Uma nova exposição do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), no Rio de Janeiro, busca recontar a história do desenvolvimento científico e tecnológico do país a partir de objetos. A iniciativa foi viabilizada com o apoio de diversas instituições que cederam algumas peças, entre elas o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas a exposição conta também com artefatos que integram o acervo do próprio MAST. Estão reunidos cerca de 100 objetos que se destacaram na época em que foram produzidos ou ao longo das suas trajetórias.
Aberta ao público no dia 14 de agosto, a exposição ficará mais de um ano em cartaz e receberá visitas até setembro de 2024. A entrada é franca. Visitas mediadas podem ser agendadas por escolas. De acordo com o diretor do MAST, Marcio Rangel, a exposição havia sido idealizada no ano passado para celebrar o bicentenário da Independência do Brasil na perspectiva do desenvolvimento científico.
“Nós pensamos em demonstrar para a sociedade o papel da ciência brasileira no processo de formação e consolidação da nação. Mostrar seu papel na demarcação das fronteiras, na construção de linhas férreas, na construção de açudes, na estruturação das cidades e em um conjunto de outros processos que foram estratégicos para que nós chegássemos ao formato atual de Brasil, não só do ponto de vista territorial, mas também de outros pontos de vista”, explica.
Segundo Rangel, o título da exposição sintetiza a proposta: 200 anos de ciência e tecnologia no Brasil: um olhar a partir dos artefatos. No entanto, faltou apoio para tirar o projeto do papel em 2022. Os organizadores já haviam desistido de levá-lo adiante quando a situação mudou no início deste ano: houve um aceno positivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e as parcerias começaram a ser articuladas.
Entre os destaques da exposição, estão duas amostras que comprovam a existência de petróleo em solo brasileiro: são os óleos de Lobato, extraídos na cidade de Lobato (BA) em 1939. Também há uma luneta que foi utilizada na expedição científica que demarcou o Planalto Central ainda no século 19, trabalho que posteriormente, na década de 1960, viabilizou a implantação de Brasília.
Marcio Rangel destaca ainda um instrumento feito a pedido do imperador Dom Pedro II e que foi levado para a exposição Universal de Paris de 1889.
“Ele queria demonstrar que o Brasil não era um país somente agrário. Ele queria demonstrar que o Brasil era um país que também produzia ciência e esse objeto foi premiado. Hoje ele faz parte da coleção
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geológica do MAST”.
A exposição está dividida em duas. Começa abordando o primeiro centenário da Independência do Brasil, entre 1822 e 1922. Na segunda parte, em que os objetos são referentes ao segundo centenário (entre 1922 e 2022), ganha destaque o trabalho das universidades, que são atualmente as maiores responsáveis pelos pedidos de depósito de patentes no país.
“Nós desenvolvemos aqui um projeto chamado Valorização do Patrimônio Científico e Tecnológico Brasileiro. Fizemos parcerias com várias universidades brasileiras para fazer um levantamento daquilo que nós poderíamos identificar como patrimônio”, conta Rangel. Segundo ele, um dos espaços da exposição foi formatado levando em conta os resultados desse projeto.
“Temos um conjunto de objetos muito interessantes do Parque Tecnológico da Universidade Federal de Juiz de Fora. Nós temos ali uma produção totalmente nacional que vendeu vários instrumentos e equipamentos para laboratórios brasileiros. E temos também objetos da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O que a gente mostra na exposição é o papel que as universidades desempenham no Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, aonde hoje parte significativa da pesquisa no Brasil está depositada”, acrescenta o diretor do MAST.
Ainda nessa segunda parte da exposição, há uma sala intitulada Biblioteca dos Objetos. Nesse espaço, chama a atenção
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o papel dos institutos de pesquisa do próprio MCTI, que desenvolvem ações específicas e estratégicas para a política pública de ciência e tecnologia no Brasil. “São pouco conhecidos da sociedade brasileira. Nós selecionamos dez
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objetos que ficam nessa biblioteca. Ela fica em penumbra e aí cada objeto narra a sua experiência em um projeto, em uma pesquisa no instituto ao qual esteja vinculado”.
O percurso do visitante se encerra em uma sala que oferece uma reflexão sobre a influência do conhecimento tradicional na ciência brasileira. A exposição ressalta que o conhecimento científico produzido no país dialogou com saberes de origem indígena e africana.