Presidente ucraniano alerta para expansionismo russo, após declarações de general em Moscou. Chefe da Defesa em Kiev diz que tropas de elite russas deixaram Mariupol para reforçar ofensiva no leste do país.
O secretário de Segurança Nacional e do Conselho de defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, afirmou nesta sexta-feira (22/04) que os combates no Donbass, o núcleo da indústria ucraniana, no leste do país, se intensificaram, com a Rússia enviando cada vez mais soldados para as frentes de batalha nos últimos dias.
No mesmo dia, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, alertou que a Ucrânia é apenas a primeira etapa da expansão russa para o Leste Europeu, após declarações de líder do Exército russo.
Danilov disse que mais de 100 mil soldados russos participam dos combates no leste do país, incluindo mercenários da Síria e da Líbia, enquanto o contingente russo na região continua a aumentar. “Enfrentamos uma situação difícil, mas nosso Exército está defendendo nosso Estado”, relatou.
Kiev estima que dezenas de milhares de civis morreram em razão dos bombardeios e do cerco imposto pelos russos a Mariupol, e que em torno de 100 mil civis ainda permanecem na cidade em condições precárias, sem água e alimentos suficientes.
Segundo Danilov, 12 das 14 unidades militares de elite russas na cidade de Mariupol, cuja conquista foi declarada pelo presidente russo Vladimir Putin no dia anterior, se deslocaram para o leste ucraniano e devem se unir aos combates na região.
Ele afirmou que helicópteros ucranianos conseguiram entregar armas a combatentes na siderúrgica Azovstal, o último bastião das forças locais em Mariupol. “Eles o fizeram à noite, correndo enorme risco”, disse Danilov.
O secretário disse que os combates mais intensos ocorrem nas regiões de Donetsk, Lugansk e Kharkiv, no leste ucraniano. Batalhas também estão em andamento na região sul do país, embora com intensidade menor, afirmou.
Rússia quer controlar sul da Ucrânia
Horas antes, o general major Rustam Minnekayev, comandante do Distrito Militar Central de Moscou, revelou que a Rússia quer controlar todo o sul da Ucrânia, e não apenas o leste do país.
O objetivo seria não apenas estabelecer um corredor terrestre saindo do Donbass até a península da Crimeia, mas também para criar um ponto de acesso à região separatista da Transnístria, na Moldávia.
A estratégia, se confirmada, sugere que os russos querem negar aos ucranianos acesso ao Mar Negro e tomar cidades como Odessa e Mykolaiv, no sudoeste, que permanecem sob controle da Ucrânia.
De acordo com agências russas de notícias, Minnekayev teria dito que a conquista do sul permitiria o estabelecimento de um corredor terrestre russo até a península da Crimeia, além do controle de instalações vitais para a economia ucraniana, como portos do Mar Negro que servem paras as entregas dos produtos agrícolas e metalúrgicos.
Minnekayev também afirmou, durante reunião com representantes da indústria bélica russa, que o controle da região sul da Ucrânia daria ao exército russo acesso à Transnístria, “onde também são constatados os fatos de discriminação contra os residentes de fala russa”.
Zelenski: Ucrânia é “apenas o início”
O presidente Volodimir Zelenski disse nesta sexta-feira que as falas de Minnekayev confirmam a intenção russa de invadir outros países e que, para Moscou, a Ucrânia seria “apenas o início”.
“Eles querem capturar outros países”, disse Zelenski. “Todas as nações que, assim como nós, acreditam na vitória da vida sobre a morte, devem lutar conosco. Devemos ser ajudados, porque somos somente os primeiros da fila. Quem será o próximo?”
O presidente afirmou que os armamentos prometidos pelo Ocidente começaram finalmente a chegar ao país, e que vão ajudar a salvar milhares de vidas.
Fonte: (Reuters, AFP, AP, DPA)