Ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas estava no local desde dezembro para escapar de mandado de prisão
Por Clayton Lima, Nitro News Brasil, 19:46
O México rompeu relações diplomáticas com o Equador após sua embaixada no país sul-americano ser invadida na noite desta sexta-feira (5). Agentes encapuzados a bordo de carros blindados entraram no local, que é protegido pelo direito internacional, para retirar à força o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas.
O político, outrora um dos mais importantes do país, refugiava-se junto à missão oficial mexicana desde dezembro para evitar o cumprimento de um mandado de prisão. Ele foi transferido para a prisão de segurança máxima La Roca, em Guayaquil.
Vídeos que circulam na imprensa local mostram o momento em que o funcionário da embaixada mexicana Roberto Canseco é jogado contra o chão por policiais ao tentar alcançar um dos carros do comboio. Ele estava encarregado da diplomacia do país no Equador após a embaixadora mexicana, Raquel Serur, ser expulsa na véspera, quando a crise entre as duas nações já escalava.
“Fui agredido e derrubado quando tentava impedir que entrassem como delinquentes”, afirmou Canseco à imprensa logo após a detenção de Glas. O diplomata disse que estava saindo do local quando se deparou com policiais. “Isso é algo totalmente inaceitável. Fisicamente, arriscando a minha vida, defendi a honra e a soberania do meu país. É incrível que algo assim tenha acontecido.”
O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, anunciou em seguida a ruptura com o Equador e afirmou que a invasão era uma “flagrante violação do direito internacional e da soberania do México”. “Instruí nossa chanceler a (…) declarar a suspensão imediata das relações diplomáticas com o governo do Equador”, afirmou na rede social X.
Em um comunicado deste sábado (6), a chancelaria do México afirmou que todo o corpo diplomático do país será retirado e que recorrerá à Corte Internacional de Justiça e a órgãos regionais para denunciar a violação. “A Secretaria de Relações Exteriores exige uma investigação exaustiva do ataque”, afirma a nota.
O Brasil também se manifestou, condenando a ação “nos mais firmes termos”. “A medida levada a cabo pelo governo equatoriano constitui grave precedente, cabendo ser objeto de enérgico repúdio, qualquer que seja a justificativa para sua realização”, afirmou o Itamaraty, em nota. “O governo brasileiro manifesta, finalmente, sua solidariedade ao governo mexicano.”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva compartilhou a nota pelo X. “Toda minha solidariedade ao presidente e amigo López Obrador”, afirmou o petista. Também repudiaram a ação Nicarágua, Venezuela, Cuba, Bolívia, Honduras, Chile e Panamá.
A Nicarágua, liderada pelo ditador Daniel Ortega, foi o país mais contundente ao romper “toda a relação diplomática” com o Equador. Já a presidente de Honduras, Xiomara Castro, que chefia temporariamente a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), convocou uma reunião do grupo na próxima segunda (8).
A Secretaria-Geral da OEA (Organização dos Estados Americanos) também se manifestou. Em comunicado, o órgão disse que os países não podem “invocar normas de direito interno para justificar o descumprimento de suas obrigações internacionais”. “Neste contexto, manifestamos solidariedade a quem foi vítima das ações impróprias que afetaram a Embaixada do México no Equador”. A organização ainda considerou necessária a realização de uma reunião de seu Conselho Permanente.