Cientista afirma que o submarino Titan desaparecido pode ter sofrido uma “falha catastrófica”

Michael Guillen, mergulhador do Titanic, aponta evidências preocupantes no caso do submarino da OceanGate Expeditions

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Submarino Titan, em foto sem data
OceanGate Expeditions/Divulgação via REUTERS
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Um cientista e jornalista que mergulhou nos destroços do Titanic há duas décadas disse, nesta quarta-feira (21), que deve ter havido uma “falha catastrófica geral” para o submarino da OceanGate Expeditions desaparecer no último domingo (18).

Segundo o Dr. Michael Guillen, ex-editor de ciência da ABC News, que ficou preso na hélice do Titanic e sobreviveu à expedição em 2000, há evidências que se destacam no caso.

Uma das evidências notáveis, de acordo com o Dr. Guillen, é o fato de a embarcação ter perdido a comunicação tão cedo na descida, um processo que geralmente leva entre duas e três horas.

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Além disso, Guillen explicou que uma falha de “meras comunicações” não é tão plausível, uma vez que o submarino Titan foi projetado para retornar automaticamente à superfície em caso de crise, o que não ocorreu.

Os ruídos submarinos detectados na área de busca do Atlântico Norte são considerados um sinal positivo, de acordo com Guillen, mas ele ressalta que “não há garantias”, pois a recuperação do submarino, caso seja encontrado, envolve um grau de complexidade considerável.

De acordo com as especificações da empresa, o submersível possuía 96 horas de ar, o que indica que o oxigênio poderia acabar na manhã de quinta-feira. No entanto, Guillen explicou que esse prazo pode variar de acordo com fatores como o nível de estresse dos ocupantes do submarino, que podem respirar de forma mais intensa.

Questões relacionadas à segurança do Titan foram levantadas em um processo movido em 2018 por David Lochridge, ex-diretor de operações marítimas da OceanGate, que alegou ter sido demitido por expressar preocupações sobre a capacidade do casco de resistir a profundidades extremas.

A OceanGate, em sua própria ação judicial contra Lochridge, recusou-se a aceitar as garantias do engenheiro-chefe e o acusou de divulgar informações confidenciais indevidamente. Em novembro de 2018, as duas partes chegaram a um acordo judicial, sem divulgar os detalhes da disputa.

Meses antes do processo, um grupo de líderes da indústria de submersíveis escreveu à OceanGate, alertando que a abordagem “experimental” no desenvolvimento do submarino poderia resultar em problemas que vão de incidentes menores até situações catastróficas, informou o New York Times.