Museu do Amanhã ganha prêmio por contribuição à divulgação da ciência

O Museu do Amanhã é o vencedor da 41ª edição do Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica, promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O museu ganhou na categoria “Instituição ou Veículo de Comunicação” por sua contribuição na divulgação da ciência no país. O prêmio do CNPq é considerado um dos principais reconhecimentos a profissionais e instituições que contribuem para a divulgação da ciência nacional. A solenidade de premiação ocorrerá em formato virtual, durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, prevista para o período de 2 a 8 de outubro.

O presidente do CNPq, Evaldo Vilela, destacou que o prêmio estimula a divulgação científica e reconhece sua importância para o desenvolvimento da ciência brasileira. “Por meio de iniciativas como o Museu do Amanhã, levamos as realizações científicas para o grande público, incentivamos jovens e crianças a conhecer e gostar de ciência e aproximamos os pesquisadores e suas realizações da sociedade em geral. Isso é fundamental para que seja compreendida a importância do investimento em pesquisas científicas e tecnológicas e sejam valorizadas as instituições e as pessoas que fazem ciência”, disse Vilela. Já a Comissão Julgadora da premiação lembrou que o Museu do Amanhã entrou no calendário turístico e educativo não só da cidade do Rio de Janeiro, mas de todo o país.

Ricardo Piquet, presidente do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), responsável pela gestão do Museu do Amanhã, enfatizou que o equipamento atrai um público que não costumava frequentar museus e isso valoriza ainda mais o trabalho da equipe de tornar a ciência mais acessível e atraente. “O prêmio nos coloca na galeria de grandes instituições de ciências, de grandes pesquisadores e comunicadores. É uma honra ter esse reconhecimento de uma instituição como o CNPq, por compartilharmos conhecimento, de forma inovadora, com a população em geral, especialmente em um ano em que a ciência passou a fazer parte do dia a dia das pessoas, provando ser fundamental para a nossa existência”, reforçou.

Valor da ciência

Para o diretor de Conhecimento e Criação do Museu do Amanhã, Leonardo Menezes, o prêmio foi recebido como “um grande reconhecimento ao trabalho feito há quase seis anos pelo museu” de fazer com que os diferentes públicos atendidos, tanto no formato presencial como online, independentemente da situação e do histórico de cada pessoa, “visitem o museu e reconheçam o valor da ciência para a sociedade, especialmente nesse momento da pandemia, e o quanto, na verdade, a ciência se torna um farol para nos guiar nesses tempos de incerteza e nos prepararmos para os grandes desafios atuais e futuros que nós teremos no planeta”.

O diretor argumentou também que a premiação mostra que é possível trazer assuntos diversos, como mudança do clima, robótica, inteligência artificial, longevidade, crescimento das cidades, biodiversidade, de uma maneira que o público consiga relacionar com o seu cotidiano e entender que ainda há muito que se descobrir e desenvolver na sociedade, para que o estilo de vida das pessoas seja sustentável e mais plural.

Em março deste ano, o museu inaugurou a exposição temporária “Coronaceno – Reflexões Em Tempos de Pandemia”, que significava um convite ao público para refletir sobre como a influência humana e a globalização foram fundamentais na disseminação do novo coronavírus. O tour virtual da mostra está disponível no na internet. Este mês, o equipamento abriu a exposição “Futuros Urbanos”, que é uma experiência imersiva sobre o futuro das cidades.

Amazônia

No momento, encontra-se em produção, no Museu do Amanhã, uma exposição temporária que será aberta no final do ano, denominada “Futuros – Tempos Amazônicos”, que vai falar sobre os desafios atuais e futuros da Amazônia.

“É uma exposição grande, de 650 metros quadrados, e vai focar justo na relação entre os diferentes tempos que coabitam a região amazônica”. Dentre eles, destaque para o tempo milenar dos indígenas; o tempo secular das populações tradicionais; a Amazônia acelerada dos últimos 50 anos; a questão das expressões culturais; e cenários futuros em função da biodiversidade, das mudanças do clima e também do advento da bioeconomia, que seria uma forma de trazer um novo desenvolvimento socioeconômico para a região, baseado em três pilares: na ciência, nos saberes tradicionais e no compromisso com a floresta em pé. “Isso, de alguma forma, vem se relacionando com a forma como nós estamos, no museu, buscando trabalhar diferentes saberes”. O Comitê Científico do Museu, que existe desde sua abertura, em 2015, foi renovado recentemente e ganhou novo nome: Comitê Cientifico e de Saberes, e traz para dialogar com seus 15 membros representantes de saberes tradicionais.

Desmatamento

Leonardo Menezes esclareceu que a exposição prevista para inauguração no final deste ano pretende abordar também a situação atual na Amazônia, incluindo o desmatamento crescente. “A gente mostra que nos últimos 50 anos, passamos de uma situação em que tínhamos, no início dos anos de 1970, cerca de 1% do bioma desmatado, que eram basicamente as cidades, para hoje ter 20% do bioma desmatado ou degradado. É um desafio muito grande porque, nos próximos 50 anos, a gente vai perder quase metade da floresta e, adicionado ao desafio das mudanças do clima, em que a gente tem menos umidade, menos chuva, a gente vai começar a transformar o bioma em outro tipo de vegetação que não é essa vegetação densa”.

Menezes salientou que o regime em vigor na Amazônia é que traz chuvas, especialmente para a área Centro-Sul do Brasil. Observou, ainda, que na produção de alimentos do país, boa parte concentrada na Região Centro-Oeste, 95% não são irrigadas. Ou seja, dependem, da chuva e esta já está diminuindo. “Ou seja, são grandes desafios que a gente vai trazer se o Brasil quiser continuar sendo um líder na produção de alimentos e uma referência na questão ambiental em que, infelizmente, a gente tem visto grandes desafios”.

Museu

Inaugurado em dezembro de 2015 pela prefeitura do Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã é um equipamento cultural da Secretaria Municipal de Cultura, que opera sob gestão do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG). Exemplo bem-sucedido de parceria entre o poder público e a iniciativa privada, o Museu já recebeu mais de 4,5 milhões de visitantes em cinco anos de existência. O equipamento tem uma narrativa estruturada em cinco áreas (Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhãs e Nós), totalizando percurso que propõe ao visitante refletir sobre cinco questões: de onde viemos, quem somos, onde estamos, para onde vamos e como queremos ir. Com base em evidências científicas e dados fornecidos por instituições e centros de ciência de todo o mundo, o museu oferece uma visita informativa, lúdica e interativa, através de vídeos, jogos, fotos e instalações.

Prêmio

O Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica é atribuído em um sistema de rodízio a três categorias: “Jornalista em Ciência e Tecnologia”, “Instituição ou Veículo de Comunicação” e “Pesquisador e Escritor”. Sua criação, em 1978, é homenagem ao médico, pesquisador, jornalista e educador, José Reis, que conseguiu aliar importante carreira como pesquisador conhecido internacionalmente ao trabalho de explicar ciência de modo didático por meio da imprensa.

Segundo o CNPq, a diversidade dos vencedores comprova a importância do Prêmio José Reis para motivar a criação dos mais diferentes mecanismos de divulgação científica e tecnológica