Nesta segunda-feira, a agua baixou nas ruas do condomínio, mas diversas casas seguem alagadas. Morador perdeu dois veículos. Um homem quebrou a perna, após se acidentar em uma das ruas.
Por Fábio Santos e João Souza, TV Globo e g1 BA
Um dia após os registros de alagamento em um condomínio de luxo, em Ilhéus, no sul da Bahia, os moradores conseguiram deixar suas casas e começaram a contar os prejuízos. No entanto, eles seguem ilhados, já que a entrada do empreendimento ainda está completamente alagada.
A médica Neide Pontes, de 59 anos, relata momentos de tensão com a subida da água. Ela conta que precisou mover os móveis e outras estruturas da casa para o pavimento superior para escapar da chuva.
“Felizmente não houveram danos pessoais, mas os danos materiais e emocionais foram terríveis. Nossa garagem foi invadida e o volume de água estava aumentando muito, colocamos o automóvel em um local mais alto. Às 5h colocamos a maioria das coisas no pavimento superior e conseguimos salvar. É devastador, assustador, a gente temia muito que a água entrasse em casa”, contou.
Moradora de Itabuna desde a infância, Neide diz que as chuvas deste ano causaram mais estragados do que a enchente de 1967, que era considerada a maior da história da cidade. “Eu sou moradora de Itabuna e nunca tinha visto uma situação dramática como essa. A água chega muito rápido e não tem muito tempo para fazer nada. Eu era criança em 1967, mas pelo volume de água e pelo número de moradores, já que a cidade cresceu muito, a dimensão desta chuva é bem pior.”, disse.
Na casa da médica, a garagem continua cheia de água. A energia elétrica foi desligada por questões de segurança. Ela conta que a maior necessidade no momento é do abastecimento de água.
“Vamos continuar aqui. Felizmente temos alimentos em casa. Estamos precisando de água para beber. Já avisamos para a Defesa Civil e eles farão esse abastecimento. Estamos esperando a volta da energia para usar uma bomba para tirar essa água represada”, contou.
Neide conta que, nesta segunda-feira (27), um vizinho se acidentou ao cair em uma das ruas. “Nosso vizinho fraturou a perna porque as ruas ficam escorregadias. Ele teve fratura, mas foi transferido”.
Outros moradores registraram prejuízos causados pela chuva. Um morador perdeu dois veículos. Em outras áreas era possível ver o rastro de destruição causado pela chuva. Até mesmo um peixe foi encontrado em uma das áreas comuns do condomínio.
Voluntários fazem resgate de moradores com moto aquática
De acordo com o site do empreendimento, o condomínio tem uma área total de 378.000 m², com 510 lotes a partir de 405 m², além de uma área verde de 73.000 m².
Os moradores foram resgatados por helicópteros da Polícia Militar. Um vídeo mostra o momento em que uma família é retirada de uma das casas por policiais.
Um dos moradores que ficaram ilhados no condomínio foi o casal Fábio Corniani e Vivian Corneti e o filho deles, Matteo, de 1 ano.
“Faz dois anos que eu moro aqui e foi muita surpresa. O rio é muito mais baixo, subiu absurdamente, subiu muito rápido, pegou todo mundo de surpresa”, disse Fábio Corniani.
Em um grupo feito em um aplicativo de mensagens, os moradores se comunicaram na tentativa de poderem se ajudar.
“A situação está bem crítica, tem muitas casas que estão com a água dentro, gente doente, idosos, pessoas precisando de fralda, de leite, água, que está acabando”, afirmou Fábio.
Ilhéus é uma das cidades que estão na lista dos 72 municípios baianos em situação de emergência. O governador da Bahia, Rui Costa, informou que vai coordenar as ações de apoio às vítimas das chuvas no local.
O governador afirmou que “a prioridade neste momento é resgatar e acolher pessoas, retirá-las das áreas de risco, apoiar essas famílias garantindo a elas dignidade, mesmo que seja em um alojamento provisório. Mas o importante é preservar a vida das pessoas”.
Fonte: G1