Mortos no terremoto no Haiti passam de 1,2 mil, e país busca sobreviventes

Les Cayes e Jérémie foram as localidade mais atingidas; previsão é de que tormenta Grace cause chuvas torrenciais e enchentes

Pessoas vasculham os escombros do Manguier Hotel após o terremoto ocorrido ontem em Les Cayes, sudoeste do Haiti Foto: STANLEY LOUIS / AFP

PORTO PRÍNCIPE — O número de mortos no terremoto no sudoeste do Haiti subiu neste domingo para 1.297, enquanto equipes de resgate se esforçavam para tentar encontrar sobreviventes antes da chegada de uma grande tormenta. A previsão é de que a tempestade tropical Grace chegue entre hoje e amanhã ao país caribenho, causando chuvas torrenciais. Segundo o Centro Nacional de Furacões dos EUA, há risco de trombas d’água, enchentes e deslizamentos em algumas partes do Haiti.

O terremoto de 7,2 de magnitude, que aconteceu a 10 km de profundidade e a 125 km da capital Porto Príncipe, atingiu especialmente Les Cayes, , a terceira maior cidade do Haiti, e seus arredores. Estima-se que centenas de pessoas estejam soterradas sob os escombros de residências, igrejas, hotéis e escolas que ficaram danificados ou totalmente destruídos.

Os hospitais locais, que mesmo antes da tragédia já operavam no limite, enfrentam dificuldades para atender os 2,8 mil feridos. Em algumas áreas, sobreviventes foram forçados a se abrigar nas ruas ou em campos de futebol com seus poucos pertences.

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No sábado, o primeiro-ministro Ariel Henry, que assumiu o poder há menos de um mês após o assassinato do presidente Jovenel Moise, sobrevoou as áreas mais afetadas e declarou estado de emergência por um mês em todo o país. Ele também anunciou o envio urgente de ajuda às cidades destruídas.

— O mais importante é resgatar o maior número possível de sobreviventes sob os escombros — disse Henry. — Sabemos que os hospitais locais, particularmente em Les Cayes, estão lotados com pessoas feridas e com fraturas.

O desastre torna ainda mais aguda a crise humanitária do Haiti, o país mais pobre do hemisfério e cujos desafios foram exacerbados pela pandemia, a ruína econômica, a violência e um sistema político altamente instável.

O médico Floris Nesi afirmou que a conjuntura política e econômica atual torna muitos haitianos mais vulneráveis que em 2010, quando um terremoto de 7,0 de magnitude deixou um rastro de destruição na capital e arredores em 12 de janeiro. Calcula-se que, naquela ocasião, o número de vítimas tenha sido de 100 mil a 316 mil pessoas. A tragédia também deixou mais de 1,5 milhão de desabrigados.

— Então precisamos oferecer mais ajuda do que anteriormente. — disse à agência Reuters no aeroporto, onde se preparava para embarcar para a região atingida.

Membros de uma brigada médica cubana atendem vítimas do terremoto em Jérémie, departamento de Grand’Anse, no Haiti Foto: HANDOUT / AFP

Reação internacional

Em resposta à tragédia, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aprovou uma ajuda “imediata” ao país caribenho. A diretora da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, Samantha Power, coordenará a iniciativa. No Twitter, Power anunciou o envio de uma equipe de busca e resgate composta por 65 integrantes. Além disso, a Guarda Costeira foi acionada para transportar uma equipe médica de Porto Príncipe em direção à área do terremoto. Muitos dos feridos serão levados para ser tratados na capital.

Argentina, Chile, Equador, Espanha, México, Peru e Venezuela também ofereceram assistência ao Haiti. Já a República Dominicana, que divide a ilha de Hispaniola com o Haiti, anunciou o envio de 10 mil cestas de alimentos, equipamentos médicos e material de prevenção à Covid-19.

Cuba anunciou que 253 médicos de uma força-tarefa que atua no país viajaram para a área afetada para tratar os feridos. Eles também vão adaptar, em Porto Príncipe, um hospital usado até agora para atender pacientes de Covid-19.

As Nações Unidas afirmando que “estão trabalhando para apoiar os esforços de resgate e socorro” no país, anunciou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, enquanto o Papa Francisco expressou sua “solidariedade” e pediu à comunidade internacional ajuda ao Haiti.

A tenista japonesa Naomi Osaka, cujo pai é haitiano, anunciou que oferecerá às vítimas tudo o que ganhar em um torneio. “Essa devastação dói muito”, escreveu no Twitter.

Fonte: O Globo