Motim de mercenários na Rússia reacende preocupações com arsenais nucleares

Preocupações com a segurança dos arsenais nucleares russos são reavivadas após um motim de mercenários do grupo Wagner em Moscou neste fim de semana.

O temor no Ocidente é de que facções possam ter acesso às ogivas do país liderado por Vladimir Putin, levantando questões sobre o que aconteceria com o arsenal nuclear russo em meio a uma convulsão doméstica.

Tropas do grupo de mercenários Wagner voltam para suas bases no sul da Rússia após acordo que encerrou motim — Foto: Stringer/Reuters

Em meio às imagens de tanques nas ruas russas, recordamos o golpe fracassado de 1991 por linha dura comunista, que suscitou preocupações sobre a segurança do arsenal nuclear soviético e a possibilidade de membros do grupo Wagner roubarem ogivas nucleares, de acordo com o ex-comandante de inteligência dos EUA.

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Diante do temor de um conflito sangrento, o chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, ordenou neste sábado (24) que seus combatentes retornassem aos acampamentos, buscando evitar confrontos e derramamento de sangue.

Autoridades dos EUA afirmam não ver uma ameaça imediata à segurança estratégica e tática da Rússia. Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, afirmou que o acordo conseguiu enviar os combatentes do Wagner de volta aos seus campos, com o objetivo de evitar confrontos e derramamento de sangue.

Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA respondeu às perguntas da Reuters, afirmando: “Não vimos nenhuma mudança na disposição das forças nucleares russas. A Rússia tem a responsabilidade de manter o comando, controle e custódia de suas forças nucleares, garantindo que nenhuma ação seja tomada para colocar em risco a estabilidade estratégica”.

Apesar das declarações, a segurança dessas armas é uma preocupação persistente para Washington. A avaliação anual de ameaças de 2023 das agências de inteligência dos EUA destacou que “a segurança do material nuclear da Rússia (…) continua sendo uma preocupação, apesar das melhorias na proteção, controle e contabilidade dos materiais nas instalações nucleares russas desde os anos 1990”.

Um assessor do Congresso observou que o Kremlin investiu mais recursos na modernização de seu arsenal nos últimos anos.

Com aproximadamente 5.977 ogivas estimadas em 2022, o arsenal nuclear da Rússia é o maior do mundo, enquanto os Estados Unidos possuem cerca de 5.428 ogivas.

O atual cenário que preocupa é a possibilidade de uma facção militar desonesta obter capacidade de tomada de decisão sobre algumas dessas armas, caso haja divisões em relação à guerra na Ucrânia.

Nesse contexto tenso, a segurança dos arsenais nucleares da Rússia permanece como uma questão crucial para a estabilidade global, exigindo uma vigilância constante por parte das potências mundiais.