Lula diz que irá governar para 215 milhões e retomar diálogo com Poderes

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em seu primeiro pronunciamento como presidente eleito, adotou um tom pacificador ao afirmar que a partir de 1º de janeiro de 2023 irá “governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para aqueles que votaram em mim”.

“Não existem dois Brasis, somos um único país, um único povo, uma grande nação”, disse o petista, apesar da estreita margem que o separou de Jair Bolsonaro (PL) na eleição mais acirrada desde a redemocratização.

Sem citar Bolsonaro, Lula destacou a necessidade de se restabelecer a harmonia institucional entre os Poderes, que viveram períodos de grande tensionamento durante o atual governo.

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“É preciso retomar o diálogo com o Legislativo e o Judiciário, sem tentativa de exorbitar, intervir, controlar, cooptar, mas buscando reconstruir a convivência harmoniosa e republicana entre os Três Poderes. A normalidade democrática está consagrada na Constituição, é ela que estabelece os direitos e obrigações de cada Poder, de cada instituição, das Forças Armadas e de cada um de nós. A Constituição rege a nossa existência coletiva, e ninguém, absolutamente ninguém, está acima dela. Ninguém tem o direito de ignorá-la ou afrontá-la”, disse o petista em seu discurso, em um hotel em São Paulo.

Lula repetiu três palavras-chave de sua campanha: credibilidade, previsibilidade e estabilidade.

“Hoje nós estamos dizendo ao mundo que o Brasil está de volta, que o Brasil é grande demais para ser relegado a esse triste papel de pária. Vamos reconquistar a credibilidade, a previsibilidade e a estabilidade do país para que os investidores nacionais e estrangeiros retomem a confiança no Brasil. Para que deixem de enxergar o nosso país como fonte de lucro imediato e predatório, e passem a ser nossos parceiros na retomada do crescimento econômico com inclusão social e sustentabilidade ambiental”, declarou o presidente eleito.

A questão climática também foi citada por Lula, que tem em seu arco de alianças Marina Silva, sua ex-ministra do Meio Ambiente e deputada federal eleita por São Paulo. “O Brasil está pronto para retomar o seu protagonismo na luta contra a crise climática, protegendo todos os nosso biomas, sobretudo a floresta amazônica.” Segundo Lula, seu governo irá “combater toda e qualquer atividade ilegal, seja garimpo, mineração, extração de madeira ou ocupação agropecuária indevida”.

“Nosso compromisso mais urgente é acabar com a fome outra vez. Não podemos aceitar como normal que milhões de homens, mulheres e crianças não tenham o que comer ou que consumam menos calorias e proteínas do que o necessário. Este será novamente o compromisso número 1 do meu governo”, afirmou o presidente eleito.