Polícia Federal revela esquema ilegal envolvendo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e 60 mil acessos para monitorar autoridades, políticos e desafetos de Jair Bolsonaro.
Cerca de 1,5 mil números de telefones tornaram-se alvo de um escândalo de espionagem, revela uma extensa investigação conduzida pela Polícia Federal (PF). Os dados obtidos indicam que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria sido instrumentalizada para monitorar ilegalmente uma extensa lista de autoridades, pessoas envolvidas em investigações e até mesmo desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Surpreendentemente, foram registrados 60 mil acessos a esses números de telefone, conforme apurado por fontes ligadas à investigação.
Entre os envolvidos identificados pela investigação, destaca-se o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin, apontado como responsável por parte desse monitoramento durante o governo Bolsonaro. Nesta quinta-feira (25), a PF realizou busca e apreensão contra Ramagem, aprofundando as implicações do escândalo.
O uso do software FirstMile pela Abin durante o período em que Ramagem esteve à frente do órgão ganha destaque nas descobertas da PF. A investigação revela que o programa, adquirido durante o governo Temer e utilizado até o terceiro ano do mandato de Bolsonaro, fazia uso de GPS para monitorar irregularmente a localização de celulares pertencentes a servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até juízes.
A resposta oficial da Abin, ao ser confrontada com as acusações, confirma o uso da tecnologia, mas destaca que o contrato sigiloso relacionado ao software foi encerrado em maio de 2021. “A solução tecnológica em questão não está mais em uso na ABIN desde então”, afirmou a agência.
Diante dos desdobramentos, o escândalo levanta questões sobre a ética e legalidade do monitoramento realizado, destacando a necessidade de uma investigação mais profunda para apurar as responsabilidades envolvidas. A sociedade aguarda respostas e esclarecimentos diante deste capítulo revelador que coloca em xeque a integridade da inteligência nacional.