Leonardo Bittencourt diz que interpretar Daniel Cravinhos ‘abriu portas’

O ator participa dos longas “A Menina que Matou os Pais” e “O Menino que Matou Meus Pais”

O ator manauara Leonardo Bittencourt, 27, tinha apenas oito anos quando Suzane Richthofen assassinou os pais com ajuda do namorado Daniel Cravinhos e do irmão dele, Cristian. Nesta época, ele já demonstrava interesse pelo teatro, mas ainda não imaginava que seria um ator profissional e que a história desse crime seria um divisor de águas na sua carreira.

Nos dois longas, “A Menina que Matou os Pais” e “O Menino que Matou Meus Pais”, o ator interpreta seu primeiro protagonista, Daniel Cravinhos, ao lado de Carla Diaz, 30, que faz Suzane. Os filmes têm a proposta de contar diferentes versões do crime a partir das versões apresentadas pelo ex-casal de namorados no julgamento que os condenou.

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Bittencourt diz que o grande desafio foi interpretar Daniel de maneira fiel e responsável devido à proporção da história que chocou o país. “Um crime que a gente não consegue entender até hoje. O que leva uma pessoa a se envolver no assassinato dos próprios pais?”

Para interpretar o personagem, o ator não se encontrou com Daniel Cravinhos. Bittencourt explica que estudou bastante os roteiros, que eram 100% baseados nos autos do processo. Ele diz que durante três meses recebeu ajuda da preparadora de elenco Larissa Bracher, fez aula para pegar o sotaque paulista e workshop com a criminóloga e escritora Ilana Casoy.

“Pude observar muitas características do Daniel quando fiz o workshop com a Ilana Casoy sobre o caso, e tivemos acesso às imagens da reconstituição. Todos esses fatores somados à minha interpretação sobre as histórias me ajudaram a compor o personagem.”

Bittencourt revela que se preparou mentalmente para as cenas mais pesadas do filme desde o primeiro contato com o roteiro. Segundo ele, as cenas mais desafiantes do longa –o tribunal e o crime– foram filmadas nos dois últimos dias de gravação do longa e eram o mais próximo possível da história real.

As cenas exigiram tanta concentração dele para interpretar o personagem nas duas versões do filme que, ao final do processo, ele teve uma exaustão física e mental. Bittencourt diz que no final das gravações a equipe também fez uma roda de oração, cada um em sua religião, em respeito às vítimas do crime.

Bittencourt afirma que desde o primeiro momento toda a equipe precisou buscar rapidamente intimidade, cumplicidade, confiança e amor para contar a história. “A gente tinha um processo muito amoroso entre os atores, que se tratavam muito bem. Não é porque a gente conta uma história pesada que entre a gente o clima precisa ser pesado também”, explica.

Sobre a parceria com Carla Diaz, essa não foi a primeira vez que os dois trabalharam juntos. Ambos estavam no elenco de “Malhação: Vidas Brasileiras” (Globo, 2018). Ela fez uma participação da temporada da novela adolescente que ele atuou e se deram bem em cena.

“Temos estilos de interpretação bem diferentes e acredito que isso foi um fator decisivo na escolha por nós para interpretar esses papéis. Foram características distintas que se completaram e transformaram esse projeto tão aguardado, em algo concreto.”

Nascido em Manaus, Bittencourt conta que sempre se interessou por criação, “fazia filmes em trabalhos para a escola e praticava jogos de improviso com amigos como hobby, influenciado por ‘Barbixas’ e o ‘Zenas Improvisadas’ [peça teatral composta, essencialmente, por esquetes de improvisação]”.

Aos 19 anos, abandonou a faculdade de publicidade e propaganda e o conforto da casa da mãe para ir em busca do sonho de se tornar ator profissional no Rio de Janeiro. Ele ingressou na tradicional Casa das Artes de Laranjeira e deu início a uma trajetória de sucesso.

“Quando me dei conta que para me tornar profissional, infelizmente seria necessário deixar Manaus, fiz o que era necessário, abri mão da zona de conforto e pude contar com o suporte da minha mãe para transformar esse sonho em realidade. Hoje colho os frutos dessa decisão”, lembra o ator, com orgulho.

Antes dos dois longas lançados em setembro na plataforma digital Prime Vídeo, o ator havia interpretado o personagem Hugo Rabelo, em “Malhação: Vidas Brasileiras”. Em 2019, Bittencourt integrou o elenco da série “Segunda Chamada” (Globo), que aborda questões sociais. No mesmo ano, ele iniciou as gravações dos longas sobre o assassinato dos pais de Suzane Von Richthofen.

No ano seguinte, ele começou a gravar a série brasileira da Netflix “Temporada de Verão”, prevista para estrear em 2022. Na história, que se passa em um resort em Ilhabela, litoral norte de São Paulo, ele interpreta o personagem Rodrigo, antagonista da história. Bittencourt está cotado ainda para um novo projeto da Amazon Prime.

“A experiência de fazer um protagonista nos filmes me abriu portas para outros trabalhos e já recebi convites para ser protagonista em outras produções, mas ainda não posso falar sobre [os novos projetos].”

O sucesso após o lançamento dos filmes trouxe ainda seguidores nas redes sociais do ator, que ficou feliz com tanta repercussão positiva ao seu trabalho. Ele conta que no primeiro fim de semana ganhou 100 mil seguidores e na semana seguinte esse número dobrou. “Grandes personagens são oportunidades de conquistar seu espaço e fico satisfeito em mostrar para o grande público, o resultado desse ofício. Essas palavras de incentivo são um grande combustível para mim.”

Fonte: Folhapress