Índia supera EUA e bate recorde mundial de mortes por Covid em 1 único dia

Foram 4.529 óbitos na Índia nas últimas 24 horas, superando o recorde anterior registrado pelos EUA em 12 de janeiro deste ano. Especialistas dizem que há subnotificação nos dados oficiais.

Corpos enterrados em covas rasas nas margens do Rio Ganges, perto de um local de cremação, em Prayagraj, no sábado (15). Suspeita é que corpos são de vítimas da Covid-19. — Foto: Rajesh Kumar Singh/AP

Índia superou os Estados Unidos e se tornou nesta quarta-feira (19) o país a registrar o maior número de mortes por Covid-19 em 24 horas do mundo.

O país já tinha superado ontem o Brasil, que até então tinha o segundo pior número de vítimas do novo coronavírus em um único dia.

Foram 4.529 óbitos na Índia nas últimas 24 horas, segundo dados oficiais, número que supera o recorde anterior de 4.475 mortes registrado pelos EUA em 12 de janeiro deste ano.

Continua após a publicidade..

O país registrou também mais de 267 mil novos casos, elevando o total de infectados para 25,5 milhões e o de mortes, para 283 mil.

Índia é o segundo país com mais casos confirmados do mundo, atrás apenas dos EUA (32,9 milhões), e o terceiro com mais óbitos, atrás de EUA (587 mil) e Brasil (439 mil).

O país foi responsável por 33% de todas as mortes e 47% de todos os casos confirmados no mundo nos últimos 7 dias, segundo dados do “Our World in Data”, projeto ligado à Universidade de Oxford.

No ritmo atual, a Índia pode superar os EUA em número de infectados em junho, segundo a agência France Presse.

Apesar dos números astronômicos, há fortes indícios de subnotificação. Especialistas acreditam que os números reais — sobretudo de mortes — podem ser de cinco a dez vezes maiores.

A segunda onda de Covid-19 devasta a Índia há seis semanas, com hospitais em colapso, sem leitos, oxigênio e remédios. Os crematórios não conseguem atender ao volume de corpos.

Crematórios improvisados têm se espalhado por pedreiras, estacionamentos e espaços abertos e falta até lenha.

Familiares de Vijay Raju, que morreu de Covid-19, choram antes de sua cremação na aldeia de Giddenahalli, nos arredores de Bengaluru, na Índia, em 13 de maio de 2021 — Foto: Samuel Rajkumar/Reuters

Queda no número de casos

Desde o início de abril, o número de casos confirmados dobrou e mais de 100 mil pessoas morreram no segundo país mais populoso do mundo, que tem mais de 1,3 bilhão de habitantes.

O país registra mais de 3 mil óbitos por dia há mais de três semanas, mas o número de casos confirmados começou a cair.

Trabalhador da saúde, vestindo traje de proteção, usa swab nasal para realizar teste de Covid-19 em um bairro pobre de Gauhati, no estado de Assam, na Índia, em 17 de maio de 2021 — Foto: Anupam Nath/AP

É o terceiro dia seguido com menos de 300 mil infectados, após 25 dias consecutivos acima deste patamar, uma queda de mais de 30% em relação ao pico de mais de 400 mil casos do dia 6.

“A curva da pandemia está estabilizando”, afirmou V.K. Paul, diretor do grupo de trabalho da Covid-19 do governo indiano.

A pandemia parece estar atingindo um platô nas grandes cidades, mas agora se espalha pelo vasto interior rural do país, que concentra dois terços da população.

O que mais preocupa autoridades e especialistas é que as regiões mais pobres da Índia têm uma infraestrutura de saúde ainda pior do que a das grandes cidades, que está há semanas em colapso.

Falhas do governo e variantes

Os casos e mortes por Covid-19 começaram a crescer na Índia fevereiro, quando o país registrava menos de 10 mil infectados e 100 mortes por dia e o governo comemorava a “fase final da pandemia”.

A virada desastrosa é atribuída sobretudo ao governo, que autorizou que multidões se reunissem em festivais religiosos e comícios políticos.

Em meio a aglomerações, ao desrespeito a medidas de distanciamento e ao não uso de máscaras, novas variantes do coronavírus encontraram terreno fértil.

A cepa B.1.617 foi descoberta em outubro de 2020 e já tem três variações, com pequenas diferenças (a B.1.617.1, a B.1.617.2 e a B.1.617.3).

Ela se espalhou pelo país e já foi detectada em 44 nações de todos os continentes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No dia 10, a OMS classificou-a como uma variante de “preocupação global” e alertou para um risco de maior transmissibilidade e características que poderiam tornar as vacinas contra a Covid-19 menos eficazes.

Fonte: G1