Trata-se de uma campanha sem precedentes: a Interpol está fazendo um apelo, à população em geral, para identificar os corpos de mais de 20 mulheres encontrados nas últimas décadas na Alemanha, na Bélgica e nos Países Baixos. Os nomes das vítimas são um mistério a ser desvendados e as autoridades europeias quererem avançar com as investigações destes “casos arquivados”.
“As polícias belga, holandesa e alemã, bem como a Interpol, lançaram a Operação Identifique-me para pedir a ajuda do público na identificação de 22 mulheres que acredita-se terem sido assassinadas”, anunciou, nesta quarta-feira (10), a Organização Internacional de Polícia Criminal.
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O caso mais antigo é de 1976, de uma mulher encontrada morta numa área de estacionamento próximo a uma rodovia na Holanda. A investigação do assassinato foi conduzida pelas autoridades locais e, posteriormente, pela Interpol, mas a vítima nunca foi identificada. O mesmo acontece com o caso mais recente, ocorrido em 2019, na Bélgica.
A entidade internacional acredita que as pessoas não puderam ser identificadas pela polícia local “em parte” porque estas mulheres não eram dos países onde foram encontradas, informa o comunicado de imprensa da Interpol.
Vídeos
Na campanha, divulgada na Internet, são especificados detalhes sobre cada caso, recorrendo a reconstruções faciais de algumas das mulheres assassinadas, bem como vídeos e fotos de objetos como joias e roupas que foram encontrados nos locais onde os restos mortais das mulheres foram deixados.
Várias personalidades europeias, conhecidas na mídia, estão engajadas para promover esta campanha.
“A maioria das 22 vítimas morreu violentamente e algumas também foram vítimas de abuso ou passaram fome antes de morrer. Em parte porque as mulheres provavelmente são de países diferentes de onde foram encontradas, as suas identidades ainda não foram descobertas. É possível que os corpos tenham sido deixados em nossos países para dificultar as investigações criminais”, afirmou a atriz Carina van Leeuwen e Martin de Wit, citados em comunicado da Polícia holandesa, que iniciaram o apelo público.
“Queremos frisar que estamos procurando os nomes”, disse Carolien Opdecam, da polícia belga. “A identidade da vítima costuma ser a chave para desvendar os mistérios de um caso”.
Segundo Anja Allendorf, da polícia alemã, acredita-se que algumas das vítimas eram da Europa Oriental e que, se forem identificadas, as autoridades podem descobrir quem são os autores dos crimes.
“Em investigações semelhantes, a identificação da vítima levou à detenção de um suspeito.”
Banco de DNA
Na Operação Identifique-me, a Interpol tornou públicos, pela primeira vez, alguns detalhes dos casos, usados para procurar informações, e inteligência artificial nos corpos não identificados para determinar as circunstâncias dos assassinatos.
“Todas as vias previstas para resolver esses casos arquivados foram abordadas. As investigações estão paradas e esperamos que a atenção do público permita avançar”, explicou François-Xavier Laurent, gestor das bases de informação de DNA para a Interpol.
A identificação de um corpo tem dois objetivos: devolver o nome a esta pessoa e aos seus familiares, além de dar pistas para encontrar os suspeitos, em caso de homicídio, acrescentou Laurent.
Os casos “não têm ligação entre si”, mas têm em comum “o contexto internacional”, disse ainda Laurent.
Desde 2021, a Interpol tem fornecido aos investigadores uma nova ferramenta global, o banco de dados I-Familia , para ajudar a identificar corpos desconhecidos através de correspondência internacional de parentesco de DNA familiar.
“O público, especialmente aqueles que se lembram de um amigo ou familiar desaparecido, são convidados a consultar www.INTERPOL.int/IM e entrar em contato com a equipa nacional da polícia competente caso tenham alguma informação”, apela a Interpol no comunicado. “Para parentes biológicos que acreditam que uma das mulheres pode ser um familiar desaparecido, a polícia nacional, uma vez contactada, pode entrar em contato com a Interpol para comparação internacional de DNA”.
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