Chefe de Polícia do RJ determina investigação sobre caso de transplantados que contraíram HIV

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Transplantes no Rio de Janeiro sob investigação após contaminação por HIV

Polícia Civil do Rio de Janeiro — Foto: Divulgação / PCERJ

O Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro estão investigando a contaminação por HIV em pelo menos seis pacientes que receberam órgãos transplantados. O caso chamou a atenção das autoridades após a descoberta de que os testes realizados em doadores não detectaram a presença do vírus, permitindo que órgãos contaminados fossem transplantados. Para acolher as vítimas, uma comissão multidisciplinar foi criada, e uma sindicância foi instaurada para responsabilizar os envolvidos.

A empresa responsável pelos testes, a PCS Laboratórios, com sede em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foi contratada de forma emergencial pela Fundação Saúde em outubro de 2023, com um contrato avaliado em cerca de 11,5 milhões de reais. O laboratório tinha como objetivo auxiliar o programa de transplantes, já que o Hemorio não conseguia atender à demanda crescente de análises. Contudo, após o surgimento do escândalo, a empresa foi interditada.

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Falhas graves na triagem dos órgãos
Durante a investigação, as autoridades refizeram os exames de amostras de sangue dos doadores e descobriram que pelo menos dois deles estavam infectados com HIV. No entanto, os testes realizados pela PCS Laboratórios não detectaram o vírus, e os órgãos desses doadores foram utilizados em transplantes. Esse erro grave na triagem está sendo alvo de uma análise mais aprofundada, com o objetivo de identificar como o laboratório privado falhou ao liberar os órgãos contaminados.

Além da revisão dos procedimentos, a Secretaria Estadual de Saúde informou que está conduzindo um rastreamento e reavaliação de 286 amostras de sangue armazenadas de doadores, a partir de dezembro de 2023, quando o contrato com o laboratório foi firmado. O objetivo é identificar se houve outros casos de contaminação que não foram detectados anteriormente.

Comissão de investigação e punição aos responsáveis
A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro declarou que o episódio é sem precedentes na história do programa de transplantes do estado, que desde 2006 já salvou mais de 16 mil vidas. Mesmo assim, uma comissão de sindicância foi criada para apurar os fatos e garantir que os responsáveis sejam punidos. O secretário de estado de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, determinou a abertura de um inquérito para investigar a possível responsabilidade criminal da PCS Laboratórios e de outros envolvidos no processo.

A Delegacia do Consumidor (Decon), que tem como atribuição a apuração de casos de saúde pública, já está realizando diligências e colhendo depoimentos dos envolvidos. A Decon é responsável por investigar irregularidades que afetam diretamente os direitos dos consumidores, como no caso de falhas em serviços de saúde que resultam em prejuízos graves para os pacientes.

Resposta da PCS Laboratórios e medidas futuras
Até o momento, a empresa PCS Laboratórios não se pronunciou publicamente sobre o caso. A reportagem da CBN tentou contato com os representantes da companhia, mas não obteve resposta. É esperado que a empresa se manifeste nos próximos dias para esclarecer as falhas nos testes e como pretende colaborar com a investigação.

Esse incidente levanta preocupações sobre a fiscalização de laboratórios contratados para realizar exames críticos de saúde, como os necessários para transplantes. Especialistas na área de saúde pública defendem que é necessário rever os protocolos de triagem e aumentar a supervisão sobre os laboratórios que realizam exames essenciais para garantir a segurança dos pacientes transplantados.

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