“A primeira resposta é essa daí, tá certo?”, respondeu Jair Bolsonaro a um questionamento feito por Dom Phillips sobre o aumento do desmatamento na Amazônia
Jair Bolsonaro, que nesta terça-feira (7) desdenhou do desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira na região do Vale do Javari, na Amazônia, respondeu de forma agressiva a questionamento feito pelo mesmo profissional de imprensa em 2019.
“Primeiro você tem que entender que a Amazônia é do Brasil, não é de vocês. A primeira resposta é essa daí, tá certo?”, disse Bolsonaro em resposta a um questionamento feito por Phillips sobre o desmatamento na Amazônia.
A resposta fez com que o jornalista britânico virasse alvo de ataques feitos por seguidores de Bolsonaro e militantes da extrema direita após o vídeo do ocorrido viralizar nas redes sociais.
“Ele ficou muito abalado com esse vídeo. Ele sentiu que isso colocava um alvo em suas costas e dificultava seu trabalho. Ele foi reconhecido em toda a Amazônia e em seu cotidiano por todos os tipos de pessoas como ‘o jornalista que levou um esporro do Bolsonaro’”, disse o jornalista Andrew Fishman, amigo de Phillips, ao jornal Folha de S. Paulo.
Nesta terça-feira, Jair Bolsonaro afirmou que Phillips e Araújo embarcaram “em uma aventura não recomendável onde tudo pode acontecer”. “O que nós sabemos até o momento? Que no meio do caminho teriam se encontrado com duas pessoas, que já estão detidas pela Polícia Federal, estão sendo investigadas. E, realmente, duas pessoas apenas num barco, numa região daquela, completamente selvagem, é uma aventura que não é recomendável que se faça. Tudo pode acontecer. Pode ser um acidente, pode ser que eles tenham sido executados. Tudo pode acontecer. A gente espera e pede a Deus para que sejam encontrados brevemente. As Forças Armadas estão trabalhando com muito afinco na região”, disse.
A União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que tinha Bruno Pereira como colaborador, ressalta que o indigenista vinha sendo ameaçado de morte por madeireiros, garimpeiros e pescadores ilegais que atuam na região. A ONG também criticou a falta de organização em torno das buscas pelos desaparecidos e a omissão das autoridades em implantar uma força-tarefa para investigar o caso.