Falta de energia após temporal atinge Jardim Maracanã
O bairro Jardim Maracanã, localizado na região do Jardim São Luís, na zona sul de São Paulo, enfrenta uma grave crise de falta de energia elétrica. Após um forte temporal que atingiu a cidade na última sexta-feira (11), centenas de residências e comércios permanecem sem luz há quatro dias, sem previsão de restabelecimento, segundo a concessionária Enel. O cenário agravou-se com a queda de árvores que danificaram a rede elétrica, e a situação vem gerando prejuízos imensuráveis para os moradores e comerciantes locais.
Além de enfrentar a escuridão, muitos comerciantes relataram perdas significativas, como o descarte de alimentos e produtos perecíveis que dependiam de refrigeração, como carnes, laticínios e sorvetes. “Perdemos tudo que estava nos freezers”, disse um comerciante local. A falta de respostas rápidas por parte das autoridades e da Enel tem causado revolta entre os moradores, que continuam dependendo de velas para se locomover à noite.
Responsabilidade compartilhada entre Enel e prefeitura
A prefeitura de São Paulo tenta transferir parte da responsabilidade do ocorrido para o governo federal, argumentando que apenas este poderia romper o contrato com a Enel ou aplicar sanções à empresa, por meio da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No entanto, a poda de árvores, apontada como uma das principais causas dos danos à rede elétrica, é uma responsabilidade municipal, sendo dever da prefeitura e das subprefeituras realizar o serviço preventivo de manutenção.
Na última terça-feira (15), equipes da Subprefeitura do M’Boi Mirim foram ao bairro para retirar uma árvore que havia caído sobre duas casas, bloqueando o fornecimento de energia em parte da Rua Tarcília Monteiro. No entanto, o trabalho foi executado apenas parcialmente, e a retirada completa ficou a cargo da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), que é responsável pela área onde as árvores estão localizadas.
Falta de poda e zeladoria agrava a crise
O problema da falta de poda de árvores em São Paulo não é exclusivo do Jardim Maracanã. De acordo com dados divulgados pelo G1, a cidade tem uma fila de 13,9 mil pedidos de poda ou remoção de árvores pendentes. Só no primeiro semestre de 2024, foram registradas 46,7 mil solicitações pelo canal oficial da prefeitura, o 156. Muitas dessas demandas se concentram em áreas periféricas, como Itaquera, Pirituba e Jardim São Luís, que, até o momento, permanecem sem atendimento.
A queda de árvores foi um dos principais motivos para o apagão que atingiu grande parte da capital. Desde o último temporal, 386 árvores caíram em São Paulo, segundo a prefeitura. O prefeito Ricardo Nunes afirmou que muitas dessas árvores eram consideradas saudáveis, mas sucumbiram devido aos fortes ventos que chegaram a 89 km/h.
Enel e o prazo para restabelecimento
Em meio à pressão crescente, a Enel ainda não apresentou uma data concreta para o retorno da energia em diversas áreas da cidade. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, deu um prazo de três dias para que a concessionária restabeleça a energia em grande parte das áreas afetadas. A Aneel também está sendo criticada pela falta de fiscalização efetiva sobre a empresa, especialmente diante de recorrentes apagões que têm afetado a cidade de São Paulo nos últimos anos.
A falta de energia ainda afeta 400 mil clientes da Enel, dos quais 283 mil estão na capital paulista, com bairros como Jabaquara, Pedreira e Campo Limpo sendo alguns dos mais prejudicados. Além disso, Cotia e Taboão da Serra também sofrem com milhares de imóveis sem luz.
Procon e ações judiciais
Para tentar minimizar os danos aos consumidores, o Procon-SP notificou a Enel para prestar esclarecimentos sobre as medidas adotadas durante a crise. A empresa tem 48 horas para apresentar uma resposta detalhada sobre o atendimento aos consumidores. Além disso, novos postos avançados do Procon foram abertos em estações de metrô e trens na cidade para facilitar o registro de queixas.
Os moradores do Jardim Maracanã, que ainda enfrentam a falta de luz, aguardam com preocupação uma solução definitiva, enquanto os prejuízos acumulam-se, tanto em termos financeiros quanto psicológicos. Muitos relatam medo e insegurança com a situação prolongada, especialmente à noite, quando o bairro permanece sem iluminação pública e com circulação limitada.
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