Manutenção da queda dos juros dependerá do exterior, diz Haddad

Após os recentes cortes de juros promovidos pelo Banco Central (BC) no início deste ano, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pondera sobre a possibilidade de uma continuidade na queda da Taxa Selic, os juros básicos da economia. O dirigente afirma que a trajetória dependerá, em grande medida, das ações dos Bancos Centrais das economias avançadas. Segundo Haddad, caso essas instituições iniciem a redução das taxas ainda neste semestre, abrirá espaço para novas quedas no Brasil durante o segundo semestre de 2024.

O ministro ressalta que, embora as projeções não apontem para um início iminente do ciclo de cortes externos, o primeiro semestre parece ser uma janela realista. Essa possível conjuntura favorável poderia alterar o horizonte econômico brasileiro de maneira positiva, refletindo em uma taxa de juros terminal no ciclo de cortes além das expectativas atuais. Entretanto, Haddad adverte que são considerações especulativas, e a situação será avaliada conforme o desenrolar dos eventos internacionais.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, por sua vez, está prestes a realizar a primeira reunião do ano nesta quarta-feira (31) para deliberar sobre o futuro da Taxa Selic, atualmente fixada em 11,75% ao ano. As expectativas do mercado indicam a possibilidade de três reduções de 0,5 ponto percentual até maio, com o Copom decidindo sobre a trajetória dos juros básicos a partir desse ponto.

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Em relação à Dívida Pública Federal, que encerrou 2023 em R$ 6,52 trilhões, com um acréscimo de aproximadamente R$ 500 bilhões no ano passado, Haddad atribui parte desse aumento a compromissos herdados do governo anterior. A quitação de precatórios e o apoio financeiro aos estados para compensar a diminuição do imposto estadual sobre os combustíveis são mencionados como fatores que contribuíram significativamente para esse cenário.

O déficit primário do Governo Central, divulgado pelo Tesouro Nacional, alcançou R$ 230,54 bilhões em 2023, registrando o pior resultado desde 2020, ano inicial da pandemia de covid-19. Haddad destaca que, sem o pagamento de cerca de R$ 92 bilhões em precatórios atrasados, a cifra do déficit seria reduzida para R$ 138,1 bilhões, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal.

Sobre as perspectivas de crescimento, o ministro expressa confiança de que o governo encerrará 2024 com uma expansão econômica superior a 2%. Em novembro, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda havia projetado um avanço de 2,2% no Produto Interno Bruto (PIB) para este ano. Recentemente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou suas estimativas, elevando a expectativa de crescimento do PIB de 1,5% para 1,7%.

Haddad menciona que o governo está implementando medidas para aprimorar o ambiente de negócios e fomentar o crescimento em 2024, destacando o impacto potencial do Novo Marco de Garantias, sancionado em outubro e aguardando regulamentações. O ministro ressalta que essa legislação tem o potencial de transformar o padrão de crédito no país, impulsionando a atividade econômica.

Embora sem detalhar números específicos, Haddad afirma que os dados preliminares da economia em janeiro são “bastante razoáveis”. O ministro encerra afirmando que o governo está confiante em um ano acima das expectativas, como ocorreu em 2023.

O ministro Haddad ressalta que a manutenção da queda dos juros no Brasil dependerá, em grande medida, do cenário econômico internacional. Embora sem fornecer informações numéricas precisas, Haddad destaca que os dados preliminares da economia em janeiro são considerados bastante positivos. O ministro expressa confiança de que o governo alcançará um desempenho acima das expectativas, assim como ocorreu em 2023.