Preocupações surgem em relação à imagem de Jair Bolsonaro e eventuais implicações para Michelle Bolsonaro.
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
Pessoas próximas a Jair Bolsonaro revelam que o acordo de colaboração premiada de Mauro Cid pode lançar sombras sobre a reputação do ex-presidente. Há temores sobre eventuais implicações que possam atingir a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, além da inquietação em relação às revelações que Cid, o ex-ajudante de ordens presidencial, poderá apresentar.
A Abordagem Pública: Tranquilidade e Vácuo Legal
Publicamente, a estratégia adotada pelos aliados de Bolsonaro será a de transmitir tranquilidade. A intenção é afirmar que Bolsonaro permanece sereno e sustentar a tese de que existe um vácuo legal sobre presentes recebidos por mandatários, argumentando que, consequentemente, essa conduta não pode ser considerada crime.
Cid Sai da Prisão, mas com Tornozeleira Eletrônica
Mauro Cid foi liberado da unidade militar onde estava preso após firmar o acordo de colaboração premiada. No entanto, ele agora usará tornozeleira eletrônica, o que adiciona um novo elemento de vigilância à situação.
Preocupações nos Bastidores
Nos bastidores, a atmosfera é de preocupação. Aliados recordam que Cid tinha acesso a praticamente todas as informações da vida do ex-presidente, alimentando receios de que ele revele novos detalhes sobre as questões das joias, da inserção de dados falsos de vacinação e da campanha de desinformação contra as urnas eletrônicas liderada por Bolsonaro.
Comparação com o Presidente Lula
A estratégia discutida em conversas reservadas envolve acentuar a comparação entre Bolsonaro e o presidente Lula em duas vertentes: presentes recebidos durante o mandato e embates com delatores. Referem-se ao fato de inúmeros delatores terem acusado o petista de crimes, destacando que, mesmo assim, as investigações foram anuladas.
A Importância da Delação Premiada no Contexto Jurídico
É mencionado que, sob uma perspectiva jurídica, a delação premiada é apenas um meio de obtenção de prova e, isoladamente, não constitui base suficiente para incriminar alguém. Esse debate técnico deve ser trazido à tona pelos advogados de Bolsonaro.
Abstenção de Embates Públicos com o Ministro Alexandre de Moraes
Bolsonaro e seus correligionários mais próximos evitam confrontos públicos com o Ministro Alexandre de Moraes, relator do caso e responsável por homologar a colaboração de Cid com a Polícia Federal. Recordam que Moraes não costuma recuar diante de ataques bolsonaristas, mas, ao contrário, intensifica suas ações nessas situações.
Comparação com a Lava Jato e Medidas Restritivas
Nos bastidores, apesar da abstenção de ataques públicos, interlocutores de Bolsonaro comparam Alexandre de Moraes à Lava Jato, mencionando que o magistrado liberou o investigado da cadeia após a assinatura da delação. Moraes determinou o afastamento do militar do cargo de oficial do Exército, a suspensão do porte de arma e o veto ao uso de redes sociais, além de impor restrições à sua locomoção.
Medidas de Monitoramento e Obrigações Legais
Alexandre de Moraes impôs ao delator a obrigação de se apresentar perante o Juízo da Execução da Comarca de origem em até 48 horas, comparecer semanalmente todas as segundas-feiras, e advertiu que o descumprimento de qualquer uma das medidas alternativas resultaria na revogação e decretação da prisão.
O Caso de Mauro Cid
Mauro Cid foi preso em 3 de maio sob suspeita de adulterar cartões de vacinação, incluindo o seu, o de Bolsonaro, o de sua esposa, Gabriela Cid, e de uma de suas filhas. A Polícia Federal alega que ele inseriu informações falsas de vacinação para permitir a ida deles aos Estados Unidos antes da posse de Lula.