Quatro linhas do Metrô da capital ficaram fechadas até 7h. Elas começaram a operar parcialmente depois desse horário, devido à greve dos metroviários. Houve filas e aglomerações nas estações e pontos de ônibus, além de muita reclamação de usuários com compromissos marcados.
Usuários de metrô foram surpreendidos pela greve dos metroviários no início da manhã desta quarta-feira (19). Quatro linhas do Metrô de São Paulo estão operando parcialmente nesta manhã, devido à paralisação da categoria, prejudicando diversos usuários que precisavam ir ao trabalho ou cumprir compromissos pessoais no início do dia.
A Emanoele estava com a filha na cadeira de rodas. Ela saiu do Campo Limpo, na Zona Sul, pegou o trem da linha 5-Lilás e chegou na estação Santa Cruz da Linha 1-Azul, mas não sabia que a linha estava paralisada pela greve (veja vídeo abaixo).
“É difícil porque a gente fica naquelas se vai ou não vai porque depois para conseguir remarcar a consulta demora mais ainda. Mas infelizmente não tem o que fazer, tenho de ir de qualquer jeito, não posso deixar de ir. Vou ter de pegar dois ônibus sozinha com ela”, disse a mãe da criança.
“Não informaram nada, disseram que estava difícil o acesso e quando cheguei aqui disseram que não tem como. Corre o risco do oxigênio acabar. Não tenho nem noção de que horas vou conseguir chegar. Ela está esperando há um ano para fazer um exame e precisa passar por um consulta antes”, completou.
As estações das quatro linhas ficaram fechadas até 7h, funcionando apenas em alguns trechos após esse horário linhas abaixo:
- Linha 1-Azul – funciona entre as estações Ana Rosa e Luz;
- Linha 2-Verde – funciona entre entre Alto do Ipiranga e Clínicas;
- Linha 3-Vermelha – funciona entre Bresser-Mooca e Santa Cecilia;
- Linha 15-Prata – Totalmente fechada.
Vários usuários também não sabiam da greve e se depararam com os portões fechados nas estações.
“Não sabia, porque até ontem estava funcionando normal e não tinha nenhum aviso. Me surpreendeu quando eu você falou que não ia abrir e o tanto de gente que vi também [na porta]”, afirmou um senhor que aguardava na frente do portão fechado de uma estação da linha 1-Azul.
Um outro senhor se revoltou. Ele disse que não soube da greve porque trabalha de madrugada e vai para a cama bem cedo para dormir e estar descansado para o trabalho no dia seguinte.
“Nós que trabalhamos de madrugada, a gente chega em tarde 4h, 6h da tarde e vai dormir para acordar cedo para trabalhar. E chega aqui surpreendido, sem nada? Vou voltar para casa, vou fazer o quê? Eu trabalho muito longe, não tem o que fazer. Dependo de ônibus, trem e metrô e aí, como que faz?”
A reportagem do Bom Dia SP encontrou também muitos profissionais de saúde que não conseguiram chegar a seus postos de trabalho na manhã desta quarta-feira (19).
“É uma falta de respeito porque a gente sai de casa 4h da manhã. Eu sou uma trabalhadora da saúde e acredito que muitos são. Como a gente vai chegar até o nosso local de trabalho hoje? É uma coisa descabida nesse momento. Eu atendo esse público por seis horas por dia, pessoas debilitadas. Mas hoje infelizmente não vão poder contar com o meu trabalho e de muitos profissionais de saúde porque aqui de manhã não passa só eu, passa milhões de pessoas”, afirmou uma mulher.
“Meu nome é Tábata, trabalho no HCor como técnica de enfermagem. É um absurdo, ninguém avisou nós, os pacientes precisam da gente, as pessoas que estão enfermas precisam ser cuidadas. Não sei o que fazer, é complicado. Numa pandemia onde deveria estar tudo controlado, está assim.”
Outra senhora, também trabalhadora da saúde, estava perdida porque não sabia usar o trem para se locomover.
“Eu não sei nem como vou, eu trabalho em hospital, sou da área hospitalar. Eu não estou habituada a ir de trem, eu vou sempre de metrô, estou aqui perdida e procurando alguém para me ajudar. Vou para a Santa Casa, sou técnica de enfermagem”, declarou.
“Agora vamos ter de sofrer aqui, perder o emprego em época de pandemia? A gente só quer trabalhar”, afirmou outro trabalhador.
A operação parcial começou às 7h, segundo o Metrô. Antes disso, todas as linhas quatro linhas estavam totalmente fechadas. Quando começou a funcionar, as aglomerações se formaram.
“Eu não consegui entrar no trem e voltei. Estava muito cheio, muita aglomeração e empurra-empurra. Tive de descer”, afirmou um jovem.
O preço alto da gasolina também foi lembrado por um usuário do transporte público.
“Estou indo pra Moóca. Tenho carro? O combustível está quase R$ 6! Minha esposa foi trabalhar, tenho de trabalhar. Tenho de encarar a fila que está. Alguém tem de ajudar a gente. É triste para caramba”, afirmou.
“Voltar para casa, né?”
Muitos trabalhadores que foram surpreendidos pela greve dos metroviários não viram outra saída a não ser voltar para casa antes das 07h.
“Eu vou até Santa Cruz e de lá pego para o Capão Redondo. Agora não vou trabalhar não, não dá para eu ir para o trabalho…”, afirmou um usuário ouvido pela reportagem da TV Globo.
“Não estava sabendo da greve, estou indo para o São Luís, pego o Capão Redondo. É um absurdo pra gente e o Metrô fechado, é um absurdo. Tem de vir alguém dizer que ônibus que eu pego pra eu poder ir para o meu destino”, disse outro trabalhador.
“Cheguei aqui 5h da manhã. Para mim isso é uma palhaçada com o ser humano, eles fazem greve e quando acabar nem avisa pra a gente. Isso é um descaso com a gente. Eu ia para Cotia, eu trabalho em Cotia”, declarou.
Fonte: G1