Marcos do Val diz que recebeu proposta golpista de Daniel Silveira, ao lado de Bolsonaro

Político diz que, após as eleições, Silveira pediu que ele se reunisse com Moraes para forçar conversa comprometedora e gravasse áudio. Nesta quarta, Do Val foi acusado de ‘traição’ por bolsonaristas por, supostamente, ter votado para reeleger Pacheco no comando do Senado.

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) acusou nesta quinta-feira (2) o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) de organizarem uma reunião, em dezembro, para propor o envolvimento do senador em um plano golpista.

Marcos do Val chegou a dizer nesta quinta, em rede social, que pediria afastamento do mandato. Ele foi eleito em 2018 e, com isso, tem mandato vigente até 2026. No fim da manhã, do Val voltou atrás e afirmou que “estuda” pedir afastamento do cargo de senador.

Em conversa com a GloboNews, Marcos do Val relatou um diálogo presenciado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), logo após as eleições de outubro, em que o então deputado Daniel Silveira teria proposto uma ação golpista ao parlamentar (saiba mais abaixo o que Silveira propôs).

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A Polícia Federal solicitou, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou que seja tomado depoimento de Marcos do Val na investigação que apura atos golpistas. Silveira foi preso nesta quinta-feira por decisão de Moraes, devido ao descumprimento de medidas cautelares (entenda aqui).

Do Val afirma que a proposta de Silveira envolvia não desmobilizar os acampamentos golpistas e, enquanto isso, gravar sem autorização alguma conversa que comprometesse Alexandre de Moraes, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Eles me disseram: ‘Nós colocaríamos uma escuta em você e teria uma equipe para dar suporte, e você vai ter uma audiência com Alexandre de Moraes, e você conduz a conversa pra dizer que ele está ultrapassando as linhas da Constituição. E a gente impede o Lula de assumir, e Alexandre será preso'”, relatou Do Val ao g1.

O senador diz que a proposta foi verbalizada pelo então deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) – Bolsonaro estava na mesma reunião e indicou concordar com a ideia.

Marcos do Val diz que pediu para analisar a proposta e responder em um segundo momento. E que, em seguida, relatou o caso ao próprio ministro Alexandre de Moraes. Ainda de acordo com o senador, Moraes ficou surpreso e considerou a proposta “um absurdo”.

Mensagens de WhatsApp

 

Marcos do Val divulgou, ainda, dois prints de conversas por WhatsApp com Daniel Silveira. Nas mensagens, Silveira diz que tem “escutas usadas pelas operações especiais”.

“Se aceitar a missão, parafraseando o 01 [Jair Bolsonaro], salvamos o Brasil”, diz Silveira.

Print divulgado pelo senador Marcos do Val de conversa com então deputado Daniel Silveira sobre plano de golpe — Foto: Marcos do Val/Reprodução

Print divulgado pelo senador Marcos do Val de conversa com então deputado Daniel Silveira sobre plano de golpe — Foto: Marcos do Val/Arquivo pessoal

O post em rede social

 

Na publicação, feita ainda na madrugada, Do Val cita problemas recentes de saúde e diz que vem sendo alvo de ofensas – o que tem sido “muito pesado para a minha família”, diz o parlamentar.

“Após quatro anos de dedicação exclusiva como senador pelo Espírito Santo, chegando a sofrer um princípio de infarto, venho através desta, comunicar a todos os capixabas a minha saída definitivamente da política”, afirma o post.

“Nos próximos dias, darei entrada no pedido de afastamento do Senado e voltarei para a minha carreira nos EUA. Nada existe de grandioso sem paixão. Essa paixão não estou tendo mais em mim”, afirma em outro trecho.

A suplente de Marcos do Val no Senado é Rosana Foerst. Até 2021, o nome de Rosana constava como gerente de Benefícios e Transferência de Renda da Secretaria de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social do Espírito Santo.

Discussão com MBL

Na quarta, após a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para comandar o Senado pelos próximos dois anos, Marcos do Val discutiu em uma live com representantes do Movimento Brasil Livre.

O MBL, grupo político de direita, “acusava” Do Val de ter votado em Pacheco na disputa contra o senador Rogério Marinho (PL-RN) – ex-ministro de Jair Bolsonaro e considerado o “candidato do bolsonarismo” ao comando do Senado.

Marcos do Val abriu uma live no Instagram para refutar essas falas e incluiu, na transmissão, dois membros do MBL. Como resultado, o senador e os ativistas protagonizaram um bate-boca.

Fonte: G1

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