Petrópolis: Número de mortes vai a 152; buscas voltam amanhã

Há ainda 165 desaparecidos e quase mil desabrigados.

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Matéria atualizada em 19/02/2022 ás 22h36

As tentativas de encontrar sobreviventes e resgatar corpos de vítimas da chuva em Petrópolis continuam neste sábado (19), apesar de interrupções temporárias devido à chuva.

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Segundo a Defesa Civil, sirenes de alerta foram acionadas e dois avisos já foram enviados por SMS e em grupos de comunicação com as comunidades para informar a formação de núcleos de chuva.

É o quinto dia de buscas ligadas à tragédia, que até o início da tarde deste sábado (19) deixou 152 mortos, 165 desaparecidos e 967 pessoas desabrigadas.

No fim da tarde, o corpo de um homem foi encontrado dentro de um rio da região. Às 16h, mais dois corpos de crianças foram achados no Morro da Oficina. Por volta das 12h30, os corpos de uma grávida e de uma criança de dois anos também tinham sido localizados.

Vítimas da tragédia em Petrópolis — Foto: Reprodução/TV Globo
Vítimas da tragédia em Petrópolis — Foto: Reprodução/TV Globo

As equipes de busca se dividem em três áreas principais — os setores Alfa, Bravo e Charlie, que abrangem regiões como o Morro da Oficina, a Rua Teresa, o Alto da Serra, a Chácara Flora, a Vila FelipeCaxambu e localidades vizinhas. O posto de Comando Central está localizado no 15º Grupamento de Petrópolis.

Uma forte neblina atrapalha as buscas.

Durante a sexta-feira, a população do município temeu que novos deslizamentos pudessem acontecer. Isso porque voltou a chover forte na cidade no início da noite. Sirenes no primeiro distrito foram acionadas, mas por volta das 21h30 a chuva deu uma trégua.

Para este sábado, a previsão é de que chova ao longo dia. O Climatempo tempo prevê que o dia deve ser de sol, com muitas nuvens e com períodos nublados, com chuva a qualquer hora. O volume de precipitação pode chegar a 22 milímetros ao longo do dia.

Perfil das vítimas fatais

O Instituto Médico-Legal (IML) em Petrópolis informou que, dos 139 mortos, 81 são mulheres e 51 homens, sendo 27 menores de idade. Ao todo, 97 corpos foram identificados, e outros 69 liberados. Veja quem são algumas das vítimas já reconhecidas.

O IML recebeu ainda partes de outros três corpos – nesse caso, não é possível identificar se são de homem ou de mulher. Por isso, será preciso fazer a coleta de material genético de parentes para tentar identificar as vítimas.

Até quinta-feira (17), o IML tinha apenas um caminhão frigorífico para armazenar os corpos. Na sexta, o órgão passou a contar com dois caminhões e dois contêineres frigoríficos.

Com o tempo instável em Petrópolis, o coronel Leandro Monteiro, secretário estadual de Defesa Civil e comandante dos bombeiros, explicou que não pode avançar com máquinas pesadas, como tratores, em qualquer lugar.

“Nesses locais onde a população pede o uso de máquinas, nós não podemos entrar com máquinas agora. O Corpo de Bombeiros acredita encontrar pessoas com vida ali”, afirmou Monteiro. “Eu não posso remover o solo da maneira que eles querem”, acrescentou.

Monteiro detalhou o protocolo dos bombeiros: “Temos uma técnica para este tipo de desastre. Primeiro, precisamos de silêncio. É um trabalho manual, chamamos as pessoas pelo nome, depois passamos com os cães treinados para encontrarem pessoas vivas, e depois os bombeiros passam fazendo mais um chamado pelo nome”.

Resgates

Segundo a Secretaria Estadual de Defesa Civil, 24 pessoas foram resgatadas com vida e 967 pessoas foram encaminhadas para os 33 pontos de apoio montados na cidade em igrejas e escolas da rede pública municipal.

Entre os sobreviventes, estão os rodoviários que trabalhavam nos dois ônibus que foram arrastados para dentro do rio Quitandinha conseguiram sair dos veículos com vida.

A informação foi divulgada pelo Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Petrópolis (Setranspetro) nesta quinta-feira (17).

A busca por sobreviventes em meio ao soterramento no Morro da Oficina seguiu intensa ao longo da madrugada e contou com a ajuda de moradores e equipes dos Bombeiros, Exército e Defesa Civil.

Agentes das secretarias de Obras, de Serviço, Segurança e Ordem Pública, Saúde, Educação, além da Comdep e CPTrans também atuavam no atendimento da população e recuperação da cidade.

“Orientamos a população que ao sinal de qualquer instabilidade nas áreas em que residem, que procure o ponto de apoio e nos acionem”, destacou o secretário de Defesa Civil, o tenente-coronel Gil Kempers.

Desaparecidos

O cadastro de pessoas desaparecidas está sendo feito pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio.

Pela Polícia Civil, o cadastro é feito pela Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), que faz contato e atendimento especializado aos que buscam informações de desaparecidos e boletins de ocorrência.

O Ministério Público do Rio também tem um cadastro de desaparecidos.

No MP, as informações sobre desaparecidos são recebidas pelos canais de comunicação do PLID:

  • Telefone: (21) 2262-1049
  • E-mail: atendimento.plid@mprj.mp.br
  • Site: www.mprj.mp.br/todos-projetos/plid

Pontos de apoio

A Prefeitura abriu todos os pontos de apoio para o acolhimento da população de área de risco.

Em geral, essas estruturas funcionam em escolas e neste momento, há atendimentos nas localidades do Centro, São Sebastião, Vila Felipe, Alto Independência, Bingen, Dr. Thouzete e Chácara Flora.

Pontos de Acolhimento

Esses locais recebem doações e abrigam desalojados:

  • Centro de Educação Infantil Chiquinha Rolla
  • Escola Estadual Augusto Meschick
  • Escola Municipal Alto Independência
  • Escola Municipal Ana Mohammad
  • Escola Municipal Doutor Paula Buarque
  • Escola Municipal Doutor Rubens de Castro Bomtempo
  • Escola Municipal Duque de Caxias
  • Escola Municipal Governador Marcello Alencar
  • Escola Municipal Odette Fonseca
  • Escola Municipal Papa João Paulo II
  • Escola Municipal Rosalina Nicolay
  • Escola Municipal Stefan Zweig
  • Escola Paroquial da Igreja Bom Jesus
  • Quadra do Boa Esperança Futebol Clube
  • Paróquia São Paulo Apóstolo no bairro de Copacabana

Homem faz busca em escombros no Morro da Oficina, em Petrópolis — Foto: Reprodução/ TV Globo
Homem faz busca em escombros no Morro da Oficina, em Petrópolis — Foto: Reprodução/ TV Globo

Moradores recolhem o que conseguem levar de casas destruídas no Morro da Oficina, em Petrópólis — Foto: Marcos Serra Lima/g1
Moradores recolhem o que conseguem levar de casas destruídas no Morro da Oficina, em Petrópólis — Foto: Marcos Serra Lima/g1

Tempo nublado no início da tarde desta quinta-feira (17) em Petrópolis, na Região Serrana do Rio — Foto: Marcos Serra Lima/g1
Tempo nublado no início da tarde desta quinta-feira (17) em Petrópolis, na Região Serrana do Rio — Foto: Marcos Serra Lima/g1

Funcionários trabalham na retirada de lama e escombros das principais ruas de Petrópolis. — Foto: Marcos Serra Lima/g1
Funcionários trabalham na retirada de lama e escombros das principais ruas de Petrópolis. — Foto: Marcos Serra Lima/g1