Israel diz estar aberto a pausas para ajuda e saída de reféns de Gaza

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que Israel consideraria “pequenas pausas táticas” nos combates na Faixa de Gaza para permitir a saída de reféns ou a passagem de ajuda, mas rejeitou novamente os pedidos de um cessar-fogo, apesar da pressão internacional.

Depois de cercar a densamente povoada Cidade de Gaza, no norte do enclave, onde o grupo islâmico Hamas está baseado, os militares de Israel disseram que tomaram um complexo militante e que estavam prontos para atacar os combatentes escondidos em um labirinto de túneis subterrâneos.

Pelo menos 23 palestinos foram mortos em dois ataques aéreos israelenses separados na madrugada desta terça-feira (7) nas cidades de Khan Younis e Rafah, no sul de Gaza, segundo autoridades de saúde.

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Em Khan Younis, um homem resgatado dos escombros de uma casa onde, segundo autoridades de saúde palestinas, 11 pessoas morreram, advertiu que Israel receberia “uma lição muito dura”.

“Essa é a bravura do chamado Israel, eles mostram sua força e poder contra civis, bebês dentro de casa, crianças dentro de casa e idosos”, disse o homem, que se identificou aos repórteres como Ahmed Ayesh.

Israel tem bombardeado o enclave desde o ataque do Hamas ao sul de Israel há um mês, quando os combatentes do grupo mataram 1,4 mil pessoas e fizeram 240 reféns.

Autoridades de saúde de Gaza dizem que o ataque israelense matou mais de 10 mil palestinos, incluindo cerca de 4,1 mil crianças.

Tanto Israel quanto o Hamas rejeitaram os crescentes pedidos de interrupção dos combates. Israel diz que os reféns devem ser libertados primeiro. O Hamas afirma que não os libertará nem interromperá os combates enquanto Gaza estiver sob ataque.

Netanyahu disse que um cessar-fogo geral prejudicaria o esforço de guerra de seu país, mas a interrupção dos combates por motivos humanitários, uma ideia apoiada pelo principal aliado de Israel, os Estados Unidos, continuaria a ser considerada com base nas circunstâncias.

“No que diz respeito a pequenas pausas táticas – uma hora aqui, uma hora ali – já as fizemos antes. Suponho que verificaremos as circunstâncias para permitir a entrada de produtos, produtos humanitários, ou a saída de nossos reféns, reféns individuais”, disse Netanyahu à ABC News na segunda-feira (6).

“Mas não acho que haverá um cessar-fogo geral.”

O presidente dos EUA, Joe Biden, discutiu essas pausas e a possível libertação de reféns em uma ligação telefônica com Netanyahu ontem, reiterando seu apoio a Israel e enfatizando que o país precisa proteger os civis, disse a Casa Branca.

Assim como Israel, os EUA temem que o Hamas se aproveite de um cessar-fogo total para se reagrupar.

Pedindo um cessar-fogo urgente, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, alertou na segunda-feira que Gaza está se tornando um “cemitério de crianças”.

“As operações terrestres das Forças de Defesa de Israel e o bombardeio contínuo estão atingindo civis, hospitais, campos de refugiados, mesquitas, igrejas e instalações da ONU – incluindo abrigos. Ninguém está seguro”, disse Guterres aos repórteres.

“Ao mesmo tempo, o Hamas e outros militantes usam civis como escudos humanos e continuam a lançar foguetes indiscriminadamente contra Israel”, afirmou ele.

As organizações internacionais disseram que os hospitais não conseguem lidar com os feridos e que os alimentos e a água potável estão se esgotando, e que as entregas de ajuda não são suficientes.

“Precisamos de um cessar-fogo humanitário imediato. Já se passaram 30 dias. Já é o bastante. Isso deve parar agora”, disse uma declaração dos chefes de vários órgãos das Nações Unidas na segunda-feira.

Os militares israelenses disseram hoje que assumiram o controle de um reduto militar do Hamas no norte da Faixa de Gaza, onde, segundo eles, as forças localizaram mísseis e lançadores antitanque, armas e vários materiais de inteligência.

A aviação israelense atingiu vários militantes do Hamas que haviam se barricado em um prédio próximo ao Hospital al-Quds e planejavam lançar um ataque contra as forças israelenses, acrescentaram os militares.