Ministério da Saúde decretou emergência de saúde pública para combater desassistência de indígenas Yanomami nessa sexta-feira (20), um dia antes da visita do presidente. Quase 100 crianças Yanomami morrem em 2022.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Boa Vista neste sábado (21) para anunciar medidas para enfrentar a crise sanitária na Saúde Yanomami, principalmente frente aos casos de desnutrição grave entre crianças na reserva indígena, que é maior do país.
Lula chegou às 9h49 Base Aérea de Boa Vista. A grave situação de desassistência na saúde Yanomami fez com que o Ministério da Saúde declarasse emergência de saúde pública na noite dessa sexta-feira (20).
Da Base, ele e a comitiva de ministros – incluindo Saúde e Povos Indígenas, foi para a Casa de Saúde Indígena (Casai) Yanomami, na zona Rural de Boa Vista, onde foi recepcionado por indígenas que entoaram cantos ao vê-lo. Além disso, alguns seguram cartazes com pedidos de ajuda, como “Vidas indígenas importam” e “fora garimpo”.
Após a visita na Casai, Lula deve anunciar as ações emergenciais para a população indígena. O presidente está acompanhado dos ministros:
- Wellington Dias (Desenvolvimento Social)
- Nísia Trindade (Saúde)
- Sônia Guajajara (Povos Indígenas)
- Flávio Dino (Justiça)
- José Múcio (Defesa)
- Silvio Almeida (Direitos Humanos)
- Márcio Macêdo (Secretaria-Geral)
- General Gonçalves Dias (Gabinete de Segurança Institucional)
- e o comandante da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno
O secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, também integra a comitiva. Tabeba já afirmou ao g1 que o combate à desnutrição e malária entre os Yanomami é prioridade.
No Twitter, ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse que a situação na reserva Yanomami, maior do Brasil é grave.
“A situação é grave em território Yanomami. O Ministério da Saúde registrou 3 óbitos de crianças entre 24 e 27/12 e 11.530 casos de malária no último ano. Diante disso, embarcamos para Roraima, em comitiva com o presidente Lula e a ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara”, publicou ela.
Técnicos do Ministério foram enviados para a Terra Indígena e, em quatro dias, resgataram ao menos oito crianças Yanomami em estado grave, com quadros severos de desnutrição e malária. Os servidores entraram na reserva na segunda-feira (16), em missão oficial para elaborar o diagnóstico da situação.
Somente em 2022, 99 crianças Yanomami morreram devido ao avanço do garimpo ilegal na região. As vítimas foram crianças entre um a 4 anos. As causas da morte são, na maioria, por desnutrição, pneumonia e diarreia.
O governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), e o prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique recepcionaram o presidente e comitiva de ministros na Base Aérea.
Além da calamidade na saúde, também foi criado o Comitê de Coordenação Nacional, para discutir e adotar medidas em articulação entre os poderes para prestar atendimento a essa população. O plano de ação deve ser apresentado no prazo de quarenta e cinco dias, e o comitê trabalhará por 90 dias, prazo que pode ser prorrogado.
A avaliação feita pelos integrantes o governo é que a situação sanitária no território caminha para uma “crise humanitária” – devido ao aumento de casos de desnutrição em crianças e ao avanço do garimpo ilegal na região.
“Recebemos informações sobre a absurda situação de desnutrição de crianças Yanomami em Roraima. […] Viajarei ao estado para oferecer o suporte do governo federal e, junto com nossos ministros, atuaremos pela garantia da vida de crianças Yanomami”, escreveu Lula, em uma rede social, na sexta-feira (20).
Dados da (Sesai), obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), indicam que, ainda em 2021, 56,5% das crianças acompanhadas pelo governo no território Yanomami apresentaram quadro de desnutrição aguda – quando o peso é considerado baixo ou baixíssimo para a idade.
Fonte: G1 Roraima