Testemunhas relataram ter ouvido cinco grandes explosões na capital ucraniana nesta sexta (25)
“Os ataques a Kiev com mísseis balísticos ou de cruzeiro continuaram”, disse Gerashchenko a repórteres por mensagem de texto. Uma equipe da CNN no local relatou ter ouvido duas grandes explosões no centro de Kiev. Horas depois, mais três explosões foram ouvidas no sudoeste da capital.
As forças russas que entraram na Ucrânia através de Belarus estão a cerca de 32 quilômetros da capital, disseram autoridades do governo Biden a parlamentares americanas em um briefing nesta quinta-feira (24), de acordo com duas fontes na conversa.
As autoridades descreveram outro elemento russo que entrou na Ucrânia vindo da Rússia um pouco mais longe, mas que ambos estão indo para Kiev com o objetivo de cercar a cidade e potencialmente derrubar o governo ucraniano, de acordo com o legislador na ligação.
Um ataque com mísseis atingiu um posto de fronteira ucraniano na região sudeste de Zaporizhzhya, matando e ferindo alguns guardas, informou o Serviço de Guarda de Fronteira nesta sexta. A região não tem fronteira terrestre com a Rússia, mas está localizada na costa do mar de Azov.
O Ministério de Defesa da ucrânia afirmou que suas forças armadas infligiram cerca de 800 baixas às forças russas desde que a invasão começou. Entretanto, não ficou claro se esses números são exclusivamente de mortes. Ainda segundo a pasta, 30 tanques, sete aeronaves e seis helicópteros do exército russo foram abatidos.
O presidente francês Emmanuel Macron se posicionou como possível mediador entre a Rússia e a Ucrânia para um possível acordo de cessar-fogo. Macron também acusou Putin de duplicidade, dizendo que Putin estava discutindo “os detalhes dos acordos de Minsk” poucas horas antes de lançar a operação militar
Mais cedo, a CNN obteve o projeto de resolução que os Estados Unidos apresentaram na quinta-feira (24) aos demais países do Conselho de Segurança da ONU, dentre eles o Brasil. A proposta ainda está em negociação e pode ser alterada. A informação é do analista Caio Junqueira.
Nele, os Estados Unidos estipulam que o Conselho “decide que a Federação Russa deve cessar imediatamente o uso da força contra a Ucrânia e se absterá de qualquer outra ameaça ilegal ou uso da força contra qualquer estado membro da ONU”.
O documento também estipula que as forças militares russas devem deixar imediatamente o território ucraniano.
A invasão, que se iniciou na noite de quarta-feira (23), no horário de Brasília, ocorre por terra, ar e mar. Diversos mísseis foram disparados. Explosões e sirenes foram ouvidas em diversas cidades, incluindo a capital, Kiev, e em áreas separatistas do leste ucraniano.
Autoridades da Ucrânia informaram que há pelo menos 137 mortos e 169 feridos até o momento. Assista ao vivo no vídeo acima a cobertura especial da CNN.
De cerca de 500 brasileiros que vivem na Ucrânia, 180 procuraram a embaixada brasileira no país para pedir ajuda ou informações, segundo comunicado do Itamaraty. A procura tem aumentando consideravelmente – ontem o número era de 93.
Leia mais abaixo sobre como foi o primeiro dia da Guerra na Ucrânia e um resumo para entender o conflito.
O que você precisa saber sobre o ataque
- Nas primeiras horas da madrugada da quinta-feira (24), Putin ordenou um ataque no leste da Ucrânia, em regiões que ele reconheceu como independentes; as forças russas invadiram a Ucrânia por terra, ar e mar;
- Os russos invadiram diversas regiões, incluindo a capital, Kiev
- O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, autorizou cidadãos a pegarem armas para defender o país e pediu doação de sangue;
- Longas filas foram registradas nesta manhã em Kiev nas principais rodovias, com moradores tentando deixar o país;
- Países da Europa Central iniciaram os preparativos para receber pessoas que fogem da Ucrânia
- O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que Washington e seus aliados imporiam “sanções severas” sobre o que ele chamou de “guerra premeditada” de Putin
- A China rejeitou chamar os movimentos da Rússia sobre a Ucrânia de “invasão” e pediu a todos os lados que exerçam moderação
- A Bélgica pediu que a União Europeia pare de emitir vistos para russos
- Países da Europa acionam o Artigo 4º da Otan para lançar consultas sobre a situação — o que poderia desencadear uma resposta conjunta
- A Otan reforçará forças no flanco leste da aliança, anunciou o secretário-geral da aliança
- Líderes europeus como Boris Johnson, Emmanuel Macron e Ursula von der Leyen prometem duros ataques econômicos contra a Rússia
- O prefeito de Kiev impôs um toque de recolher na capital ucraniana
- A Usina de Chernobyl foi tomada pelas forças russas
- Biden anuncia “maiores sanções econômicas da história” contra Rússia
- Ainda nesta quinta, Macron ligou para Putin e pediu a retirada de tropas da Ucrânia
- A polícia russa prendeu mais de 1.600 cidadãos que protestaram contra a operação militar
A Ucrânia luta contra forças russas ao longo de praticamente toda a sua fronteira com a Rússia. O ataque de Putin começou pelo leste da Ucrânia, mas outras regiões do país também foram atingidas pouco tempo depois, incluindo Kiev.
O presidente russo reconheceu há três dias duas regiões separatistas como independentes: Donetsk e Luhansk. O ato provocou reações e sanções de líderes mundiais. A Ucrânia luta para manter as áreas.
Enquanto a Ucrânia luta para manter as áreas, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que “os próximos dias, semanas e meses serão difíceis” para o povo ucraniano, mas que a população já mostrou que “não irá tolerar ninguém que tente levar seu país para trás”.
Houve conflito nas regiões de Sumy, Kharkiv, Kherson, Odessa e em um aeroporto militar perto de Kiev, informou um conselheiro do gabinete presidencial. A autoridade ucraniana disse temer que as forças russas pudessem ser lançadas por via aérea no país e depois tentar penetrar na capital.
Uma das regiões tomadas pela Rússia foi a Usina de Chernobyl, localizada nas proximidades da fronteira. O local foi palco do acidente nuclear de 26 de abril de 1986.
“É impossível dizer que a usina nuclear de Chernobyl está segura após um ataque totalmente inútil dos russos”, disse o assessor do gabinete presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak. “Esta é uma das ameaças mais sérias na Europa hoje”, declarou.
O órgão de vigilância nuclear da ONU afirmou que as usinas nucleares operacionais da Ucrânia estão funcionando com segurança. Não houve “destruição” nos resíduos restantes e outras instalações em Chernobyl, complementaram em nota.
“A Ucrânia informou a AIEA que ‘forças armadas não identificadas’ assumiram o controle de todas as instalações da Empresa Especializada Estatal de Chernobyl, localizada dentro da Zona de Exclusão”, disse a Agência Internacional de Energia Atômica em comunicado. “A contraparte acrescentou que não houve vítimas nem destruição no local industrial”.
Espaço aéreo fechado
Por causa dos ataques, o espaço aéreo da Ucrânia foi fechado. Autoridades temem que aeronaves com civis possam ser atingidas por armas russas.
“Devido ao alto risco para a segurança da aviação, a Empresa Ucraniana de Serviços de Tráfego Aéreo (UkSATSe) decidiu fechar temporariamente o espaço aéreo da Ucrânia para a aviação civil”.
Abaixo, confira reprodução da Flight Aware da movimentação dos aviões:
Últimas notícias
Rússia reprime protestos; 1.600 estão presos
A polícia da Rússia deteve mais de 1.600 russos que protestaram contra a operação militar das tropas russas na Ucrânia, enquanto as autoridades ameaçaram bloquear reportagens da mídia que contenham o que Moscou descreveu como “informação falsa”. Ao menos 44 cidades registraram manifestações contra a ofensiva russa contra o território ucraniano.
Em atos de dissidência cautelosa, mas incomum no país, estrelas pop russas, jornalistas, um comediante de televisão e um jogador de futebol se opuseram à guerra on-line depois que o presidente Vladimir Putin lançou uma invasão da Ucrânia nas primeiras horas desta quinta-feira (24).
As sanções prometidas pelos EUA e aliados ainda estão em desenvolvimento, mas algumas já foram anunciadas ao longo da quinta-feira.
Falando na Casa Branca na parte da tarde, Joe Biden disse que o governo americano, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e demais aliados limitariam a capacidade da Rússia de fazer negócios em dólares e outras moedas com o objetivo de impor “custos fortes agora e ao longo do tempo”.
Joe Biden anuncia “maiores sanções da história” contra Rússia
O primeiro pronunciamento oficial do presidente norte-americano deu conta de anunciar que EUA e aliados iriam impor sanções históricas contra a Rússia, como o esperado e previamente anunciado. Biden classificou o ataque como “não provocado e sem necessidade” e disse que o presidente Putin “será um pária no cenário internacional”.
“Hoje sancionamos seus bancos, cortamos seus maiores bancos, um terço está fora do sistema econômico. O segundo maior banco da Rússia foi sancionado também”, disse. “Enquanto apertamos sua capacidade de recuperação, cortaremos mais da metade da sua força”.
Não haverá, no entanto, emprego de tropas dos Estados Unidos na região neste momento, afirmou Biden. “Nossas forças não irão lutar no território ucraniano, mas defenderemos nossos aliados. A boa notícia é que a Otan está mais unida e determinada que nunca com nossos compromissos”.
“Ninguém esperava que as sanções iriam impedir o que está acontecendo, isso levará tempo, ele testará se nós continuaremos unidos, e nós iremos. As sanções serão tão fortes quanto as balas e mísseis da Rússia na Ucrânia”, continuou.
A aliança militar ocidental também conversa sobre a disponibilidade de gás natural e acerca da defesa a possíveis ciberataques, complementou Biden.
Além disso, restrições econômicas também foram impostas à Belarus, país aliado da Rússia do qual teriam saído mísseis em direção à Ucrânia.
Aqui estão algumas das sanções anunciadas:
- Limitar a capacidade da Rússia de fazer negócios em dólares, euros, libras e ienes para fazer parte da economia global;
- Limitar capacidade de financiar e aumentar as forças armadas russas;
- Prejudicar sua capacidade de competir na economia de alta tecnologia do século 21;
- Sanções contra bancos russos que juntos detêm cerca de US$ 1 trilhão em ativos.
Biden também avaliou que o presidente russo desejava uma “nova União Soviética”, mas que as “escolhas” dele com esta guerra deixariam “o mundo mais forte”. “Putin é o agressor, Putin começou essa guerra, e ele sofrerá as consequências”, disse.
Na Ucrânia, a população se divide entre se proteger em estações de metrô adaptadas como bunkers e tentar sair da região rumo ao oeste. Longas filas se formaram nas principais avenidas de Kiev. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, convocou a população para defender o país e disse que “cidadãos podem utilizar armas para defender território”.
Em seu pronunciamento antes do ataque, Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. Ele recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.
Secretário dos EUA está “convencido” de que Moscou tentará derrubar governo ucraniano
Nesta quinta-feira (24), o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse estar “convencido” de que Moscou tentará derrubar o governo ucraniano.
“Você não precisa de inteligência para dizer que é exatamente isso que o presidente Putin quer. Ele deixou claro que gostaria não só de reconstituir o Império Soviético, mas também de reafirmar uma esfera de influência em torno dos países vizinhos que já fizeram parte do bloco soviético”, disse Blinken.
O secretário de Estado prometeu que a Otan ficaria no caminho dos objetivos finais de Putin.
“Agora, quando se trata de uma ameaça além das fronteiras da Ucrânia, há algo muito poderoso em seu caminho. Esse é o artigo cinco da Otan, um ataque a um é um ataque a todos”, disse o principal diplomata americano.
Itamaraty: não há como fazer ação de resgate na Ucrânia
O Ministério das Relações Exteriores afirmou que presta assistência aos brasileiros na Ucrânia, mas disse não existir condições, neste momento, de fazer uma ação de resgate no país. Atualmente, há 422 brasileiros que vivem na Ucrânia, segundo informação enviada à CNN por André Mourão, chefe consular em Kiev.
Mais cedo, a embaixada brasileira da Ucrânia havia publicado orientações para os cidadãos e pediu para que os brasileiros presentes na capital Kiev não saiam ainda da cidade devido “grandes engarrafamentos” registrados.
Mesmo assim, o ministro de Relações Exteriores, Carlos França, deve se reunir nas próximas horas com o secretário de estado dos EUA, Antony Blinken, para discutir a crise entre Rússia e Ucrânia, reportou o analista da CNN, Gustavo Uribe.
Nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) republicou orientações da embaixada do Brasil na Ucrânia. “Estou totalmente empenhado no esforço de proteger e auxiliar os brasileiros que estão na Ucrânia”, escreveu.
600 mil ucranianos no Brasil estão aflitos sem notícias de familiares, diz cônsul
O cônsul-honorário da Ucrânia em São Paulo, Jorge Rybka, falou à CNN sobre a situação dos ucranianos no Brasil após os ataques executados pela Rússia ao país do Leste Europeu, na manhã desta quinta-feira (24). As autoridades locais já confirmaram a morte de pelo menos 130 pessoas no conflito.
De acordo com o cônsul, a comunidade ucraniana no Brasil é representada por mais de 600 mil pessoas que estão “aflitas” por notícias de familiares que vivem no país.
“Buscamos ainda a paz, a diplomacia, o que for possível. Pedimos que haja o retrocesso dessa invasão territorial”, disse Rybka.
Sanções vão erodir base industrial russa, diz von der Leyen
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que um próximo pacote de sanções da União Europeia atingirá severamente a economia da Rússia, aumentando a saída de capital, elevando a inflação e erodindo gradualmente sua base industrial.
“Essas sanções vão suprimir o crescimento econômico da Rússia, aumentar os custos dos empréstimos, aumentar a inflação, intensificar a saída de capital e corroer gradualmente sua base industrial”, disse ela a repórteres em Bruxelas, acrescentando que a UE também pretende limitar o acesso da Rússia a tecnologia.
Otan aumentará tropas no leste da Ucrânia
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) reforçará ainda mais suas tropas no flanco leste da aliança, disse o secretário-geral Jens Stoltenberg na manhã desta quinta-feira. A aliança militar informou que vai colocar mais de 100 aviões de guerra em alerta máximo na região.
“Nos próximos dias e semanas, virão ainda mais (soldados). Estamos aumentando nossa presença na parte leste da aliança”, disse ele a repórteres em Bruxelas. A Otan também ativou seus planos de defesa para facilitar um movimento mais rápido de tropas, disse Stoltenberg.
Vamos cobrar Putin por sua agressão, diz Boris Johnson
No começo da tarde desta quinta-feira (24), o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou um pacote de sanções econômicas à Rússia. Dentre as medidas, estão congelamento financeiro e banimento de exportações.
“Esses poderes vão nos permitir excluir os bancos russos do sistema financeiro do Reino Unido, que é o maior da Europa, impedindo-os de acessar e fazer pagamentos através do Reino Unido”, declarou. “Vamos criar uma nova legislação para banir a exportação de itens para a Rússia, incluindo itens tecnológicos, componentes tecnológicos, em setores na área de eletrônica, telecomunicação e setor aeroespacial”.
Também foi anunciada a suspensão de financiamento e empréstimos para empresas russas, além de limitação do número de verbas que poderão depositar em contas bancárias britânicas. Segundo o premiê, as medidas também serão aplicadas à Belarus – alinhada a Putin.
“Ataque mais sério à paz” em décadas, diz Macron
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse durante um discurso que a agressão contra a Rússia contra a Ucrânia constitui “o ataque mais sério à paz e à estabilidade na Europa em décadas”.
“Ao escolher a guerra, o presidente Putin não atacou apenas a Ucrânia”, disse ele. “Ele decidiu realizar o mais sério ataque à paz e à estabilidade na Europa em décadas”, disse. “Estes eventos são um ponto de viragem na história da Europa e do nosso país. Terão consequências duradouras e de longo alcance nas nossas vidas, na geopolítica do nosso continente”, complementou.
Como outros líderes europeus, Macron afirmou que as sanções europeias terão como alvo os setores militar, econômico e energético da Rússia.
Países da Europa ocidental acionam Artigo 4º da Otan
Países membros da Otan na Europa Oriental – Polônia, Estônia, Letônia e Lituânia – acionaram o Artigo 4º da organização para lançar consultas dentro da aliança sobre o ataque da Rússia à Ucrânia.
De acordo com o site da OTAN, a consulta ao abrigo do Artigo 4º pode levar a uma ação coletiva entre os 30 estados membros. “As partes se consultarão sempre que, na opinião de qualquer uma delas, a integridade territorial, a independência política ou a segurança de qualquer uma das partes estiver ameaçada”, diz o artigo 4º do tratado.
Bélgica pede que União Europeia pare de emitir vistos para russos
A Bélgica quer que a União Europeia pare de emitir vistos para todos os cidadãos russos, incluindo estudantes, trabalhadores e turistas, disse o ministro do Asilo e Imigração, nesta quinta-feira (24), em resposta ao ataque de Moscou à Ucrânia.
“O ataque imprudente da Rússia nos obriga a ter cuidado com os russos que desejam vir para a Bélgica”, disse a autoridade belga, Sammy Mahdi, em comunicado. “No momento, os russos não são bem-vindos aqui, uma proibição geral de visto para russos não deve ser um tabu”, disse ele, acrescentando que isso deve afetar estadias de curto e longo prazo.
China não chama ataque da Rússia à Ucrânia de “invasão”
A China rejeitou chamar os ataques da Rússia sobre a Ucrânia de “invasão” e fez um apelo para que todos os lados exerçam contenção. No entanto, o governo do país aconselhou seus cidadãos na Ucrânia a permanecerem em casa ou ao menos tomarem a precaução de exibir uma bandeira chinesa se precisassem dirigir para qualquer lugar.
“A China está monitorando de perto a situação mais recente. Pedimos todos os lados a exercer contenção para evitar que a situação fique fora de controle”, disse Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.
Como foi o primeiro dia da guerra
Os ataques que se seguiram ao longo do dia foram flagrados por equipes da CNN em Kiev. Logo pela manhã, o repórter da CNN Brasil, Mathias Brotero, relatou ter ouvido barulhos que podem ser de explosões.
Os cidadãos de Kiev iniciaram um movimento de tentar sair da cidade. Na manhã de quinta, foram registradas longas filas de carros na capital ucraniana. O trânsito intenso tinha como direção o Oeste, longe de onde as explosões foram ouvidas pela manhã, com poucos carros indo para o Leste.
Estações de metrô na cidade de Kharkiv, no leste ucraniano, viraram abrigo para moradores em meio à invasão de tropas da Rússia. Próxima da fronteira, a cidade foi alvo de bombardeio nesta quinta.
“É absolutamente surreal. Ontem, isso estaria cheio de passageiros indo e voltando para o trabalho. Hoje, tornou-se um abrigo antiaéreo improvisado”, relatou a principal correspondente internacional da CNN, Clarissa Ward.
A repórter informou que ela e sua equipe estavam do lado de fora quando então ouviram uma “série de baques”. “As pessoas começaram a entrar aqui… Essas pessoas estão assustadas. Estão confusas. Estão desesperadamente incertas sobre o que devem fazer, por quanto tempo podem se abrigar aqui, para onde vão a partir daqui”.
Em entrevista à CNN, Alexandre Bruzzi, brasileiro residente em Kiev, relata a situação da capital da Ucrânia durante a madrugada desta quinta-feira (24), após invasão de tropas russas no país.
“Estou um pouco distante do centro de Kiev. A gente só armazenou suprimentos, passaporte, utensílios que vão ajudar a gente no momento mais sério de fuga. Estamos tensos, seguindo orientações das autoridades locais, que pediram pra gente ficar em casa para não existir pânico”, disse Bruzzi.
Apelo similar foi feito por jogadores de futebol brasileiros dos times de Shakthtar Donetsk e Dinamo de Kiev, que pediram ajuda pelas redes sociais para saírem da Ucrânia.
Em um vídeo gravado ao lado de suas esposas e filhos, um dos jogadores diz que eles deixaram suas casas e foram para um hotel, mas, com o espaço aéreo e as fronteiras fechadas, não conseguem deixar Kiev. “A gente pede muito apoio ao governo do Brasil para que possa nos ajudar”, afirma.
Kiev fica quieta e escura após decreto de toque de recolher noturno
A cidade de Kiev, capital da Ucrânia, ficou escura e muito quieta na quinta-feira à noite. O descanso da noite contrasta fortemente com um dia marcado por explosões esporádicas e sirenes de ataque aéreo.
O presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitschko, anunciou um toque de recolher entre 22h e 7h, no horário local, deixando as ruas desertas e muitos edifícios completamente escuros.
Pessoas ao redor de toda a cidade apagaram suas luzes ou fecharam suas cortinas.
O sistema de transportes público da cidade também foi interrompido durante a noite, enquanto todas as estações de metrô permanecem abertas e podem ser usadas como abrigo de emergência.
Zelensky: Vamos prover armas a todos que quiserem
Horas após o início do ataque, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, concedeu uma entrevista coletiva liberando o uso de armas para “defender o território”. Ele pediu doação de sangue e afirmou que todos que estivessem preparados para defender o país deveriam se apresentar às forças militares.
Não temos oponentes políticos agora. Somos todos cidadãos de um país maravilhoso e defendemos nossa liberdade… Nós temos armas defensivas para defender nossa soberania… Qualquer pessoa, esteja pronta para defender seu Estado em praças ou cidades
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia
O dia prosseguiu com mais ataques. Segundo o Ministério da Defesa ucraniano, às 15h do horário local – 10h pelo horário de Brasília –, “a luta continuava ao longo de toda a linha de contato”. Já próximo às 17h do horário local, um alerta de ataque aéreo foi emitido pelo governo da cidade de Kiev.
Todos os moradores foram orientados a procurar abrigos subterrâneos. Foi decretado um toque de recolher na cidade.
Além de Chernobyl, outras regiões da Ucrânia começaram a cair perante os russos. Partes da região de Kherson, no sul da Ucrânia, não estavam mais sob o controle ucraniano, disse o governo regional, enquanto as forças russas atacavam por terra, mar e ar.
A pasta também afirmou que 4 mísseis balísticos foram lançados na direção sudoeste a partir de Belarus, país aliado da Rússia.
A CNN internacional verificou e localizou imagens que circulam nas redes sociais de uma explosão na base aérea de Melitopol, no sudeste da Ucrânia. Os vídeos começaram a circular ao meio-dia, horário local, e mostram uma grande nuvem de fumaça perto do aeroporto, seguida por um estrondo que sacode a câmera.
O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) disse que os guardas de fronteira ucranianos abandonaram todas as instalações na fronteira russo-ucraniana, segundo a agência de notícias Interfax.
O Ministério da Defesa da Rússia também afirmou ter destruído 74 instalações de infraestrutura militar em solo ucraniano, incluindo 11 aeródromos, informou a agência de notícias RIA, também estatal.
Reação do mercado financeiro
Os mercados asiáticos, europeus e dos Estados Unidos despencaram após a operação militar russa na Ucrânia. Os investidores analisam como a invasão da Ucrânia vai impactar a economia na Europa.
A Rússia é um dos principais fornecedores de gás natural do continente. A Alemanha anunciou a suspenção da certificação do gasoduto Nord Stream 2, o que deve impactar os preços.
A Bolsa de Moscou chegou a suspender as operações durante a manhã, mas voltou a abrir posteriormente, registrando uma queda histórica.
Primeiras reações de líderes mundiais nas redes sociais
Continuo as negociações com os líderes. Recebi apoio do Emir do Catar @TamimBin Hamad. O mundo está conosco.
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia
A Rússia sozinha é responsável pela morte e destruição que este ataque trará, e os Estados Unidos e seus aliados e parceiros responderão de forma unida e decisiva. O mundo responsabilizará a Rússia.
Presidente Joe Biden, dos EUA
As forças russas invadiram a Ucrânia, um país livre e soberano. Condenamos este ataque bárbaro e os argumentos cínicos usados para justificá-lo. Mais tarde, apresentaremos um pacote de sanções maciças e direcionadas.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia
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A França condena veementemente a decisão da Rússia de declarar guerra à Ucrânia. A Rússia deve encerrar suas operações militares imediatamente.
Presidente da França, Emmanuel Macron
Condeno veementemente a ação militar da Rússia contra a Ucrânia. Vou reunir-me com o Ministro dos Negócios Estrangeiros, o Ministro da Defesa Nacional e o Chefe Supremo das Forças Armadas Nacionais (CEMGFA). Pedi também ao Presidente português uma reunião urgente do Conselho Superior da Defesa Nacional. Meus pensamentos estão com o povo ucraniano sob este ataque injustificado e lamentável.
Primeiro Ministro de Portugal, António Costa
O Governo de Espanha condena a agressão da Rússia contra a Ucrânia e manifesta a sua solidariedade com o Governo ucraniano e o seu povo. Permaneço em contato próximo com nossos parceiros e aliados na União Europeia e @NATO para coordenar nossa resposta.
Pedro Sánchez, primeiro-ministro da Espanha
Estou consternado com os terríveis acontecimentos na Ucrânia e falei com o Presidente Zelenskyy para discutir os próximos passos. O presidente Putin escolheu um caminho de derramamento de sangue e destruição ao lançar este ataque não provocado à Ucrânia. O Reino Unido e nossos aliados responderão de forma decisiva.
Boris Johnson, primeiro-ministro inglês
O Canadá condena – nos termos mais fortes possíveis – o flagrante ataque da Rússia à Ucrânia. Essas ações não provocadas são uma clara violação da soberania e integridade territorial da Ucrânia e das obrigações da Rússia sob o direito internacional e a Carta da ONU. O Canadá pede à Rússia que cesse imediatamente todas as ações hostis e provocativas contra a Ucrânia e retire todas as forças militares e procuradas do país. A soberania e a integridade territorial da Ucrânia devem ser respeitadas.
Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá
Condeno veementemente o ataque militar da Rússia contra a #Ucrânia. Coloca em perigo milhões de pessoas inocentes e mina os fundamentos da ordem internacional. Cabe ao Ocidente agora responder adequadamente!
Gitanas Nausėda, presidente da Lituânia
Esta invasão – um ato de agressão sem precedentes – deve ser objeto de uma resposta forte e de um conjunto sólido de sanções, adotado o mais rapidamente possível a nível europeu e em estreita consulta com os nossos parceiros e aliados.
Sophie Wilmes, primeira ministra da Bélgica
A Colômbia rechaça categoricamente os ataques da Rússia contra a Ucrânia. Estes atos violam a soberania da Ucrânia e colocam em risco a vida de milhares de pessoas, numa situação inquestionável contrária ao direito internacional e à Carta das Nações Unidas.
Iván Duque, presidente da Colômbia
Consideramos e rejeitamos a ação militar russa em território ucraniano hoje cedo. Este passo, que consideramos contrário ao direito internacional; é um duro golpe para a paz, paz e estabilidade da região.
Recep Erdogan, presidente da Turquia
As forças militares russas lançaram uma ofensiva contra a Ucrânia. O Uruguai é um país que está sempre comprometido com a paz. Rejeitamos ações contrárias ao direito internacional e aos princípios da ONU. É urgente que as negociações voltem para resolver o conflito de forma civilizada
Luis Lacalle Pou, presidente do Uruguai
Pare a Guerra. A guerra traz miséria à humanidade e coloca o mundo inteiro em risco.
Joko Widodo, presidente da Indonésia
Qual é o tamanho dos exércitos da Rússia e Ucrânia?
A realidade é que há uma grande diferença entre o exército ucraniano e o exército russo. “Este não é o mesmo exército russo que estava em ruínas logo após a Guerra Fria“, diz o analista Jeffrey Edmonds, do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.
“É um exército muito móvel, bastante moderno e bem treinado, com uma força aérea muito saudável, grandes forças terrestres, muito controle de artilharia, navios pequenos com muita capacidade para missões de ataque ao solo”.
Resumo para entender o conflito
Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia atacou o país do Leste Europeu. No amanhecer desta quinta-feira (24), as forças russas começaram a bombardear diversas regiões do país.
Horas mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou uma “operação militar especial” na região de Donbas (ao Leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, as quais ele reconheceu independência).
O que se viu nas horas a seguir, porém, foi um ataque a quase todo o território ucraniano, com explosões em várias cidades, incluindo a capital Kiev, na maior ofensiva de um Estado contra outro na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
De acordo com autoridades ucranianas, dezenas de mortes foram confirmadas nos exércitos dos dois países.
Em seu pronunciamento antes do ataque, Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. Putin recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.
Esse ataque ao ex-vizinho soviético ameaça desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.
A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país.
Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não tiveram êxito.
A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.
*Com informações da CNN Internacional e da Agência Reuters, além de Giulia Alecrim, Vinícius Bernardes, Léo Lopes, Giovanna Galvani, Tiago Tortella, Renata Souza e Vinícius Tadeu da CNN Brasil