Quase uma semana após o primeiro ataque, tropas russas seguem cercando Kiev. Ministro diz que continuará ofensiva na Ucrânia até alcançar seus objetivos.
A Rússia atacou com mísseis um prédio do governo ucraniano em Kharkiv, a 2ª maior cidade do país, nesta terça-feira (1º), sexto dia de guerra. Um vídeo mostra uma grande bola de fogo que envolve carros que estavam no local.
Enquanto isso, imagens de satélite continuam mostrando que forças russas estão se aproximando de Kiev, a capital da Ucrânia. Imagens capturadas na cidade de Berdyansk também mostram as tropas russas se movimentando ao sul da Ucrânia.
De acordo com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, a Rússia atacou a Ucrânia com 56 foguetes e 113 mísseis de cruzeiro só nos primeiros cinco dias. Ele também afirmou que após o bombardeio de Kharkiv, no nordeste ucraniano, será necessário considerar esta como uma zona de exclusão aérea.
Em uma transmissão após o bombardeio de Kharkiv, Zelensky acusou a Rússia e disse que um Estado que comete crimes de guerra não deve ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.
Zelensky também pediu à União Europeia para provar que estão do lado dos ucranianos no conflito com a Rússia.
“A União Europeia será muito mais forte conosco, isso é certo. Se vocês, a Ucrânia será muito mais solitária. Provem que estão conosco, provem que não vão nos deixar, provem que vocês são de fato europeus e, então, a vida vai vencer a morte e a luz vai vencer a escuridão.”
Sanções e bloqueios
O grupo de transporte marítimo Maersk anunciou queinterromperá temporariamente todo o transporte de contêineres para a Rússia, se juntando a uma série de outras empresas após as sanções ocidentais impostas a Moscou.
A suspensão, que abrange todos os portos russos, não inclui alimentos, suprimentos médicos e humanitários, disse a dinamarquesa Maersk. A Maersk detém 31% da operadora portuária russa Global Ports, que opera seis terminais na Rússia e dois na Finlândia.
O Google anunciou o bloqueio de canais do YouTube ligados à rede de TV Russia Today e ao portal Sputinik, ambos veículos de comunicação estatais controlados e financiados pelo governo russo, em toda a Europa (leia mais aqui).
O governo da Rússia, por sua vez, tem tomado uma série de ações para tentar proteger a economia das sanções externas – com algum sucesso. Neste terça-feira (1º), o rublo recuperava boa parte das perdas da véspera, mas ainda acumulava queda de quase 30% em relação aos seus melhores níveis no ano.
Reunião de emergência na ONU
A Assembleia da ONU que começou nesta segunda-feira (28), e que visa criar meios para acabar com o conflito, deve continuar nesta terça-feira (1º). Mais de 110 países se inscreveram para discursar. Durante o primeiro dia de reuniões apenas 45 representantes conseguiram falar.
No encontro, o Brasil reforçou a posição do país contra a Guerra na Ucrânia e, durante discurso, o embaixador brasileiro Ronaldo Costa Filho pediu uma negociação diplomática “a favor da paz” no país invadido por tropas da Rússia.
“Estamos com um aumento rápido das tensões, que podem colocar toda a humanidade em risco, mas ainda temos tempo para parar com isso. Acreditamos que o Conselho de Segurança ainda não exauriu os instrumentos que tem a disposição para contribuir para uma solução negociada e diplomática, a caminho da paz”, completou.
O presidente dos EUA, Joe Biden, deve discursar no Congresso americano nesta terça-feira (1º), como parte de uma tradição anual do país.
Normalmente, o discurso é focado em capacidades do país, promessas para o ano seguinte e comemorações sobre promessas cumpridas no discurso anterior. Neste ano, porém, o esperado é que Biden comente também sobre a guerra na Ucrânia.
Biden, entretanto, já vem se pronunciando sobre o conflito desde o primeiro dia de invasão. O presidente dos EUA disse nesta segunda-feira (28) que os americanos não devem se preocupar com uma guerra nuclear no planeta. A declaração foi dada um dia depois de o presidente russo, Vladimir Putin, colocar as equipes nucleares da Rússia em alerta máximo.
Refugiados
Segundo dados da ONU, o número de refugiados da Ucrânia já passa de 500 mil. Com bagagens leves, principalmente mulheres e crianças têm chegado aos países fronteiriços de trem, de carro e, às vezes, a pé. Homens em idade de lutar não podem sair da Ucrânia.
Em entrevista ao g1, o especialista em Estudos de Paz pela Universidade de Oslo, Alexandre Addor, disse que, ao menos desta vez, a União Europeia terá uma política diferente na abertura de fronteiras e recepção de refugiados. Isto porque os ucranianos são vistos como “coirmãos” — pessoas brancas, de olhos claros e que, fisicamente, se parecem muito com os europeus. É o que ele chama de “hierarquia dos refugiados” (leia mais sobre o assunto aqui).
Além disso, a União Africana condenou publicamente a forma como os cidadãos de países africanos estão sendo tratados durante o processo de evacuação da Ucrânia. Segundo a União, muitos estão sendo dispensados, proibidos de embarcar em trens e ônibus para deixar o país do leste europeu.
Armas nucleares em posição de alerta
No domingo (27), Putin disse que colocou equipes de armas nucleares em posição de alerta. Segundo a agência de notícias Reuters, ele tomou a decisão depois de ouvir declarações que considerou agressivas de representantes dos países que fazem parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Para Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, a declaração de Putin é uma “distração”. “Acho que é uma distração do que realmente ocorre na Ucrânia. É um povo inocente, que enfrenta uma agressão não provocada. O que acontece de verdade é que estão se defendendo com mais eficácia, com mais resistência”, acrescentou Boris Johnson.
O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, disse que o bloco não se envolverá após as declarações de Putin. “Não vamos continuar com essa escalada”, disse Borrell à BBC.
Já a embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), Linda Thomas-Greenfield, afirmou que a ordem de Putin mostra que o líder russo está escalando o conflito de uma maneira que é inaceitável.
Resumo dos últimos acontecimentos:
- Rússia e Ucrânia fazem primeira reunião após início dos confrontos. Encontro terminou sem acordo, mas com uma nova rodada de negociações agendada.
- Brasil reforçou posição contra a guerra na Ucrânia em sessão extraordinária na ONU.
- Putin diz que colocou equipes de armas nucleares em posição de alerta.
- Número de refugiados já passa de 500 mil.
- União Europeia começou a fornecer quantidades ‘significativas’ de armas à Ucrânia.
- Rublo desaba após novas sanções, e russos correm para os bancos.
- Estados Unidos expulsam do país 12 diplomatas russos acusados de espionagem.
- Países parceiros da Otan afirmaram que vão fornecer à Ucrânia mísseis de defesa contra ataques aéreos e armas contra tanques de guerra.
Fonte: G1