Decisão judicial abre caminho para colaboração do ex-tenente-coronel nas investigações envolvendo o ex-presidente
A Polícia Federal e o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, avançam em um novo capítulo da investigação que envolve fraudes em cartões de vacinação, venda irregular de presentes e tramas para um possível golpe de estado no Brasil. Neste sábado, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, homologou o acordo de delação premiada de Cid, uma figura central no governo Bolsonaro por quatro anos.
Condições para a Liberdade
Apesar da homologação do acordo, a liberdade concedida a Mauro Cid vem com condições rigorosas. Ele deverá usar tornozeleira eletrônica, terá a proibição de sair de casa à noite e está impedido de se comunicar com outros investigados nos casos em que é alvo. Além disso, Moraes determinou que Cid seja afastado de suas funções no Exército, onde é tenente-coronel da ativa.
Colaboração Premiada e Benefícios
A homologação da delação premiada marca uma etapa crucial nas negociações de colaboração com a justiça. Cid agora está autorizado a colaborar com as investigações em troca de benefícios legais, como a redução ou perdão judicial em caso de condenação. Espera-se que ele forneça informações substanciais para corroborar suas alegações.
Possíveis Implicações para Bolsonaro
De acordo com informações, a delação de Mauro Cid pode implicar diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro. A Polícia Federal, que tem posse do celular do ex-ajudante de ordens, condicionou a negociação do acordo à revelação de todos os fatos envolvendo Bolsonaro, incluindo a participação de outros envolvidos. Isso significa que o acordo não se limita apenas à confissão de crimes, mas abrange a identificação do papel desempenhado por terceiros, incluindo o ex-presidente.
Conexões com Outros Episódios
A colaboração de Cid também pode ser fundamental para esclarecer outros casos relacionados a Bolsonaro. Sua posição como ex-ajudante de ordens o conecta a vários episódios envolvendo o ex-presidente, como a alegada tentativa de gravação do ministro Alexandre de Moraes durante uma reunião no Palácio da Alvorada.
Depoimentos e Continuidade das Informações
Desde que iniciou sua colaboração com a Polícia Federal, Mauro Cid já prestou três depoimentos detalhados nas investigações que o envolvem. Com a homologação do acordo, é esperado que ele continue fornecendo informações relevantes para a condução das investigações.
Casos Específicos Sob Investigação
Uma das investigações mais avançadas envolve a venda de presentes recebidos por Bolsonaro durante seu mandato presidencial. A PF identificou que Cid, com envolvimento de seu pai, o general da reserva Mauro Lourena Cid, teria vendido dois relógios recebidos pelo ex-presidente de outros chefes de estado.
Além disso, Cid está preso desde maio devido a outro inquérito que apura a suposta fraude em cartão de vacina. Segundo as investigações, ele teria participado de uma conspiração para falsificar certificados de vacinação para si próprio e para seus familiares antes de uma viagem aos Estados Unidos, incluindo o então presidente Bolsonaro e sua filha Laura Bolsonaro.
Soltura de Outro Investigado
Vale destacar que na última quarta-feira, o ministro Alexandre de Moraes também decidiu pela soltura de Max Guilherme, assessor e ex-segurança de Bolsonaro, que estava preso no mesmo inquérito que envolve a inserção de dados falsos na carteira de vacina de Bolsonaro e de seus familiares. Max Guilherme já está em liberdade, aguardando os desdobramentos do caso.