O Dia Mundial do Mágico, comemorado de 1888 que, segundo a história, também era mágico, e foi escolhido como padroeiro desses profissionais. João Melchior Bosco, nome de nascimento do santo, trabalhou com mágica durante a adolescência a fim de ganhar dinheiro para ajudar na renda familiar.
Nos últimos dois anos, em função da pandemia de covid-19, as associações de mágicos e ilusionistas têm se ressentido das apresentações e reuniões presenciais entre seus membros. O diretor social do Círculo Brasileiro de Ilusionismo (CBI), Igor Millordi, disse que os mágicos da entidade estão “segurando” encontros presenciais e confraternizações por causa da pandemia, adotando reuniões online.
O presidente do CBI, Henri Sardou, afirmou que a expectativa é retornar às atividades presenciais ao longo deste ano. Para isso, precisam encontrar nova sede que abrigue também a biblioteca de livros raros da entidade. “A gente está em busca de uma sede para colocar esses livros à disposição, tanto dos mágicos quanto dos leigos que querem aprender mágica”. O CBI é uma das mais antigas associações de mágicos do país, fundada em 1952. “A pandemia foi muito ruim para os mágicos, tanto na parte comercial, porque os shows praticamente zeraram, quanto na das associações de mágicos, que perderam a periodicidade de encontros”.
AMI
O presidente da Academia Mineira de Ilusionismo (AMI), Hildon Dias, reforçou que a pandemia afetou fortemente a categoria porque, apesar de os mágicos serem peças fundamentais em uma festa ou espetáculo, são considerados supérfluos. “E quando se está com o orçamento apertado, a primeira coisa que se dispensa é o entretenimento mágico”. Para Dias, “a pandemia estragou tudo, porque acabou com os espetáculos, com as festinhas”.
Atualmente, apesar da variante Ômicron da covid-19, o presidente da AMI considera que as coisas já melhoraram. Voltaram as festas, com a adoção de todos os cuidados sanitários, inclusive nos teatros. Mas, no ápice da crise, muitos mágicos chegaram a passar necessidade 40 mágicos filiados.
Nuamac
Alexandre Yoshida é presidente do Núcleo de Amigos Mágicos do Ceará (Nuamac) pelo segundo mandato. Ele disse que a profissão de mágico evoluiu muito no Brasil, principalmente com a chegada da internet, que facilitou a questão de contatos e de comunicação entre os mágicos brasileiros e estrangeiros. Yoshida afirmou que, no Brasil, os mágicos não são muito unidos, ao contrário do que acontece na Argentina ou na Espanha, por exemplo. “Esse individualismo impede que as coisas avancem com mais rapidez e força”, observou. Ele atribui isso também ao fator cultural.
Alexandre Yoshida concorda que a pandemia afetou muito a categoria, porque o setor de eventos foi o primeiro prejudicado e é o último que está voltando a funcionar. Por causa do avanço da variante Ômicron, a comemoração pelo Dia Mundial do Mágico foi transferida 6 de março, “se não houver novo decreto” que suspenda atividades presenciais. O Nuamac tem 19 anos de existência. É uma das associações mais ativas do Brasil. Entre mágicos profissionais e amadores, são 20 membros.
Flasoma
O congresso da Federação Latino-Americana de Sociedades Mágicas (Flasoma), que antes ocorria de dois em dois anos e Yoshida.
Crianças
Para Rodrigo Lima, ser mágico para uma plateia de crianças ”é incrível, porque a energia delas, na maioria das vezes, retroalimenta. É tão bacana a energia das crianças e seus sorrisos, que a gente sai contagiado”. Formado como analista de sistemas, Lima manteve, no início, os dois nichos de mercado. Aos 30 anos de idade, porém, descobriu que o que ele fazia por amor era a mágica.
Quem quer ser mágico deve gostar de interagir com o público e não para contratar sua apresentação”.
Rodrigo Lima admitiu que a covid deu uma “rasteira” nos profissionais que trabalham com festas mas, em contrapartida, abriu novos caminhos. “Fui um pioneiro em fazer eventos digitais pela plataforma Zoom fora de Pernambuco, em outros estados e outros países, como a Austrália”. Recomendou aos profissionais do setor que é preciso ficar atento e se adaptar ao mercado. “Você tem duas opções: ou sentar e chorar ou ver como consegue conexão com o cliente de forma online. Para mim, deu super certo”.
Referência
Presidente da Sociedade Mágica do Brasil (Sombra), Kellys disse que existe associação de mágicos em quase todas as capitais do país, cada uma com média de 15 integrantes, no mínimo. De acordo com Kellys, na Europa e nos Estados Unidos, a mágica só perde para a caça e pesca como hobby e, muitas vezes, é indicada no combate à depressão. “Creio que seja pela interação com quem assiste e pelo envolvimento com as pessoas”.
Informou que, no Brasil, os cursos de mágica são, de maneira geral, divididos em blocos, etapas ou módulos, na maior parte ministrados por mágicos que estão pensando em se aposentar, por entidades de mágicos ou lojas que trabalham com equipamentos para a classe. A arte de iludir já foi chamada de escapismo e cria ilusões que surpreendem, escapam à lógica e enganam os nossos sentidos, em geral a nossa visão. Por isso se diz que as mãos de um mágico devem ser mais rápidas que os olhos de quem está assistindo seu número.
Famosos
O mais famoso profissional da arte de iludir de todos os tempos foi Harry Houdini. Seu nome ainda é sinônimo de mágica. Começou a fazer truques com cartas de baralho e se apresentava em parques de diversão, nos Estados Unidos, no fim do século 19.
Já o pai da mágica no Brasil é João Peixoto dos Santos, natural da cidade de Formiga (MG), onde nasceu em maio de 1879. Aprendeu a fazer mágica com estrangeiros que vinham ao Brasil e, aos 19 anos, foi estudar em Paris para se aperfeiçoar. Peixoto instalou a primeira loja de mágicas do Brasil: “A Casa das Mágicas”, em 1910. São de sua autoria três livros considerados referência do profissional de