Especialistas discutem as consequências da invasão de Gaza e apontam para o risco iminente de uma tragédia humanitária.
A invasão de Gaza está prestes a atingir um ponto crítico, e a ordem de retirada de 1,1 milhões de civis do norte da Faixa de Gaza chegou ao fim. Neste cenário tenso, José Milhazes e Pedro Cordeiro, especialistas em geopolítica e conflitos internacionais, examinam as implicações dessa escalada de violência e suas possíveis consequências. O prazo para a retirada expirou às 22 horas de Lisboa, e as perspectivas são sombrias. O editor da secção de Internacional do Expresso, Pedro Cordeiro, e o comentador José Milhazes concordam que os “civis serão as principais vítimas” deste conflito.
José Milhazes faz uma observação contundente ao sugerir que “se for feito um inquérito a sério em Israel, e eles costumam fazê-los, depois deste terrível ataque terrorista, eu penso que Netanyahu poderá mesmo ir para a prisão”. Esta afirmação levanta preocupações sobre as implicações políticas desse conflito e seus potenciais desdobramentos.
A situação se torna ainda mais complexa com os comentários de Vladimir Putin, que, de acordo com Milhazes, são alarmantes: “Isto seria a brincar se não fosse tão mau. Isto é tenebroso.” Putin afirmou que “a morte de civis é inaceitável”. No entanto, a crítica de Milhazes sugere que a retórica política em torno do conflito está longe de ser uma solução eficaz.
Um ponto crítico dessa análise é a necessidade de mediação no conflito entre Israel e o Hamas. Milhazes enfatiza que “Agora nem o Hamas nem Israel querem que este senhor possa vir a ser o intermediário nas conversações”. Essa relutância em aceitar a mediação de Putin pode complicar ainda mais a resolução do conflito.
O editor da secção de Internacional do Expresso, por sua vez, destaca que “civis e inocentes vão ser as principais vítimas do que se prevê que se passe em Gaza nos próximos dias”. Com uma invasão terrestre em andamento e a mobilização de 300 mil reservistas, a situação se torna alarmante. A busca por membros do Hamas em uma população densamente concentrada é uma tarefa incrivelmente desafiadora e perigosa. “Prevê-se uma luta duríssima, brutal, casa a casa, rua a rua, em que os civis não vão de maneira nenhuma poder ser postos a salvo,” afirma.
Nesse contexto, os corredores humanitários criados para fornecer comida, água e medicação enfrentam dificuldades. Pedro Cordeiro elogia os esforços diplomáticos, mas ressalta que “também começam a ser de difícil aplicação”. O acesso a esses corredores pode ser prejudicado devido à escalada da violência.
O editor do Expresso acredita que a invasão de Gaza depende fortemente de informações de inteligência israelenses, com o objetivo de localizar líderes, militantes e membros do Hamas. No entanto, essa estratégia é extremamente desafiadora, considerando a densidade populacional de dois milhões de pessoas em uma área do tamanho do concelho de Vila Franca de Xira. “Tem tudo para ser uma carnificina”, adverte.
José Milhazes acrescenta que as baixas militares de soldados israelitas podem ser maiores do que o esperado devido à dificuldade de usar tanques em um território tão densamente povoado. O cenário se desenha sombrio, com a população civil no epicentro da tragédia.
Neste momento crítico, as perspectivas para Gaza são incertas, e a preocupação com as vidas civis continua a crescer, colocando uma sombra sobre o desfecho deste conflito.