Acusado de triplo homicídio, Cupertino será julgado após fugir das autoridades por três anos
O julgamento de Paulo Cupertino, acusado de matar o ator Rafael Miguel, conhecido por sua participação em Chiquititas, e seus pais, João Alcisio e Miriam Selma Miguel, começou nesta quinta-feira (10), no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo. O crime que chocou o Brasil em 2019 será decidido por um Júri Popular, composto por seis mulheres e um homem, sorteados para participar do julgamento.
Cupertino responde por triplo homicídio qualificado, o que pode resultar em uma pena de até 90 anos de prisão. O réu ficou foragido por quase três anos, tendo sido preso em maio de 2022, após uma intensa busca que o levou a se esconder em mais de 100 endereços espalhados por três países: Brasil, Paraguai e Argentina. Além dele, outros dois homens estão sendo julgados por ajudar o acusado a fugir após o crime.
Composição do Júri e depoimentos
O júri, que iniciou seus trabalhos nesta quinta-feira, terá como principais depoimentos o de Isabela Tibcherani Matias, filha de Paulo Cupertino e ex-namorada de Rafael Miguel, e de Vanessa Ticherani de Camargo, ex-companheira do acusado. Ambas solicitaram para depor sem a presença de Cupertino no tribunal, dado o impacto emocional que a presença dele pode causar.
Inicialmente, 18 testemunhas foram convocadas, mas três desistiram, resultando em 15 depoimentos a serem colhidos até sexta-feira (11). Entre as testemunhas estão pessoas próximas ao ator e aos réus, que fornecerão mais detalhes sobre a dinâmica dos acontecimentos.
Fugindo por três anos: a trajetória de Paulo Cupertino
O crime, ocorrido em 9 de junho de 2019, chocou o Brasil não apenas pela brutalidade, mas também pela fuga prolongada de Cupertino. Durante os três anos em que esteve foragido, o acusado passou por diversos países e utilizou diferentes identidades para escapar das autoridades. Ele foi capturado apenas em maio de 2022, em um apartamento na zona sul de São Paulo, encerrando uma caçada que mobilizou agentes de três países.
Segundo o Ministério Público de São Paulo, Cupertino não aceitava o relacionamento de sua filha com Rafael Miguel, o que teria motivado o assassinato. O ator e seus pais foram alvejados com pelo menos 13 tiros, em frente à casa de Cupertino, falecendo no local.
Os outros réus e o favorecimento na fuga
Além de Paulo Cupertino, Eduardo Jose Machado, conhecido como Eduardo da Pizzaria, e Wanderley Antunes Ribeiro Senhora estão sendo julgados por favorecimento pessoal, acusados de ajudar Cupertino a fugir e se esconder após o crime. Ambos respondem às acusações em liberdade, enquanto Cupertino permanece preso. Embora os três estejam sendo julgados juntos, os crimes que cada um responde são diferentes.
O julgamento foi dividido em sessões ao longo de dois dias e está sendo acompanhado com grande atenção por todo o país. O resultado pode encerrar um dos capítulos mais marcantes de crimes familiares no Brasil.
O Tribunal do Júri: definindo o futuro dos réus
O Tribunal do Júri é o órgão responsável por julgar crimes dolosos contra a vida no Brasil. Composto por cidadãos comuns, sorteados para participarem como jurados, o tribunal decidirá o futuro de Cupertino e dos demais réus. A expectativa é que a sentença seja proferida após os dois dias de audiências, com todos os elementos apresentados à corte. Caso condenado, Cupertino poderá cumprir pena máxima de 90 anos.
A cobertura do caso continua, e o desfecho desse julgamento pode trazer um sentido de justiça para a família de Rafael Miguel e seus pais, brutalmente assassinados em um crime que abalou o país.