Busca Implacável de Homem Fugitivo com Histórico de Evasão Continua na Pensilvânia
Na região de Filadélfia, o alvo da caçada humana desapareceu na natureza em 2017 após a emissão de um mandado de prisão relacionado a um assassinato no norte do Brasil.
Naquela noite sombria, enquanto uma chuva leve começava a cair na praça da cidade quase deserta, Evaldo Alves Feitosa, atrás do balcão de sua lanchonete, ouviu os tiros rasgando o silêncio. Percebendo os estampidos, ele inicialmente imaginou que fosse o som de fogos de artifício, típico de festas nas redondezas.
“Pensei que fosse um rojão de uma festa no clube ali”, disse o Sr. Feitosa, enquanto a luz fraca da lanchonete iluminava seu rosto preocupado. Contudo, ao observar pela janela, testemunhou uma cena aterradora: Danelo Cavalcante, também conhecido como Danilo, fugindo em disparada em um carro prateado, deixando para trás Valter Júnior Moreira dos Reis, baleado seis vezes e imerso em uma poça de sangue.
“Foi a última vez que vi Danilo”, disse o Sr. Feitosa, sua voz carregada de pesar. “Ele desapareceu.”
Agora, Danilo Cavalcanti é o alvo de uma busca implacável nas terras selvagens da Pensilvânia. Quase duas semanas se passaram desde sua fuga da Prisão do Condado de Chester em 31 de agosto. Sua sentença era consequência do assassinato de sua ex-namorada, Déborah Evangelista Brandão, em abril de 2021. Curiosamente, essa não foi a primeira vez que Cavalcanti tentou escapar da justiça.
Ele já havia sido condenado e sentenciado em agosto e estava prestes a começar a cumprir pena perpétua em uma prisão estadual da Pensilvânia quando, apenas dias antes, elaborou sua audaciosa tentativa de fuga. Depois de passar mais de uma semana escondido nas pacíficas comunidades ao sul da prisão, ele finalmente conseguiu escapar do perímetro estabelecido pelas autoridades e roubou uma van de entrega durante o fim de semana. As imagens de uma câmera de campainha o capturaram no sábado à noite, mas a polícia o perdeu de vista quando ele abandonou a van devido à falta de combustível.
Na segunda-feira, autoridades compartilharam com a imprensa que os recentes movimentos de Cavalcanti alteraram o enfoque da busca, agora empenhada no “jogo longo”, nas palavras de Robert Clark, um supervisor de xerife dos Estados Unidos. Pediram à população local que permanecesse alerta e enfatizaram as consequências para quem colaborasse com o fugitivo. A irmã de Cavalcanti, que morava nas proximidades, optou por não auxiliar as autoridades na busca e está enfrentando um processo de deportação devido ao vencimento de seu visto.
Essa caçada se estende além das fronteiras dos Estados Unidos, pois Danilo Cavalcanti também desapareceu do remoto trecho do norte do Brasil em 2017, após o suposto assassinato de Valter Júnior Moreira dos Reis. As autoridades emitiram um mandado de prisão contra ele em novembro de 2017.
Na primeira fuga, ele encontrou refúgio nos arredores rurais de Figueirópolis, uma cidade brasileira com cerca de 5.000 habitantes, escondida no estado do Tocantins. Após o crime, ele se abrigou em uma fazenda a menos de uma hora da cidade, de acordo com relatos de moradores locais.
“Aqui, fazendas de gado se estendem por quilômetros, ladeadas por arbustos e florestas ressecadas. Cercas de arame farpado, algumas com crânios de vacas no topo, marcam o fim de um terreno e o início do próximo. Estradas de terra serpenteiam por pedras pontiagudas, formando labirintos traiçoeiros que afastam os estranhos”, descreveu Kelton Meneses, um padre em Figueirópolis.
O Sr. Cavalcanti havia se mudado para a região pouco mais de um ano antes do assassinato, chegando com a mãe e o irmão do estado vizinho do Maranhão, de acordo com relatos de quatro moradores. Trabalhava em uma fazenda próxima chamada Mula Preta, cuidando do gado e das máquinas. Sua família comprou um terreno em uma comunidade rural próxima, onde criavam gado e cavalos.
Entretanto, sua estadia na região foi marcada pela discrição, e ele permaneceu enigmático para muitos dos habitantes locais. Darci Gomes Neve, 75, um vizinho da área há duas décadas, comentou: “Ninguém realmente conhecia bem essas pessoas. Danilo não ficou muito tempo. Ele sumiu; ninguém mais ouviu falar dele.”
A tragédia se desenrolou em novembro de 2017, quando Danilo confrontou Valter Júnior Moreira dos Reis na praça local. O motivo do encontro era uma disputa envolvendo um carro emprestado que teria sido danificado e cujos reparos Moreira se recusava a pagar. A tensão entre os dois homens escalou, culminando em um confronto fatal.
Desde então, Danilo Cavalcanti se manteve foragido no Brasil, segundo as autoridades de Tocantins. Agora, com sua fuga e a subsequente caçada nos Estados Unidos, os moradores da cidade brasileira de onde ele desapareceu há seis anos estão enfrentando o ressurgimento do medo e da incerteza. Maria Cardoso, professora aposentada e amiga próxima da família de Moreira, refletiu sobre o impacto, dizendo: “É como uma ferida que estava cicatrizando. Agora, está tudo voltando. As pessoas estão abaladas. As pessoas estão com medo.”
Nitro News Brasil com informações do The New York Times