O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, disse que a recuperação do acervo da instituição – destruído por um incêndio há quase três anos – depende não apenas de doações brasileiras, mas também estrangeiras, tanto por parte de instituições quanto de pessoas físicas.
“O Museu Nacional não é simplesmente um museu do Brasil. Ele é um museu do mundo. Nós abarcamos conhecimento das mais diferentes culturas de países e nações”, destacou ao participar de uma palestra organizada pelo Rotary Club da Tijuca, na zona norte do Rio. Segundo ele, no próximo dia 6, aniversário do museu, chegará ao local uma doação de material arqueológico que ele preferiu não revelar.
O diretor informou que houve uma perda inestimável de peças e que será difícil recompor o acervo da forma como todos gostariam de ver de novo. “No caso, por exemplo, da coleção de vertebrados, há algo complicador. Nós tínhamos um elefante e hoje não temos mais. Precisamos de alguma forma conseguir um elefante. Isso é um desafio e não é algo simples”, pontuou.
Além da complexidade de se realizar um projeto de recuperação, a situação foi agravada com a chegada da pandemia de covid-19. “Agora temos um desafio enorme que é a covid-19. Os efeitos dessa pandemia, que às vezes fico pensando em um filme de ficção científica categoria D, temos que lidar com isso. As instituições mundiais vão ter que ter um olhar diferente”, comentou.
Kellner afirmou que o Museu Nacional se diferencia de outros museus do mundo por ter uma área de formação de pesquisadores muito consolidada. Já entre as características comuns, ele citou o fato de ser uma instituição sem fins lucrativos, possuir acervo e fazer exposições para a democratização do conhecimento científico.
“Mas o Museu Nacional tem dois outros aspectos que as pessoas não se dão conta. É uma instituição de pesquisa e é muito boa nessa área, e mais ainda, além de desenvolver ciência e produzir conhecimento, o Museu Nacional atua muito na formação de novos pesquisadores”, apontou, lembrando que existem centenas de laboratórios espalhados no país e fora dele coordenados por especialistas que tiveram alguma passagem pelo Museu Nacional.
“Nós queremos ser um Museu de História Natural e Antropologia inovador, que seja sustentável e acessível e promova a valorização do patrimônio científico e cultural e, pelo olhar da ciência, convide à reflexão do mundo que nos cerca e, ao mesmo tempo, que nos leve a sonhar. É isso que queremos ser”, destacou, acrescentando que a localização do museu é privilegiada, por estar dentro da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, zona norte do Rio, lugar de lazer popular.
“Está localizado há quase 130 anos no Parque da Quinta da Boa Vista, que é um dos poucos locais onde uma pessoa pode desfrutar de várias horas de lazer sem ter que custear com grandes recursos.”