Guarda Civil Metropolitana é investigada por cobrança ilegal de taxas de proteção a comerciantes na região da Cracolândia, em São Paulo.
A reportagem exclusiva do Jornal da Band revela áudios comprometedores com mensagens de um guarda-civil da tropa de elite da GCM direcionadas a um comerciante. As gravações evidenciam a prática de cobranças ilegais em troca de proteção.
Prática criminosa e ameaçadora
Nos áudios, o guarda-civil Elisson Assis afirma: “Nós somos uma família. Se alguém mexer comigo, no mínimo 18 viaturas ‘cola’. Nós somos a Rota da GCM, irmão”. A mensagem revela a intimidação utilizada para forçar o pagamento da taxa de proteção.
Um comerciante, temendo represálias, disse à Band: “Eu preciso trabalhar, eu preciso ter minha porta aberta. O medo é muito grande”.
Cracolândia: uma região de contraste
A região da Cracolândia, no centro de São Paulo, é marcada por contrastes. Por um lado, existem os prédios históricos, o turismo e o comércio popular. Por outro lado, a região sofre com os problemas decorrentes do consumo de drogas, como o tráfico e a criminalidade.
A responsabilidade de combater o crime no centro da cidade é da Guarda Civil Metropolitana, que tem como destaque a Inspetoria de Operações Especiais (Iope), considerada a “tropa de elite” da GCM.
Milícia urbana
José Vicente da Silva, ex-secretário nacional de Segurança Pública, faz uma analogia preocupante: “É um comportamento muito parecido com as milícias que nós temos no Rio de Janeiro. Eles atuam comercializando a segurança para as pessoas, como faz a máfia nos Estados Unidos, oferecendo proteção principalmente aos comerciantes”.
Elisson de Assis, guarda-civil metropolitano da Iope, é apontado como o líder do esquema de cobrança de segurança dos comerciantes no centro de São Paulo. Ele usa seu poder para exigir pagamentos de taxas que supostamente protegeriam os estabelecimentos. Aqueles que se recusam a pagar são vítimas de vandalismo e intimidação.
O valor das taxas e a pressão sobre os comerciantes
Os valores das taxas de proteção variam. Prédios e condomínios chegam a pagar até R$ 3 mil mensais, enquanto as lojas são cobradas entre R$ 200 e R$ 500 por mês, divididos em pagamentos semanais. Aqueles que não pagam sofrem as consequências, como ameaças e ataques.
Para pressionar os comerciantes, uma “lista de colaboradores de boa fé” é circulada, indicando quem pagou e quem não pagou a taxa de proteção.
Responsabilidade das autoridades
A Prefeitura de São Paulo se manifestou por meio de nota, informando que realiza auditorias permanentes em todas as áreas da administração pública e que condutas irregulares devem ser investigadas pelo Ministério Público.
A íntegra da reportagem sobre a corrupção na Guarda Civil Metropolitana, com a cobrança de taxas de proteção na região da Cracolândia, será exibida no Jornal da Band às 19h20 desta segunda-feira (5).