Israel bombardeia instituição financeira ligada ao Hezbollah no Líbano

Ataques aéreos israelenses atingem instalações da Al-Qard al-Hassan em Beirute

© REUTERS/JIM URQUHART/PROIBIDA REPRODUÇÃO

No último domingo (20), o Exército israelense realizou uma série de ataques aéreos no Líbano, direcionados aos escritórios da instituição financeira Al-Qard al-Hassan, acusada de financiar as operações do Hezbollah. A organização é conhecida por seu vínculo com o Irã e atua como uma força política e militar no Líbano. Segundo a agência de notícias libanesa Ani, os ataques se concentraram no sul de Beirute e no leste do país, resultando na destruição de várias instalações. Os ataques ocorreram após o aviso israelense à população local para evacuar a área.

A Al-Qard al-Hassan, alvo central dos bombardeios, é considerada pelos Estados Unidos como uma fachada financeira do Hezbollah, usada para gerir suas finanças. A instituição possui mais de 30 filiais em todo o Líbano, sendo uma peça-chave para o funcionamento da infraestrutura financeira do grupo xiita. O Exército israelense afirmou que a operação foi parte de uma estratégia maior para enfraquecer o Hezbollah em meio a crescentes tensões na região.

Consequências dos bombardeios e cenário no Líbano

Testemunhas no local relataram que os ataques em Chiyah, bairro no subúrbio sul de Beirute, destruíram um edifício, deixando a área em escombros. Felizmente, as poucas pessoas presentes conseguiram evacuar antes da explosão, evitando vítimas fatais. Além dos bombardeios na capital, Israel também intensificou suas operações no sul do Líbano e no Vale de Bekaa, região conhecida por abrigar forças do Hezbollah.

O ataque mais recente faz parte de uma ofensiva maior que vem ocorrendo desde o final de setembro, com bombardeios contínuos e operações terrestres no sul do Líbano. Segundo autoridades libanesas, mais de 50 localidades foram atingidas apenas no último domingo. O Exército libanês, que mantém uma postura neutra no conflito, anunciou a morte de três de seus soldados após um ataque israelense no sul do país.

Reação do Hezbollah e resposta israelense

Em resposta aos ataques, o Hezbollah reivindicou a autoria de novos bombardeios em três bases militares israelenses no norte de Israel. Além disso, o grupo afirmou ter abatido um drone israelense em território libanês, sem divulgar a localização exata. O conflito entre Israel e o Hezbollah se intensificou ao longo do último ano, resultando em mais de 1.470 mortos no Líbano, de acordo com dados da AFP, enquanto a ONU contabilizou aproximadamente 70 vítimas no início de outubro.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acusou o Hezbollah de tentar assassiná-lo após um ataque de drone atingir sua residência privada em Cesareia, no centro de Israel. Embora o grupo xiita não tenha assumido a responsabilidade pelo ataque, autoridades iranianas insinuaram o envolvimento do Hezbollah na ação.

Mediação dos EUA e busca por cessar-fogo

Em meio à escalada de tensões, o enviado dos Estados Unidos, Amos Hochstein, chegou a Beirute nesta segunda-feira (21) para dialogar com autoridades libanesas sobre a possibilidade de um cessar-fogo. Hochstein se reuniu com o primeiro-ministro interino do Líbano, Najib Mikati, e o presidente do Parlamento, Nabih Berri, com o objetivo de negociar um acordo de paz entre Israel e o Hezbollah. No entanto, o impasse persiste, especialmente após o apoio contínuo dos EUA a Israel.

A missão de Hochstein é vista como uma última tentativa de resolver a crise diplomática antes das próximas eleições presidenciais americanas. Autoridades libanesas, no entanto, deixaram claro que não aceitarão alterações à resolução 1.701 da ONU, que encerrou o conflito entre Hezbollah e Israel em 2006.

Condições de Israel para cessar as hostilidades

Israel teria apresentado um conjunto de condições aos Estados Unidos para encerrar os ataques no Líbano. Dentre as exigências, o país quer que suas forças tenham liberdade para realizar operações de segurança no sul do Líbano, visando impedir o Hezbollah de se rearmar e reconstruir suas infraestruturas militares. Além disso, Israel deseja manter o controle do espaço aéreo libanês para futuras operações.

No entanto, fontes ligadas ao governo norte-americano indicaram que tais condições são pouco prováveis de serem aceitas pela comunidade internacional ou pelo Líbano.

 

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