por imparcialidade. O movimento para revisar sentenças da operação continua gerando debates e levanta questões sobre a solidez das condenações contra políticos e empresários.