Rússia e Ucrânia travam batalha pelo controle de Kiev no 4º dia da guerra

Conflito se intensificou nos arredores e ruas da capital, onde forças ucranianas tentam resistir à invasão. Russos atacaram base militar, estação de energia, gasoduto e refinaria de petróleo. Presidente recusou ajuda dos EUA para deixar país.

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A Guerra na Ucrânia entrou neste domingo (27) em seu quarto dia. A noite de Kiev começou com o soar das sirenes que anunciam os ataques russos. Explosões foram ouvidas na capital, mas o presidente Volodymyr Zelensky garante que a cidade ainda está sob controle da Ucrânia. A prefeitura de Kiev informou que haverá toque de recolher entre 17h e 8h até 28 de fevereiro.

AO VIVO: Sirenes voltam a tocar em Kiev

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Na imprensa ucraniana, há relatos de explosões na cidade de Vasylkiv (40 km ao sul de Kiev), onde um entreposto de petróleo teria sido destruído – a administração da capital recomenda aos moradores para fechar bem suas janelas e evitar intoxicação pela fumaça. Em Kharkiv, imagens mostram explosões em um gasoduto, resultado de um ataque aéreo

O grupo hacker-ativista Anonymous anunciou que está em andamento um “cyber ataque contra a Rússia”. De acordo com o perfil da organização, a TV estatal russa foi hackeada e está transmitindo “a realidade do que está acontecendo na Ucrânia”. O governo ucraniano voluntários para travar uma guerra cibernética contra os russos.

Em um vídeo mais publicado mais cedo, Zelensky afirmou: “Nós resistimos e estamos repelindo os ataques inimigos com sucesso. A luta continua”. Ele também disse que seu governo vai armar aqueles que quiserem ajudar os militares ucranianos e recusou a oferta do governo dos Estados Unidos.

Em um pronunciamento posterior, Zelensky anunciou ter chamado “todos os amigos da Ucrânia” para ajudar a combater invasão russa e declarou que irá lutar pelo tempo que for preciso para libertar o país.

Uma das imagens mais impressionantes deste terceiro dia da Guerra na Ucrânia mostrou o momento em que um prédio residencial foi atingido em Kiev na manhã deste sábado (assista ao vídeo acima). Duas pessoas morreram, e 30 ficaram feridas.

É possível ver o míssil entrando em um apartamento, provocando um clarão e destruindo o imóvel (veja fotos).

O Reino Unido informou que o maior volume de soldados da Rússia está a 30 quilômetros do centro de Kiev e que o espaço aéreo da Ucrânia ainda não foi dominado. Houve relatos de um ataque a uma estação de eletricidade da capital – com o objetivo de tentar deixá-la no escuro – e ainda de confrontos nos arredores da cidade.

Também em Kiev um ataque aéreo russo matou uma criança e feriu cinco pessoas, incluindo três crianças, no hospital infantil Okhmatdyt. A informação é do jornal ucraniano “Kyiv Independent”.

Em balanço anterior, o Ministério da Saúde da Ucrânia havia informado que pelo menos 198 cidadãos do país, entre eles três crianças, haviam morrido no conflito. O número de feridos, ainda segundo o relatório, era de 1.115, incluindo 33 crianças. As informações são da agência russa Interfax. O governo ucraniano fala em cerca de 3,5 mil soldados russos mortos ou feridos.

Um bombardeio russo em Donetsk, no leste da Ucrânia, matou 19 civis, informou a agência de notícias russa Interfax.

Resumo dos últimos acontecimentos:

  • O governo russo diz que a Ucrânia se recusou a negociar, mas os ucranianos desmentiram.
  • Chancelarias da América Latina trabalham em plano conjunto de evacuação da Ucrânia.
  • Bolsonaro disse que o Brasil defende soberania dos países e que o foco é auxiliar brasileiros
  • O site oficial do Kremlin está fora do ar.
  • O Ministério da Defesa russo disse que as forças armadas receberam ordens para avançar em todas as direções na Ucrânia.
  • O prefeito de Kiev disse que não há grande presença militar na capital ucraniana.
  • A embaixadora da Ucrânia nos Estados Unidos disse que a Rússia atacou navios no mar Negro e destruiu uma represa perto de Kiev.
  • O Reino Unido disse que o avanço russo desacelerou por problemas logísticos e em razão da resistência ucraniana.
  • O Twitter informou que está ciente que seus serviços estão sendo restritos “para algumas pessoas na Rússia”.
  • O YouTube suspendeu a monetização de vários canais russos, incluindo da estatal RT.
  • Roman Abramovich, bilionário russo ligado ao Kremlin, entregou comando do Chelsea.
  • A Rússia fechou o espaço aéreo para a Romênia, e a Lufthansa, companhia aérea alemã, suspendeu voos para a Rússia por uma semana.
  • A Alemanha aprovou a exportação, a partir da Holanda, de 400 lança-granadas com destino à Ucrânia e também anunciou o envio de mil armas antitanque e 500 mísseis terra-ar (a Holanda também também enviará armas antitanque).
  • A Ucrânia convocou um “exército de TI” para atuar na batalha cibernética contra a Rússia.
  • Além disso, o ministérios das Relações Exteriores e da Economia alemães disseram que o país é favor da impor à Rússia restrições “direcionadas e funcionais” no sistema global de pagamentos interbancários Swift. O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que apoia a medida.
  • A presidente da Comissão Europeia, Usurla Van der Leyen, disse que União Europeia vai isolar a Rússia do sistema financeiro internacional.

Segundo a agência de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU), 150 mil pessoas já deixaram o território após a invasão pela Rússia. O vice-ministro polonês do Interior, Pawel Szefernaker disse que cerca de 100 mil ucranianos já cruzaram a fronteira para a Polônia.

26 de fevereiro – Prédio atingido por bombardeio em Kiev — Foto: Genya Savilov/AFP

Governo russo diz que a Ucrânia se recusou a negociar; ucranianos desmentem

O governo russo afirmou neste sábado que a Ucrânia se recusou a negociar com seus inimigos para tentar interromper as agressões. A Rússia invadiu a Ucrânia há três dias.

Rapidamente, um assessor da presidência da Ucrânia disse à agência Reuters que seu país não se recusa a negociar. Os ucranianos já haviam até preparado o que iriam exigir e o que iriam ceder, mas que a Rússia, inicialmente, impôs condições que inviabilizam o diálogo.

Ele afirmou que os ucranianos consideram essas ações uma tentativa de derrotar seu país e impor condições que ele considera inaceitáveis.

Foto divulgada pela presidência da Ucrânia mostra Vlodymyr Zelensky no centro de Kiev — Foto: Ukrainian Presidential Press Office via AP

Maior ataque na Europa em 80 anos

O ataque é o maior de um país contra outro desde a Segunda Guerra Mundial, há 80 anos.

Na quinta (24), tropas russas atacaram a Ucrânia por três frentes (terra, ar e mar), rapidamente tomando Chernobyl, no norte do país. Na madrugada de sábado (26), no horário local, a ofensiva de Moscou alcançou Kiev. A capital ucraniana foi atingida por explosões que causaram danos em áreas residenciais da cidade.

Na sexta (25), o governo da Rússia afirmou estar pronto para enviar uma delegação a Minsk, capital belarussa, para conversas com a Ucrânia, acrescentando que a desmilitarização da Ucrânia seria uma parte essencial da negociação. Pouco antes, o governo da Ucrânia afirmou que está pronto para conversas com a Rússia, inclusive sobre o status neutro em relação à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança que tem papel importante na disputa entre os dois países (leia mais sobre isso abaixo).

Em resposta ao ataque russo à Ucrânia, Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido anunciaram sanções contra o presidente Vladimir Putin. A Rússia, por sua vez, usou seu poder de veto para barrar a resolução do Conselho de Segurança da ONU que serviria para condenar a invasão da Ucrânia.

“Se as conversações forem possíveis, elas devem ser realizadas. Se em Moscou eles dizem que querem manter conversações, inclusive sobre o status neutro, não temos medo disso”, disse Mykhailo Podolyak, conselheiro presidencial ucraniano à agência de notícias Reuters.

“Nossa disponibilidade para o diálogo é parte de nossa persistente busca da paz”, acrescentou Podolyak.

Apesar das declarações do porta-voz Peskov, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que os militares ucranianos deveriam tomar o poder, sugerindo a derrubada do presidente Volodymyr Zelensky. Em discurso na TV, Putin disse que será mais fácil para eles se os militares tomarem o poder. No mesmo vídeo, ele chama Zelensky e os membros de seu governo de “gangue de viciados em drogas e neonazistas”.

Otan

A Ucrânia atualmente não faz parte da Otan nem da União Europeia, embora queira aderir a ambas, o que desagrada a Moscou.

A Rússia e a Ucrânia vivem uma antiga história de conflitos. Ao longo dos séculos, a Ucrânia, uma ex-república soviética, fez parte de impérios, sofreu inúmeras invasões, foi incorporada pelos russos e pelos soviéticos, se tornou independente, mas nunca resolveu por completo sua relação com a Rússia.

2º dia de guerra

O segundo dia da guerra na Ucrânia começou com registros de explosões na capital, Kiev, ainda na madrugada sexta-feira (25), por volta das 4h40 (horário local).

Segundo a agência Reuters, uma das explosões estava relacionada a um avião russo que teria sido abatido pelo sistema de defesa antiaérea da capital ucraniana (veja vídeo abaixo).

O Ministério da Defesa da Ucrânia pediu à população do distrito de Obolon, próximo à capital Kiev, que preparem coquetéis molotov, uma espécie de bomba caseira feita com algum tipo de combustível, para ajudarem no enfrentamento às tropas russas.

O conflito que começou na madrugada de quinta-feira (24) é o maior ataque entre países europeus desde a 2ª Guerra. Putin justificou a invasão como uma medida para proteger separatistas no leste. A ONU pediu que ele recue e Joe Biden disse que guerra será catastrófica.

Fumaça e chamas perto de Kiev, capital da Ucrânia, nesta sexta-feira (25) — Foto: Gleb Garanich/Reuters

Mapa mostra locais da Ucrânia que foram bombardeados em ataques da Rússia — Foto: Arte g1
Mapa mostra locais da Ucrânia que foram bombardeados em ataques da Rússia — Foto: Arte g1