Ataques aéreos pesados atingiram áreas ao sul da capital do Sudão nesta quinta-feira (18), com confrontos ocorrendo perto de um acampamento militar, disseram testemunhas, em combates que deslocaram cerca de 1 milhão de pessoas e deixaram os moradores de Cartum com dificuldade para sobreviver.
Os bombardeios do Exército contra o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) foram ouvidos em vários bairros residenciais no sul de Cartum, inclusive perto do campo de Taiba, enquanto uma força de reserva da polícia alinhada com o Exército lutava contra a RSF, segundo as testemunhas.
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O Exército tem usado, principalmente, poder aéreo e artilharia pesada para tentar repelir a RSF, que se espalhou por grandes áreas de Cartum e suas cidades vizinhas de Bahri e Omdurman, do outro lado do rio Nilo, após o início dos combates em 15 de abril.
“O bombardeio e os confrontos não param e não há como fugir de nossas casas. Todo o nosso dinheiro se foi”, disse Salah el-Din Othman, morador de Cartum, de 35 anos.
“Mesmo que deixemos nossas casas novamente, temos medo de que as gangues saqueiem tudo em casa… estamos vivendo um pesadelo de medo e pobreza.”
A violência também aumentou em Darfur, no Oeste do Sudão, no estado de Kordofan do Norte e em outras partes do país, mas a luta pelo poder se concentra na capital.
Acredita-se que tanto o chefe do Exército, Abdel Fattah al-Burhan, quanto o comandante da RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, permaneceram em Cartum durante os combates.
Na quarta-feira (17), o Exército divulgou um vídeo mostrando Burhan vestido com uniforme militar cumprimentando as tropas no que parecia ser o quartel-general do Exército, no centro de Cartum.
De acordo com as últimas estimativas, mais de 840 mil pessoas foram deslocadas no Sudão e mais de 220 mil fugiram para países vizinhos.
Ajuda humanitária
O Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU) disse que está aumentando suas operações em pelo menos seis estados do Sudão para ajudar 4,9 milhões de pessoas vulneráveis, além de auxiliar aqueles que fogem para Chade, Egito e Sudão do Sul.
“Os combates no Sudão estão devastando vidas e meios de subsistência e forçando as pessoas a fugir de suas casas com nada além das roupas que estão vestindo”, disse o diretor do PMA para a África Oriental, Michael Dunford, em um comunicado.
A ONU afirmou ontem que mais da metade dos 46 milhões de habitantes do Sudão precisa de assistência e proteção humanitária, lançando um apelo de ajuda de US$ 3 bilhões. Também disse ter recebido relatos de “violência de gênero horrível” no Sudão.
O esforço de ajuda foi prejudicado pelas mortes de alguns trabalhadores humanitários no início do conflito e pelos repetidos episódios de saques.