Presidente acirrou as tensões ao convocar os atos pró-governo, com pauta antidemocrática, com ameaças aos ministros do Supremo e ao Congresso.
Protestos contra e a favor do governo do presidente Jair Bolsonaro marcam o feriado da Independência no Brasil nesta terça-feira (7).
Os atos acontecem em meio a embates do presidente com o Supremo Tribunal Federal (STF), e em um contexto de queda na popularidade e nas avaliações sobre a administração Bolsonaro – e de uma acentuada crise econômica.
O presidente acirrou as tensões ao convocar os atos pró-governo, com pauta antidemocrática, com ameaças aos ministros do Supremo e ao Congresso.
Na última sexta-feira, sem citar nomes, Bolsonaro disse que a manifestação pró-governo seria um “ultimato” a duas pessoas que estão “usando da força do poder” contra ele. Em Brasília, a avaliação é de que ele se referia aos ministros do STF Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
Os apoiadores do presidente intensificaram os chamados para os atos após a rejeição da PEC do voto impresso – uma demanda dos bolsonaristas diante de supostas fraudes nas eleições, sobre as quais não há indícios e cujas provas o próprio presidente admitiu não existirem.
No campo contrário, manifestantes protestam contra o governo Bolsonaro e a escalada da crise institucional e econômica. Diante de quase 600 mil mortos na pandemia de Covid-19, aumento de preços, do desemprego e da fome, os atos pedem a saída do presidente.
Falando aos manifestantes em Brasília nesta terça, Bolsonaro voltou a fazer ameaças ao STF.
“Nós não mais aceitaremos que qualquer autoridade usando a força do poder passe por cima da nossa Constituição. Não mais aceitaremos qualquer medida, qualquer ação ou qualquer certeza que venha de fora das quatro linhas da Constituição. Nós também não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos três poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder enquadra o seu, ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”, disse, em alusão à suprema corte. “Nós valorizamos, reconhecemos e sabemos o valor de cada poder da República”.
“Aqui na Praça dos Três Poderes juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se enquadra ou pede pra sair”, disse.
Alvo das ameaças de Bolsonaro, o ministro Alexandre de Moraes se manifestou em uma rede social em defesa da democracia.
“Neste Sete de Setembro, comemoramos nossa Independência, que garantiu nossa Liberdade e que somente se fortalece com absoluto respeito a Democracia”, escreveu o ministro do STF.
Resumo dos protestos
Pautas antidemocráticas
Os atos pró-governo apoiam pautas antidemocráticas – notadamente, a destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
No Rio de Janeiro, uma faixa pedia: “Presidente, coloque todos esses vagabundos na cadeia, começando pelo STF!” . Outra pede a “CPI da Toga”.
Em São Paulo, cartazes “exigem a saída dos juízes da Suprema Corte” e pedem a intervenção das Forças Armadas.
Em Brasília, manifestação pede “imediata destituição de todos os ministros do STF”.
Invasão da Esplanada
Em Brasília, apoiadores do presidente furaram um bloqueio da Polícia Militar na noite de segunda-feira e invadiram a Esplanada dos Ministérios. Policiais impediam a passagem para que o grupo não chegasse à Praça dos Três Poderes, onde fica a sede do STF, alvo de ameaças dos manifestantes.
Veja os protestos por estado, contra e a favor do presidente:
Alagoas
Amapá
Bahia
Ceará
Distrito Federal
Espírito Santo
Goiás
Maranhão
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Minas Gerais
Pará
Paraíba
Paraná
Pernambuco
Piauí
Rio de Janeiro
Rio Grande do Norte
Rondônia
Roraima
Santa Catarina
São Paulo
Sergipe
Tocantins