Documentos indicam que Mauro Cid tentou vender Rolex dado a Bolsonaro por R$ 300 mil

E-mails revelam negociação do ex-ajudante de ordens com interlocutora desconhecida

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A Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPMI) do 8 de janeiro revelou e-mails intrigantes envolvendo o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que sugerem uma tentativa de venda de um relógio Rolex recebido em uma viagem oficial. A investigação vem lançando luz sobre o caso, levantando questões sobre as joias do ex-presidente e as atividades financeiras suspeitas de Cid.

No e-mail em posse da comissão, datado de 6 de junho de 2022, uma interlocutora desconhecida aborda Mauro Cid, agradecendo o interesse em vender o Rolex. A pessoa menciona a dificuldade de contato telefônico e indaga sobre o preço pretendido para o relógio, considerando a desvalorização do mercado para peças cravejadas de platina e diamante.

A resposta de Mauro Cid revelou que ele não possuía o certificado original do Rolex, justificando que a peça fora um presente recebido durante uma viagem oficial. O ex-ajudante de ordens manifestou a intenção de vender o relógio por US$ 60 mil, o equivalente a cerca de R$ 300 mil na cotação atual.

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A situação das joias do ex-presidente Jair Bolsonaro também se tornou parte do enredo. Em outubro de 2019, durante uma visita à Arábia Saudita, Bolsonaro recebeu um conjunto de joias, incluindo o mencionado Rolex, do rei Salman bin Abdulaziz Al Saud. Esse conjunto de joias foi devolvido em abril deste ano após uma investigação da Polícia Federal, que também apurava outro conjunto avaliado em R$ 5 milhões retido pela Receita Federal.

Mauro Cid, como ajudante de ordens, tentou recuperar o conjunto de joias retido pela Receita Federal antes do término do mandato de Bolsonaro. A defesa de Cid, porém, afirma não ter acesso aos e-mails em posse da CPMI do 8 de janeiro, o que pode gerar novas indagações sobre o caso.

Em busca de aprofundar as investigações sobre os atos do 8 de janeiro, a comissão parlamentar de inquérito solicitou à Presidência os e-mails enviados e recebidos por funcionários da Ajudância de Ordens durante a gestão de Bolsonaro. Essa medida visa lançar mais luz sobre o contexto e as circunstâncias dos acontecimentos.

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Além das questões relacionadas às joias, Mauro Cid enfrenta sérias acusações. Ele encontra-se detido desde maio e é objeto de uma investigação da Polícia Federal por seu suposto envolvimento em um esquema de fraudes no cartão de vacina e por suas conversas com teor golpista.

A CPMI do 8 de janeiro também está debruçada sobre as transações financeiras de Cid, uma vez que um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelou movimentações financeiras no valor de R$ 3,2 milhões em seis meses. Essa quantia é incompatível com o patrimônio conhecido do militar, cujo salário como oficial do Exército é de R$ 26 mil por mês.

As investigações continuam, e os documentos encontrados sugerem que os detalhes ocultos estão apenas começando a vir à tona. A CPMI busca esclarecer as circunstâncias que envolvem a tentativa de venda do Rolex dado a Bolsonaro e investigar as atividades financeiras suspeitas do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

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