CPI apura se plano de saúde ocultou mortes de pacientes em estudo para aplicação de remédios ineficazes contra Covid. Médicos da Prevent fizeram dossiê com denúncias de irregularidade.
Em depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira (22), o diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, negou que o plano de saúde tenha omitido dados sobre mortes de pacientes infectados com a Covid durante a realização de um estudo no qual foram aplicados medicamentos ineficazes para a doença.
O diretor afirmou ainda que dois ex-funcionários “manipularam dados de uma planilha interna” para “tentar comprometer a operadora”.
A comissão recebeu um dossiê com uma série de denúncias de irregularidades, elaborado por médicos e ex-médicos da Prevent.
O documento informa que a disseminação da cloroquina e outras medicações ineficazes contra a Covid foi resultado de um acordo entre o governo Jair Bolsonaro e a Prevent.
Reportagem da GloboNews teve acesso à planilha com os nomes e as informações de saúde de todos os participantes do estudo. Nove deles morreram durante a pesquisa, mas os autores só mencionaram duas mortes. O estudo foi exaltado por Bolsonaro.
Aos senadores, o diretor da Prevent Senior afirmou que os ex-funcionários “invadiram o sistema” e “adulteraram a planilha” de óbitos.
“Esses profissionais, já desligados, passaram a acessar e a editar o referido arquivo culminando no compartilhamento da planilha com a advogada Bruna Morato em 28 de agosto”, afirmou Batista à CPI.
“Esse documento faz a descrição do acompanhamento médico de 636 pacientes no período de 26 de março 2020 a 4 de abril 2020. Foram somente 2 óbitos. Mesmo assim, o noticiário tirou totalmente de contexto esse documento e colocou mortes que ocorrem após o dia 4 como se tivesse ocorrido entre o período de 26 a 4. Como os senhores podem perceber, todos os óbitos ocorreram após o dia 4, e por isso não estavam no relatório, portanto não há qualquer omissão”, afirmou.
Pedro Benedito disse ainda que uma das pacientes contabilizadas como morta está, na realidade, viva, e fez uma consulta recente com o plano de saúde. Ele não apresentou provas.
O diretor também alegou que os acusadores nunca levaram as informações à Justiça e agiram para ferir a imagem da empresa por meio de denúncias anônimas. “E, posteriormente, tentaram contato com nosso jurídico para firmar acordos”, disse.
Fonte: G1