No Afeganistão, volta às aulas tem cortina separando sala entre homens e mulheres

Talibã quer salas separadas entre alunos e alunas. As mulheres terão que sair da sala cinco minutos antes dos estudantes homens e aguardar, em salas de espera, até que eles deixem o local.

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Imagem da Universidade Avicenna, em Cabul, no Afeganistão que foi divulgada em redes sociais em 6 de setembro de 2021 — Foto: Reprodução/Via Reuters

As aulas voltaram em universidades do Afeganistão depois que o Talibã tomou o poder, e em algumas classes as mulheres e os homens foram separados por cortinas no meio da sala.

Fotografias de salas de aula da Universidade de Avicenna em Cabul mostram uma cortina cinza dividindo o centro da sala de aula, com estudantes mulheres vestidas com túnicas compridas e véus de cabeça, mas com rostos visíveis.

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Não se sabe se as divisórias das salas são uma ordem do Talibã.

Alunos da Universidade Avicenna, em Cabul, em imagem divulgada em redes sociais — Foto: Reprodução/Via Reuters

Parte das mulheres do país teme perder os direitos pelos quais lutaram nas últimas duas décadas. Muitas famílias e autoridades do país, que é profundamente conservador, resistem a permitir que elas estudem.

Um professor de jornalismo da Universidade Herat disse à agência Reuters que decidiu dividir sua aula em duas —as mulheres participarão da primeira metade e, depois, será vez dos homens.

Parte dos alunos e dos professores fugiu do país.

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Observadores internacionais têm prestado atenção ao que ocorre nas unidades de ensino do país depois que o Talibã voltou a governar.

Alguns países do Ocidente afirmaram que só vão enviar dinheiro de auxílio ao Afeganistão se o Talibã der um tratamento digno a mulheres e meninas.

Durante o primeiro governo do grupo, entre 1996 e 2001, as mulheres foram proibidas de frequentar escolas e universidades e não podiam trabalhar.

Nas últimas semanas, os talibãs afirmaram que as mulheres receberão tratamento específico da lei islâmica, mas nunca especificaram o que isso significa.

O que o Talibã já disse sobre as estudantes

O Talibã chegou a determinar novas regras para que estudantes possam frequentar as universidades: as estudantes afegãs terão que usar uma abaya (um vestido longo usado pelas muçulmanas) preta e um véu, o niqab, que cobre o rosto deixando apenas os olhos à mostra.

As aulas não serão mistas, segundo um decreto publicado pelo novo regime talibã.

Além disso, as mulheres inscritas nestes estabelecimentos terão que sair da sala cinco minutos antes dos estudantes homens e aguardar, em salas de espera, até que eles deixem o local, de acordo com o decreto que tem data de sábado (4) e foi publicado pelo Ministério do Educação superior.

 

As universidades terão também que “recrutar professoras para as estudantes”, ou tentar contratar “professores idosos” cuja moralidade tenha sido testada.

Cortina é solução temporária

 

Professores e alunos das universidades das grandes cidades (Cabul, Kandahar e Herat) disseram que as mulheres foram separadas —elas recebem aulas em outras salas ou ficam restritas a uma parte específica dos campus.

Anjila, uma aluna de 21 anos da Universidade de Cabul, afirma que mesmo antes do Talibã retomar o poder, os estudantes já se sentavam separados por gênero, mas não havia divisão física entre eles. “Colocar cortinas é inaceitável”, ela afirmou.

Oficialmente, o Talibã não fez nenhum comentário sobre as fotos de alunos separados por cortinas. Um dirigente do grupo extremista deu declarações a respeito das imagens com a condição de que não fosse identificado. A divisão é totalmente aceitável, segundo ele, e que o Afeganistão é um país de recursos limitados e, agora, o melhor é ter o mesmo professor ensinando para os dois lados das turmas.

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Clayton Lima

Uma pessoa apaixonada por esportes, praias e pela leitura de clássicos literários como "Dom Casmurro", além de obras contemporâneas como "O Código Da Vinci" e explorando questões fascinantes sobre a "Origem da Vida", sempre buscando cativar as pessoas.

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