Aulas na escola de Sapopemba alvo de ataque na Zona Leste serão suspensas por dez dias, e governo volta a prometer psicólogos; atirador não teve atendimento

Governo de São Paulo suspende aulas após ataque na Escola Estadual Sapopemba

Após o trágico ataque a tiros na Escola Estadual Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo, que resultou na morte de uma aluna e ferimentos em outros três estudantes, o governo de São Paulo tomou a decisão de suspender as aulas na escola por um período de dez dias. O anúncio foi feito em uma coletiva realizada nesta segunda-feira (23) pelo secretário da Educação, Renato Feder.

Promessa reiterada: mais psicólogos nas escolas estaduais

Durante a mesma coletiva, o secretário da Educação, Renato Feder, reiterou a promessa de aumentar o número de psicólogos nas escolas estaduais. Essa promessa surge após a revelação de que a Escola Estadual Thomazia Montoro, na Zona Oeste de São Paulo, ficou sem psicólogos disponíveis para atender alunos e professores durante cinco meses após um ataque ocorrido em março, mesmo após a promessa feita pelo governador Tarcísio de Freitas.

Carência de atendimento psicológico nas escolas estaduais

Atualmente, o estado de São Paulo conta com apenas 550 psicólogos para atender cerca de 5 mil escolas na rede estadual de educação. O governador Tarcísio de Freitas anunciou que planeja fazer um aditivo no contrato para trazer mais psicólogos rapidamente para atender à crescente demanda por assistência psicológica nas escolas.

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Falha no atendimento do atirador

O atirador responsável pelo recente ataque na Escola Estadual Sapopemba não recebeu atendimento psicológico anteriormente, apesar de já ter registrado um boletim de ocorrência por violência e ter sido vítima de agressões em junho. Isso levanta questões sobre a necessidade de cuidados psicológicos e de como o sistema de assistência está funcionando para identificar e apoiar casos semelhantes no futuro.

Reflexões e mudanças necessárias

O governador Tarcísio de Freitas enfatizou a necessidade de uma profunda reflexão sobre as práticas adotadas desde o ocorrido em março na Escola Estadual Thomazia Montoro. A falta de prevenção e o subsequente ataque evidenciaram a necessidade de revisar e melhorar as medidas de segurança e de apoio psicológico nas escolas.

Redefinindo abordagens de prevenção

Tarcísio de Freitas destacou a importância de reavaliar todas as medidas adotadas para prevenir novos incidentes. Ele mencionou que, desde março, 165 tentativas ou suspeitas de ataques a escolas foram frustradas, mas que é crucial aprender com os erros e evitar falhas no futuro. O governo está trabalhando em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública para implementar medidas mais eficazes.

Deficiência na cobertura psicológica

A psicóloga Valéria Campinas Braunstein, conselheira do Conselho Regional de Psicologia de SP, apontou que o número atual de psicólogos disponíveis na rede estadual de educação de São Paulo deveria ser o dobro do atual, ou seja, 1.100 profissionais. Ela destacou a insuficiência da carga horária de 30 horas semanais por psicólogo para atender à demanda crescente da comunidade escolar.

Atendimento deficiente na Thomazia Montoro

A Escola Estadual Thomazia Montoro, palco de um ataque em março, enfrentou uma suspensão prematura do atendimento psicológico apenas três meses após o incidente. Valéria Braunstein argumentou que a continuidade do apoio psicológico deveria ter sido mantida e que a rede de atendimento necessita de um número significativamente maior de profissionais para lidar com as crescentes demandas emocionais da comunidade escolar.

Descumprimento da legislação vigente

Ariel de Castro Alves, advogado especialista em direitos da infância e juventude, observou que a lei federal 13.935/2019, que prevê serviços de psicologia na rede pública de educação básica, não tem sido efetivamente implementada. Ele ressaltou a necessidade de realizar concursos públicos para contratação de profissionais e destacou a importância da lei federal 13.431/2017, que estabelece os direitos das crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência.

Demora na contratação

O governo estadual argumentou que a demora na contratação de psicólogos ocorreu devido aos processos de licitação, que seguiram os prazos legais. O processo de contratação envolveu a disponibilização imediata de psicólogos na escola após o ataque, mas, devido aos trâmites legais, levou mais tempo do que o esperado para que os profissionais fossem incorporados às escolas.

Professores relatam falta de apoio

Professores vítimas do ataque na Escola Estadual Sapopemba relatam a falta de atendimento psicológico eficaz. A necessidade de apoio psicológico na escola é evidenciada por um questionário feito pelo governo, no qual a maioria dos alunos destacou a visita regular de psicólogos como prioridade número um.

Desamparo na comunidade escolar

Professores e vítimas do ataque expressam desamparo e insuficiência no apoio oferecido pela Secretaria da Educação. A necessidade de suporte contínuo e eficaz para as vítimas de ataques nas escolas é evidente, e a comunidade escolar clama por um sistema mais robusto de assistência psicológica e social.