‘Não fiz nenhum mal’, diz morador de rua agredido por personal que flagrou sexo com mulher, no DF

Givaldo Alves, de 48 anos, contou sua versão para o caso e negou ter cometido estupro, como alegado pelo agressor. “Quero namorar você”, ela teria dito depois de lhe dar uma Bíblia

RIO — O sem-teto Givaldo Alves, de 48 anos, negou ter estuprado a mulher do personal trainer Eduardo Alves, caso investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal. O morador de rua acabou sendo agredido após o marido flagrar os dois tendo relações sexuais dentro de um carro, no último dia 9 — o episódio foi gravado por câmeras de segurança.

Em entrevista ao Metrópoles, concedida nesta quarta-feira, Alves, que é natural da Bahia e por vezes se mostra confuso e com frases desconexas, contou que, num primeiro momento, achou que o espancamento era uma retaliação por ter sido testemunha de um episódio anterior, quando viu uma mulher sendo arrastada por um homem. Somente depois de dias, quando estava internado num hospital, entendeu o que realmente havia ocorrido, segundo ele.

Polícia investiga o caso para saber se relação do sem-teto com vendedora foi consensual ou se houve abuso, aproveitando de fragilidade psicológica, como acusa o marido, que pode responder pelas agressões. Homem foi atacado quando estava nu e caído no chão.
Polícia investiga o caso para saber se relação do sem-teto com vendedora foi consensual ou se houve abuso, aproveitando de fragilidade psicológica, como acusa o marido, que pode responder pelas agressões. Homem foi atacado quando estava nu e caído no chão.

Ele contou que estava na Rodoviária de Planaltina quando foi chamado insistentemente pela mulher, que lhe deu uma Bíblia e teria dito: “Quero namorar você”. Ele respondeu que não tinha dinheiro para levá-la a um hotel e, então, ela teria sugerido que os dois fossem para seu carro.

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O personal trainer Eduardo Alves e a mulher Foto: Reprodução
O personal trainer Eduardo Alves e a mulher Foto: Reprodução

Ao entrarem no veículo, disse o morador de rua, os dois conversaram e, depois, procuraram uma rua com pouco movimento, onde tiveram relações. Ele disse não ter noção de quanto tempo ficaram no carro.

“Do nada uma mão deu um murro na janela da porta do motorista. O vidro estilhaçou. (…) Abri a porta. Recebi uma sessão de socos tão violenta”.

Alves afirmou também não ser ele no vídeo da agressão. Ele alega que as imagens mostram um carro branco e garantiu que o veículo em que entrou era vermelho. Ele disse, ainda, que se não se arrependeu de ter aceitado o convite da mulher para entrar no automóvel.

“Não posso me arrepender”, frisou.

Givaldo Alves, de 48 anos, nega ter estuprado mulher encontrada com ele Foto: Metrópoles
Givaldo Alves, de 48 anos, nega ter estuprado mulher encontrada com ele Foto: Metrópoles

Sobre a reação de Eduardo, ele disse achar que o personal “fez tudo errado”:

“Do jeito que o cara fez, ele expôs a vida dele e a vida dela. (…) Eu não fiz nenhum mal para ser agredido. (…) Eu acho que esse senhor deveria rezar para Deus e pedir sabedoria para agir num momento de desespero, porque o senhor pôs tudo a perder e se expõe usando mentiras”.

O morador de rua disse ainda sentir dores no corpo e no nariz que, segundo ele, foi bastante lesionado durante o espancamento. Alves disse ainda que pretende retornar para Planaltina — a entrevista foi concedida em outra cidade —, onde costuma frequentar igrejas e é bem acolhido, afirmou. Ele se emocionou ao falar da família.

“Sou a única vítima”, afirmou.

Entenda

O vídeo que mostra as agressões contra Alves viralizou nas redes sociais. Nas imagens, Eduardo Alves é visto se aproximando do carro e, em seguida, agredindo o morador de rua. Segundo o delegado Diogo Cavalcante, responsável pela investigação do caso, há versões conflitantes da história, que ele diz considerar “sensível”. Um dos desafios da polícia é entender se houve abuso por parte do morador de rua ou se a relação sexual foi consensual.

O personal afirmou que a mulher teve um surto e estava delirando. Segundo ele, nesse momento, foi internada e recebe acompanhamento médico, além de não ter acesso a redes sociais e televisão. Ela, portanto, não estaria ciente da repercussão do caso.